quarta-feira, 8 de junho de 2016

A RESPOSTA DE SONIA BRAGA A CALERO


"Aula de História para o senhor Marcelo Calero, 33 anos de idade.
Eu, só de profissão, tenho 50.
Na época da Abertura, os artistas não tinham sequer uma lei que regulasse a profissão. Essa lei foi promulgada em 1978, depois de muita luta, da qual tive a honra de participar.
Naquela época, acredito, o senhor Marcelo ainda não havia nascido. Por isso, não deve ainda ter tido tempo de aprender sobre os nossos problemas e os nossos direitos.
E pouco se importou, ou não notou, que uma atriz brasileira era campeã de bilheteria do cinema brasileiro e sustentou este título por 30 anos - também ganhando, com filmes brasileiros, além de projeção internacional, muitos prêmios no exterior, promovendo assim o nome de Brasil e de nossa cultura.
Como pode um Ministro dizer que um ato democrático como o nosso é a representação de um País inteiro?
Isso é desconhecimento do que significa plena democracia. Se estivéssemos falando em nome de todos não precisaríamos, evidentemente, fazer o ato.
Uma coisa é certa: estamos juntos.
O Ministro da Cultura ofendendo artistas é inadmissível. O senhor está nesse cargo para dialogar, para nos ajudar, para fazer a ponte com quem nos explora.
A propósito, as críticas para Aquarius foram fabulosas. Quatro estrelas em jornais franceses, italianos, poloneses, russos e três citações no The New York Times. Ponto grande para a imagem da cultura brasileira no exterior.
Senhor Ministro, não podemos perder as nossas conquistas. Sobretudo a mais importante delas, o respeito."



(Da atriz Sonia Braga, estrela de 'Aquarius', a propósito de críticas dirigidas ao elenco do citado filme, que, em Cannes, denunciou o golpe em curso no Brasil, críticas assim relatadas pela Folha:
Da Folha de São Paulo
O ministro da Cultura no governo Michel Temer (PMDB), Marcelo Calero, classificou como "quase infantil" e "até um pouco totalitário" um protesto feito pela equipe do filme brasileiro "Aquarius" contra o presidente interino, no Festival de Cannes, em maio.
Na sessão de gala do longa na mostra, o diretor Kleber Mendonça Filho, os atores Sonia Braga, Humberto Carrão e Maeve Jinkings, entre outros envolvidos na produção, levantaram cartazes que acusavam de golpe o processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Em entrevista ao programa "Preto no Branco" (Canal Brasil), exibida neste domingo (5), Calero disse que o ato pode ter prejudicado a imagem do país internacionalmente.
"Eu acho muito ruim. Como qualquer manifestação, tem que ser respeitada, isso está fora de questionamento. Agora, acho ruim, em nome de um posicionamento político pessoal, causar prejuízos à reputação e à imagem do Brasil", afirmou. (...).
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Clique AQUI para ler, também, avaliação sobre o perfil de Calero.

Os doutos senhores do golpe dentro em pouco alegarão que o New York Times, por estar tendo a ousadia de denunciar seguidamente o golpe em curso no Brasil - até mesmo via editorial -, não passa de um jornaleco bolivariano especializado em denúncias vazias. Mas nada, absolutamente nada, pode ser comparado ao ataque ao 'golpe suave' contra a democracia brasileira, conforme denunciou o papa Francisco, cuja crítica foi constrangedoramente ignorada pela mídia brasileira, capitaneada pela Agência Institucional Global de Propaganda).

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