terça-feira, 29 de novembro de 2011

NORDESTE PUJANTE


Persistem, gritantes, as desigualdades regionais no Brasil. A Constituição Federal de 1988 elegeu como uma de suas diretrizes a luta contra essa sombria realidade. É certo que o Brasil avança, mas as carências são ainda marcantes, e as do Nordeste mais ainda, a despeito de vir apresentando índices de crescimento superiores aos do País, graças, entre outros, ao maior impacto produzido por programas sociais e em especial à política de aumento real do salário mínimo.

No texto a seguir, Luis Nassif discorre acerca do tema, ressaltando as perspectivas positivas que se apresentam para a nossa região:


A revolução nordestina

A evolução da economia mundial e brasileira abre um mar de oportunidades para uma das regiões historicamente mais estagnadas do país: o nordeste.

Como lembra José Sydrão de Alencar Jr, diretor de Gestão e Desenvolvimento do Banco do Nordeste, até 1760, antes da transferência da capital para o Rio de Janeiro, havia duas colônias portuguesas no país: Grão Pará (Maranhão) e a colônia do Brasil.

Nos primeiros anos de colonização a do nordeste era a mais rica. A descoberta das minas em Minas Gerais e a mudança da capital para o Rio mudou o eixo.

Hoje o Nordeste pode desempenhar papel central na geopolítica internacional do país. A África é a nova fronteira agrícola da humanidade. O NE é porta de saída para África, Estados Unidos e Europa.

O aprofundamento do Canal do Panamá – para nacional de 120 mil toneladas – deve mudar o curso da navegação mundial e brasileira. Nos próximos 10 ou 15 anos, provavelmente a rota de Santos será substituída, em parte, por portos mais no norte e nordeste, como Itaqui, Suape e Pecém, principalmente devido à saturação dos portos do sudeste.

Por outro lado, o nordeste representa de ¼ a 1/5 do consumo nacional, atraindo novas plantas industriais do sudeste. Nos últimos anos, 12 milhões de pessoas migraram da classe C para a classe B. Apenas o programa de microcrédito do Banco do Nordeste atende a 1,5 milhão de clientes.

Por exemplo, a Zona da Mata de Pernambuco será radicalmente modificada pelo porto de Suape e pela ida da Fiat.

Uma série de programas e leis deverão ter impacto sobre a região, especialmente a Lei de Resíduos Sólidos. Hoje em dia 85% dos pequenos e médios centros não têm o devido tratamento de resíduos. A Lei representará um enorme volume de investimentos.

Há um conjunto de desafios a serem superados. Para o semiárido, uma política ambiental que reverta a degradação da caatinga.

Há polos que dependem basicamente da lenha, como o gesseiro de Araripirina. Com a entrada do gás na região, como fazer? Tão cedo a lenha não sairá da matriz energética da região. Mas como proceder à transição?

Hoje em dia, na região, existem seis centros médios crescendo bem acima da média nacional. Caicó, no Rio Grande do Norte, tornou-se o maior fornecedor nacional de chapéus e bonés. Há polos têxteis em Caicó, São José dos Pirães, indústria de ourivesaria em Juazeiro do Norte, produção de mel em Picos.

Há pelo menos R$ 160 bilhões de investimentos federais em projetos estruturantes, como a Transnordestina, a Duplicação da BR 101, a integração das bacias do São Francisco, a siderurgia no Ceará e Maranhão, estaleiros, Zonas de Processamento de Exportação, refinarias em Pernambuco, Ceará e Maranhão, polo petroquímico de Pernambuco, além das obras da Copa do Mundo e do pré-sal.

O grande desafio nordestino, no entanto, será o da criação de redes de apoio ao micro empreendedorismo da região e à organização das chamadas indústrias criativas – artesanato, manufaturas, música, festas populares.

Será a possibilidade de criar um novo modelo diferente do sudeste – que se baseou em grandes empresas liderando cadeias produtivas setoriais.

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