quinta-feira, 16 de junho de 2016

O INTERMINÁVEL JOGO EM QUE AFOGARAM O BRASIL


A lei do linchamento tomou as rédeas e hoje governa o Brasil

Por Fernando Brito

Quando a Justiça transforma-se  um processo de ódio, começa a mover-se com uma estranha lógica: a do massacre, do linchamento.
O objetivo é destruir: este, aquele, mais aquele outro.
Para isso, claro, é necessário o apoio da turba e faz-se da mídia os “agitadores” que insuflam o “mata e esfola”.
Este processo começou lá em Curitiba, tendo Lula como alvo e, mesmo não tendo encontrado nada de maior importância, algo vai se usar para tentar prendê-lo, nem que seja o ridículo transporte e guarda de uma dezena de caixas de material, que teriam sido pagas por uma empreiteira, como assinala hoje, em sua coluna, Elio Gaspari.
É óbvio a qualquer pessoa de bom-senso que trata isso como um caso de “corrupção presidencial” ultrapassa qualquer limite de razoabilidade.
Mas não estamos assim, razoáveis.
Vivemos há dois anos um clima de histeria e uma das caraterísticas da histeria é que ela é incapaz de limitar-se, mesmo que alguns o desejassem.
Eduardo Cunha, precioso instrumento do afastamento de Dilma, incensado em suas  pautas-bomba e protegido escandalosamente – inclusive pelo STF – enquanto realizava o serviço sujo de aprovar a abertura do processo de impeachment, tem todas as razões do mundo para não se ver apenas como um ladrão pego em suas roubalheiras.
Não é um caso de “perdeu”.
Cunha é o “traído” e, pior, vê desabar sobre sua família – estes caras roubam em família – o peso de uma humilhação pública, que já chegou ao bloqueio de bens e dificilmente deixará de exibir as cenas de D. Cláudia Cruz sendo conduzida ao xilindró.
Até onde irá chegar nas suas revelações, já que percebe que não terá nenhum tipo de clemência, quando outros 60 ladrões já conseguiram a liberdade delatando?
Mas há outra frente de conflitos, o Senado, onde a decisão do STF deixou exposto o procurador Rodrigo Janot, porque não é pouca coisa, em qualquer parte do mundo, um procurador geral da República pedir a prisão do presidente do Senado e vê-la negada. É óbvio que a guerra entre Renan e Janot vai se acirrar e tem limites imponderáveis.
Renan se tornou o líder natural de todos os envolvidos na Lava Jato, pois mostrou que tem força para fazer o que, até agora, ninguém logrou: parar, ao menos provisoriamente, o Ministério Público. Como disse Jucá na gravação de Sérgio Machado, “estancou esta sangria”, ainda que talvez temporariamente.
Renan tem condições de reação que faltam a Cunha. E a maior delas é não deixar que a votação do processo do impeachment seja atropelada, como deseja Temer. Enquanto Temer for interino e dependente da decisão do Senado, não poderá ter autoridade.
É a este jogo de chantagens e imundícies que procuram chamar de “livre funcionamento das instituições” e “moralização do Brasil”. (Fonte: aqui).
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Em qualquer país não merecedor do epiteto "república de bananas", os pretensos ficcionistas que situassem seus enredos em cenário semelhante ao observado no Brasil dos últimos tempos seriam sumariamente escorraçados por apelarem para um artifício conhecido por 'forçação de barra'. É o surrealismo levado aos píncaros do absurdo!

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