quarta-feira, 19 de junho de 2019

SOBRE O DEPOIMENTO DO EX-JUIZ MORO NO SENADO


Brasil 247: Um dos fundadores do site Intercep Brasil, o jornalista Glenn Greenwald sinalizou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, mentiu em depoimento no Senado, onde o titular da pasta afirmou que as mensagens trocadas com procuradores da Operação Lava Jato podem ser alteradas.

"Moro continua tentando insinuar que as conversas que estamos publicando podem ser alteradas, mas ele não sabe, porque afirma que não as tem mais. Mas Deltan as tem. LJ tem eles. Se eles foram alterados, eles poderiam facilmente provar isso. Mas eles não fizeram e nunca vão", disse Glenn no Twitter.
"Além disso, já começamos a trabalhar com outros jornais, revistas e jornalistas com esses materiais. Ninguém jamais alegou, e muito menos provou, que qualquer coisa que publicamos foi alterada. Isso porque todos - especialmente Moro e LJ - sabem que são autênticos", continuou.
"Mais uma vez, senadores: não precisam pegar as mensagens de Moro do Telegram (embora Moro tenha se recusado se autorizaria sua divulgação). Deltan os tem. LJ tem. Se alguma coisa fosse 'alterada', eles poderiam facilmente provar. Por que eles não têm? Todos nós sabemos porque", escreveu.
Moro afirmou que um "grupo criminoso" acessou a troca de mensagens dele com procuradores e cometeu uma "baixeza" para "minar os esforços anticorrupção". "Fiquei surpreendido pelo nível de vilania", complementou.
O ex-juiz também criticou o que chamou de "sensacionalismo exacerbado" e também se queixou do site Intercept Brasil, que divulgou a troca de mensagens dele com procuradores. "O veículo não me consultou, violando uma regra básica do jornalismo", disse. 
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Algo nos diz que, até a data em que o pedido de suspeição do senhor ex-magistrado Moro venha a ser apreciado pelo Supremo (25 de junho), esse gravíssimo assunto permanecerá no campo do plebiscito nacional, ou, quem sabe, nem o julgamento será bastante para alterar o caráter assumido pelo caso, extremamente plebiscitário. E todos sabemos que nos plebiscitos é mínimo - ou irrelevante - o peso da Lei e dos códigos de ética: o que importam são o senso crítico nacional e a capacidade dos envolvidos em persuadi-lo, e o ex-juiz tenta vender o seu peixe de qualquer maneira, por mais inverossímil que possa parecer àqueles que venham acompanhando a operação desde março de 2014 e manjem um pouco que seja de Direito. Enquanto isso, uma vez que o povão não tem tempo de acompanhar tudo ao vivo, tem de engolir os vídeos editados pela grande e simpática mídia. 
Como este Blog vem sustentando, só os canalhas podem se manifestar contra o combate à corrupção, mas somente os hipócritas têm a cara de pau de defender que, em função desse combate, todos os direitos e garantias individuais possam ser impunemente pisoteados, desde a 'escolha' do juiz e das pessoas a serem investigadas até o desfecho de cada caso. Um ato de esperteza dos implicados, aliás, é o de acusar os seus críticos de serem não só contra os atos praticados, mas contra a própria Lava Jato e/ou 'as instituições'. 

Indagação incidental
Com que, então, demonstrada a inconstitucionalidade da Lava Jato (depois da divulgação integral do acervo Intercept), ainda assim ela deve manter-se incólume?!
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Adendo:
Dica de leitura
."Moro assume parcialidade ao defender FHC para a Lava Jato"  -  AQUI.
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Dica de vídeo
."Leo ao quadrado - Moro no Senado", por Leo Stoppa .......... AQUI.

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