terça-feira, 14 de janeiro de 2020

DEMOCRACIA EM VERTIGEM E O MAL-ESTAR DE SEUS OPONENTES

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"Já o MBL, Movimento Brasil Livre, de inspiração direta na direita mais feroz dos Estados Unidos – inspiração e sabe-se lá que mais: afinal, quem financiou e financia essa rapaziada? –, reagiu de maneira risível: além de criticar a escolha, lembrou que o próprio grupo fez um documentário – ‘Não vai ter golpe’ – sobre o golpe. Faltou reclamar por ter ficado de fora da disputa pelo Oscar."
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.Ao longo do ano, o documentário foi indicado ao prêmio Cinema Mundial, do Festival de Sundance (fevereiro), CPH:DOX (abril) e Tim Hetherington, no Sheffield International Documentary Festival (junho). Setores da chamada crítica especializada, desprezando a proposta da diretora Petra Costa e o 'crime em si' perpetrado contra a Democracia, fizeram (Aqui) certos reparos ao trabalho. Mas o documentário é verdadeiramente um notável  retrato do processo surreal que culminou no impeachment de Dilma Rousseff. - (Aqui).
.A 92ª cerimônia de entrega dos Academy Awards acontecerá no dia 9 de fevereiro, no teatro Dolby, Los Angeles, Califórnia. (Post "Democracia em Vertigem é indicado ao Oscar de melhor documentário", deste Blog, de 13.01 - Aqui).


Petra Costa e a guerra do Roberto que se diz Alvim

Por Eric Nepomuceno

Ao incluir ‘Democracia em Vertigem’, de Petra Costa, na sua seleção de melhores filmes de 2019, o ‘The New York Times’ disse que ‘este documentário angustiante é o filme mais assustador do ano’.
Pois o trabalho da jovem cineasta mineira foi, como era previsível, escolhido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas norte-americana para disputar o Oscar de melhor documentário. 
E pela reação à notícia tanto do PSDB, que mais que cúmplice foi o impulsionador – e principal fiador – do golpe que acabou resultando em Bolsonaro, como de diferentes grupos surgidos quando os grandes meios hegemônicos de comunicação e os donos do dinheiro se apoderaram das incipientes manifestações populares de 2013, o ‘assustador’ do jornal foi exato e preciso.
Aquele PSDB de Mario Covas, Franco Montoro e Sergio Motta começou a desmilinguir no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (ironias da vida: ele foi um dos fundadores do partido) para acabar nas mãos de João Doria. Que reaja como reagiu à notícia não faz mais que reiterar a degradação do partido – e não apenas política, mas também em termos éticos e morais. Desde o golpe retratado pelo documentário de Petra Costa, o PSDB não faz outra coisa além de afundar mais e mais no lodo que escolheu.
Já o MBL, Movimento Brasil Livre, de inspiração direta na direita mais feroz dos Estados Unidos – inspiração e sabe-se lá que mais: afinal, quem financiou e financia essa rapaziada? –, reagiu de maneira risível: além de criticar a escolha, lembrou que o próprio grupo fez um documentário – ‘Não vai ter golpe’ – sobre o golpe. Faltou reclamar por ter ficado de fora da disputa pelo Oscar.
A reação mais esclarecedora, porém, veio de Roberto Rego Pinheiro, o secretário Especial de Cultura do governo de Jair Messias que se faz chamar de ‘Roberto Alvim’.
Falando à coluna da jornalista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, Rego Pinheiro foi sucinto: ‘Se fosse na categoria ficção, estaria correta a indicação’.
Bem: até aí, nada de mais, a não ser a falta de imaginação dessa cambada empoleirada no poder: é a mesma coisa que disseram os garotos do MBL e a turma que controla o que resta do PSDB.
Esclarecedora foi a frase que Rego Pinheiro disparou em seguida: ‘Isso só mostra como a guerra cultural está sendo travada não só aqui, mas em âmbito internacional’.

Se o ‘só-só’ deixa clara sua relação desleixada com o idioma (conhecerá esse cavalheiro palavras como ‘apenas’ e ‘somente’?), o que ele quis disse reitera e reforça sua mais evidente obsessão: a ‘guerra cultural’ que, pelo que se constatou agora, acredita ir além das nossas fronteiras e alcançar ‘âmbito internacional’. 
Se aqui dentro esse sacripanta está decidido a levar até as últimas consequências a guerra contra as artes, a cultura, o patrimônio e a memória, o que ele poderá fazer lá fora? 
Ou, mais especificamente, o que ele pretenderá fazer com a Academia norte-americana?
Seria conveniente e oportuno alguém fazer chegar a Rego Pinheiro que ele não tem como indicar uma Leticia Dornelles, a da Casa de Rui Barbosa, e muito menos alguém do quilate de Rafael Alves da Silva – o da Biblioteca Nacional – ou de Dante Mantovani, da FUNARTE, para presidir a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas norte-americana.
Portanto, a única saída para ele é continuar sua guerra por aqui mesmo.
Uma guerra, aliás, em que está indo bem: depois de nomear aberrações para a Biblioteca, a FUNARTE e a Casa de Rui, acaba de encontrar a pessoa certa para detonar o IPHAN. 
Jair Messias e o astrólogo demencial devem estar orgulhosos de seu pupilo. Afinal, além de tão ressentido como os dois, na guerra contra a cultura Roberto Rego Pinheiro, o que insiste em querer ser Alvim, é de uma violência e de uma eficácia que honra em tudo o ódio visceral que todos eles destinam a qualquer forma de pensamento. 
Fique por aqui, porque só num governo como o de Jair Messias você e seus esforços serão reconhecidos.  -  (Fonte: Jornalistas pela Democracia / Brasill 247 - Aqui).

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