terça-feira, 18 de junho de 2019

A VOLTA DE TACLA DURÁN

É fato que o histórico do senhor Tacla Durán se reveste de alguma nebulosidade, mas, meses após a divulgação de graves denúncias por ele formuladas - ratificadas  em videoconferência no final de novembro de 2017 na CPMI da JBS -, até a presente data a narrativa sobre o caso continua matéria non grata em quase toda a grande mídia escrita e na totalidade da televisionada. Eis que agora a Folha - que à época deu certo destaque ao assunto - retorna ao tema neste momento tão delicado da conjuntura nacional.
(Jornal El País)
Tacla Durán revela pagamento a 'sócio de Rosângela Moro' para 'não ser preso na Lava Jato'
Do Jornal GGN
O ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Durán, jogou mais lenha na fogueira da Vaza Jato, em entrevista inédita ao jornalista Jamil Chade. Divulgada no UOL, nesta terça (18), a reportagem indica que Duran admitiu, às autoridades da Suíça, que fez pagamento ao advogado Marlus Arns, que já foi “sócio” de Rosângela Moro e Carlos Zucolotto (padrinho de casamento de Sergio Moro), para “não ser preso” na Lava Jato de Curitiba. (Nota deste Blog: Para conferir a entrevista acima referida, clique AQUI - "Tacla esteve com autoridades dos EUA antes de conversa entre Moro e Deltan" - Jamil Chade).
Durán afirma que foi extorquido na Lava Jato, com advogados exigindo pagamento de 5 milhões de dólares para amenizar a multa e “melhorar” a delação premiada que o ex-advogado da Odebrecht tentou negociar com procuradores liderados por Deltan Dallagnol.
O ex-advogado, que está em Madri (Espanha), já havia dito a alguns veículos de comunicação – incluindo o GGN e o DCM, numa série especial sobre indústria da delação – que Zucolotto era o responsável pelo pedido de 5 milhões de dólares. (Para relembrar o caso Tacla Durán X Lava Jato, clique AQUI e leia "Da série Indústria da Delação Premiada: o caso Durán / O que Tacla Durán disse na CPMI que precisa ser aprofundado", por Joaquim de Carvalho, do Diário do Centro do Mundo, reproduzido por este Blog em 1º de Dezembro de 2017). 
A novidade, agora, é que Durán teria pago uma primeira parcela, de 612 mil dólares, ao advogado Marlus Arns. Durán afirma que deixou de pagar o restante do dinheiro porque acreditava que aquela “extorsão” não teria resultados.
Em novembro de 2016, poucos meses após o primeiro pagamento, Duran foi alvo de operação da Lava Jato. Sergio Moro decretou sua prisão, mas não foi possível executá-la porque o ex-advogado da Odebrecht já estava fora do País. A operação chegou a pedir sua extradição, mas foi derrotada.
As autoridades da Suíça questionaram a Durán sobre a procedência de um montante que foi congelado em sua conta. Foi quando sua defesa encaminhou um documento explicando a extorsão e vinculando a primeira parcela de 612 mil dólares a Arns a este episódio.
“A defesa insiste que houve ‘tráfico de influência’, com o qual se chegou a acordos de delação. Caso contrário, o suspeito era preso. ‘É assim que o advogado Marlus Arns, entre outros, praticava a extorsão denunciada’, explica a carta apresentada aos suíços”, escreveu o UOL.
“Tacla foi extorquido e ameaçado […] e o temor por sua vida o levou a pagar uma parte da extorsão. O advogado Marlus Arns, que recebeu o pagamento -dinheiro que é apontado como uma das justificativas para o bloqueio das autoridades suíças– já tinha trabalhado com a mulher do [ex] juiz Sergio Moro, sendo outro sócio o advogado Carlos Zucolotto Junior, que também foi sócio da mulher de Moro, e que hoje trabalha com lobista profissional”, escreveram os advogados em um trecho da carta à Suíça.
Segundo Durán, Moro continua fazendo perseguição, agora do Ministério da Justiça, de onde pode controlar os processos de cooperação internacional.
Duran ganhou os holofotes da mídia quando confirmou à Folha que o advogado Carlos Zucolotto Junior – ex-sócio de Rosângela Moro num escritório de advocacia, e atualmente parceiro numa empresa de palestras aberta ano passado – teria oferecido a possibilidade de redução de pena e de multa em troca de pagamento, via caixa 2, de 5 milhões de dólares. Zucolotto teria prometido negociar a delação de Duran com “DD”.
Detrator da Lava Jato, Tacla Durán também expôs que a Odebrecht “ofereceu 15 anos de salários pagos para ele entrar no grande acordo firmado pela empresa e a Operação Lava Jato”. Ele também revelou que “mantinha, no segundo semestre de 2016, conversas com o Departamento de Justiça em Washington.”
Em Curitiba, ele é acusado de “movimentar mais de R$ 95 milhões para a Odebrecht e outras empresas em vários países do mundo, além de lavar por meio de suas empresas cerca de R$ 50 milhões.”
Assista - clique AQUI - o documentário do GGN e DCM sobre a indústria da delação premiada.

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