Promotores da Lava Jato resolvem 'peitar' o Supremo
Por Fernando Brito
Depois do juiz Paulo Bueno de Azevedo ter criticado, nos autos, a decisão do Ministro Dias Toffoli de conceder habeas corpus ao ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo, parece que aumentou a ousadia na esfera parajudicial.
Carlos Fernando de Lima e Diogo de Mattos, promotores da República de Curitiba e bam-bam-bans da Lava Jato fazem publicar, hoje, na Folha, artigo onde debocham do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, comparando-o à ginasta Daiane do Santos.
O motivo?
“(…)pela ginástica jurídica que motivou a decisão, verdadeiro habeas corpus duplo twist carpado, libertando o ex-ministro dos governos Lula e Dilma, preso preventivamente pela Justiça Federal de São Paulo.”(…)
Aplicou um salto duplo twist carpado nas duas instâncias inferiores, os juízes naturais competentes, e nos inúmeros outros habeas corpus das pessoas “comuns” que esperam um veredito há muito mais tempo.
Uma verdadeira ginástica jurídica, digna da medalha de ouro que nossa Daiane dos Santos não conseguiu obter. Em outras palavras, criou-se o foro privilegiado para marido de senadora.
Os dois procuradores não se atreveram, claro, a falar isso quando Gilmar Mendes concedeu os famosos “habeas corpus cangurus” em favor de Daniel Dantas, na Operação Satiagraha. (Continua aqui).
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Enquanto isso...
FERNANDO HENRIQUE ENTRA NA ONDA DE "ESTANCAR A SANGRIA" DA LAVA JATO
No seu artigo de hoje no Estadão, para bom entendedor, Fernando Henrique junta-se ao grupo do “é preciso estancar esta sangria” da Operação Lava Jato.
“Digo há tempos que o sistema político atual (eleitoral e partidário) está 'bichado'. Sou defensor das ações da Lava Jato e sei que sem elas seria mais difícil melhorar as coisas. Mas não nos iludamos: sem alguma forma de instituição política e sem políticos que a manejem, não será suficiente botar corruptos na cadeia para purgar erros de condução da economia e da política. Que se ponha na cadeia quem for responsável, mas não se confunda tudo: nem todos os políticos basearam sua trajetória na transgressão nem todos os que financiaram a política, bem como os que receberam ajuda financeira, foram doadores ou receptores de 'propinas'. Se não se distinguir o que foi doação eleitoral dentro da lei do que foi 'caixa 2', e este do que foi arranjo criminoso entre governo, partidos, funcionários e empresários, faremos o jogo de que 'todos são iguais'.
Se fossem, que saída haveria? Está na hora de juntar as forças descomprometidas com o crime – e elas existem nos vários setores do espectro político – para que o bom senso volte a imperar e para que possamos recriar as instituições, entendendo que no mundo contemporâneo a transparência não é uma virtude, mas um imperativo e, por outro lado, que se não houver meios institucionais para decidir e legitimar o que queremos não sairemos da desilusão e da perplexidade.
Não é hora só para acusações, é hora também para a busca de convergências."
Se fossem, que saída haveria? Está na hora de juntar as forças descomprometidas com o crime – e elas existem nos vários setores do espectro político – para que o bom senso volte a imperar e para que possamos recriar as instituições, entendendo que no mundo contemporâneo a transparência não é uma virtude, mas um imperativo e, por outro lado, que se não houver meios institucionais para decidir e legitimar o que queremos não sairemos da desilusão e da perplexidade.
Não é hora só para acusações, é hora também para a busca de convergências."
Mas, espere aí, Fernando Henrique… Não era esse o discurso que se fazia e que era acusado de ser cobertura para um desejo de “parar a Lava Jato”? Quando se dizia que as coisas estavam sendo conduzidas de maneira que quebraria a economia brasileira, faria paralisar o país e explodiria o emprego, não se era acusado de “cúmplice” das empreiteiras?
Agora que se derrubou o governo eleito, é “hora para a busca de convergência”? (Continua aqui).
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Enquanto lia as 'ponderações' altamente cívicas (atenção, falei 'cívicas') do nobre ex-presidente, pensava na 'revelação' do senhor Nestor Cerveró acerca de propina de Cem Milhões de Dólares paga em face de transação da Petrobras na Argentina durante (e para) o governo FHC. Pensei até em reproduzir, logo em seguida ao post, a matéria divulgada sobre o tema. Mas não o fiz. Seria tão somente mais um fragmento que não viria ao caso...
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