quinta-feira, 25 de maio de 2017

RESISTÊNCIA: QUANDO CUNHA PERDEU


Terça-feira li artigo em que o autor, Diogo Costa, alinha atos praticados por Eduardo Cunha nos últimos tempos - a partir de 2014, ano da eclosão da Lava Jato - para, na parte final do post, sustentar que "Temer é pior que Cunha e destruirá o país para não perder o cargo usurpado" - aqui.  

Vamos à trajetória do sr. Cunha:

"... A Lava Jato já existia desde 17 de março de 2014 e até o mundo mineral sabia do envolvimento dele nessas investigações. O fato é que a operação de compra de deputados foi muito bem sucedida e Cunha se elegeu com uma grande votação, já em primeiro turno, no dia 1º de fevereiro de 2015.

De fevereiro a setembro Cunha, Temer e Aécio chantagearam Dilma com todas as armas possíveis - e sem sucesso - para que ela interrompesse de alguma forma as investigações da Lava Jato.

Uma das principais batalhas de Cunha, Temer e Aécio era para conseguir que Dilma não reconduzisse Rodrigo Janot para um segundo mandato como Procurador-Geral da República.
Em 04 de agosto de 2015 Janot é reeleito pela categoria com uma votação estrondosa e em 08 de agosto de 2015 Dilma resolve contrariar a trinca golpista e o reconduz ao cargo.
Em 17 de setembro de 2015 Rodrigo Janot assumiu o segundo mandato como Procurador-Geral da República.
Em 30 de setembro uma bomba cai na cabeça de Eduardo Cunha: surgiram as provas de que ele tinha de fato contas na Suíça - ele havia negado peremptoriamente que tivesse contas na Suíça no dia 12 de março de 2015, na CPI da Petrobras.
Em 13 de outubro deputados entraram com pedido de cassação do mandato de Cunha no Conselho de Ética. Ali começou uma batalha ferrenha que marcou o mais longo processo de cassação de mandato da história da Câmara dos Deputados.
Cunha, que já vinha chantageando Dilma de forma criminosa desde 1º de fevereiro de 2015, multiplicou as doses de chantagem e de achaque com o intuito de salvar a própria pele - para tanto jogava com o golpe do impeachment e contava com o apoio incondicional da mídia venal, de Aécio e de Temer.
Em 02 de dezembro de 2015 houve a fatídica sessão do Conselho de Ética, na qual se decidiu que não haveria o arquivamento e sim a continuidade do processo contra Cunha.
O PT foi o fiel da balança e votou pela continuidade do processo de cassação de Eduardo Cunha e ele, duas horas depois disso, jogou o golpe do impeachment contra Dilma sobre a mesa.
E assim o país foi atirado de vez na espiral do golpe de estado chefiado pela máfia comandada por Cunha, Temer e Aécio.
O golpe foi aprovado na Câmara no dia 17 de abril e Dilma foi afastada do cargo em 12 de maio de 2016. Cunha, com isso, pensava que poderia livrar a cara e o pescoço.
Não foi o que ocorreu e uma semana antes do afastamento de Dilma, em 05 de maio de 2016, o STF o afastou do mandato da presidência da Câmara dos Deputados e do mandato parlamentar.
Por mais de dois meses Cunha tentou resistir nas sombras, mas acabou renunciando ao mandato de presidente da Câmara dos Deputados em 07 de julho de 2016.
Por ainda mais dois meses fez das tripas coração para não ser cassado e não resistiu - foi finalmente cassado em 12 de setembro de 2016 (quase um ano após ser denunciado no Conselho de Ética).
Finalmente, em 19 de outubro de 2016, Cunha foi preso e continua preso desde então - mais de 7 meses de cárcere.
Essa postagem foi feita para demonstrar o poder de resistência que Cunha empreendeu antes de cair. Um gangster que jogou o país no inferno para tentar se preservar.
Pensem em tudo isso e pensem em Michel Temer. A resistência de Temer, professor de chicanas e de picaretagens de Cunha, tem tudo para ser igual ou maior que a de seu "ilustre" aluno.
Se não for pela via da cassação no TSE o sr. Temer vai resistir de forma feroz - e de todas as maneiras - para não perder o cargo que ganhou mediante o golpe feito por ele, Cunha e Aécio.
Neste caso o país irá sofrer inclusive muito mais.
Temer é pior que Cunha e está destruindo o país com intensidade até maior que aquela feita pelo seu cúmplice de outrora.
O que fará o TSE? Prolongará o sofrimento de todo um país?"

Bem, nosso primeiro impulso após ler o texto foi o de reproduzi-lo na seção 'Eles Disseram', mas não o fizemos, talvez pela leve suspeita de que, a despeito da concorrência, Cunha se mantinha insuperável, 'inimpatável'.

Eis que, diante dos fatos ocorridos de terça-feira para cá, com destaque para o que se viu ontem - quando o sr. Temer teve o desplante de dizer que sua... esdrúxula decisão de decretar Ação de Garantia da Lei e da Ordem atendia a [inexistente] pedido do presidente da Câmara dos Deputados em tal sentido -, chegamos à conclusão de que a resistência do sr. Cunha é, sim, superável. 

Quousque tandem?

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