terça-feira, 30 de novembro de 2010

OLD PHOTO


Michael Caine e Laurence Olivier em 1972. Cena do clássico SLEUTH/Jogo Mortal, um dos melhores filmes de Caine.

Segundo Caine, os cinco mais da história do cinema são:

1. Casablanca (1942), de Michael Curtiz
2. O Terceiro Homem (1949), de Carol Reed
3. O Tesouro de Sierra Madre (1948), de John Huston
4. Charada (1963), de Stanley Donen
5. O Falcão Maltês (1941), de John Huston

LFV E AS TROCAS FATAIS


RUGAS

Luiz Fernando Veríssimo

Com quase 70 anos, Paul McCartney tem a cara lisa. Não sei como está a cara do Ringo, o outro Beatle vivo, mas supondo-se que ele também não aparente a idade, e comparando-se a cara dos dois com a dos Rolling Stones, pode-se especular que tenha havido um acordo entre as duas bandas.

Em algum momento do final dos anos sessenta os Beatles e os Stones teriam se encontrado em segredo para dividir o mundo e decidir o destino de cada um. Caberia aos Beatles fazer as melhores melodias e sofisticar o rock com álbuns temáticos como o "Sgt. Pepper’s", aos Stones se manterem fiéis ao backbeat básico e serem a versão bandida dos Beatles.

Também teriam escolhido o público que queriam e estabelecido qual seria a longevidade de parte a parte e o que caberia de tragédia e de glória a cada lado. Mas principalmente teriam feito a repartição das rugas. Os Stones ficariam com todas e em troca durariam mais. Os Beatles envelheceriam melhor ou, como no caso do John e do George, nem envelheceriam. De qualquer maneira, nunca teriam rugas. Em compensação durariam menos.

O dramaturgo inglês Tom Stoppard (que se parece um pouco com ele) contou que certa vez lhe disseram que Mick Jagger tinha aquelas rugas todas de tanto rir, ao que ele retrucou que nada poderia ser tão engraçado assim.

Já as rugas do Keith Richards são claramente as marcas de uma vida vivida aos extremos. Richards provou de tudo, entre secos, molhados e com duas pernas.

E sobreviveu para contar: sua autobiografia, chamada apenas "Vida", acaba de sair. Num trecho reproduzido na resenha do livro recentemente publicada pela revista "New Yorker" ele conta que às vezes viajava nas drogas com o John Lennon, mas que Lennon não conseguia acompanhá-lo. Depois de tomar e cheirar o que havia, muitas vezes durante dias, ele estava pronto para trabalhar enquanto o John invariavelmente acabava no banheiro, segundo ele, "abraçando a porcelana".

Mas a quantidade de rugas na cara de Mick Jagger, Keith Richards e os outros Stones não se explica apenas pela passagem do tempo. Elas acumulam funções, são as rugas deles e as rugas que os Beatles não tiveram. Estava tudo combinado.

WIKILEAKS, TERROR DOS SETE MARES


Iraque, Afeganistão, corrupção, gafes diplomáticas, golpe Honduras, intrigas, cascas de banana etc. Wikileaks não perdoa, mostra!

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Desenho: Luojie, do China Daily.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A BÍBLIA: DELES E NOSSA


Por Ivan Lessa

Depois desse tempo todo, se me perguntarem o que mais admiro nos britânicos, eu embatucaria. Mas não muito. Tenho a impressão, ou pouco mais que isso, que prezo o apreço que eles têm ao inglês, falado e escrito.

Volta e meia, eu dou um faniquito, neste cubículo em que me encerro, contra o raio da “reforma ortográfica” brasileira. E tomem aspas e um “raio” só para não perder o hábito.

No momento, neste mundo em crise em que temos que viver, há um consolo. A Bíblia Sagrada. E vou logo me confessando: sou ateu. Mas amo a língua, o escrever bem. Qualquer língua. Qualquer coisa bem escrita.

O consolo que a Bíblia em inglês oferece não está se manifestando nem nas ruas nem nas reuniões com entidades políticas e bancárias internacionais. É consolo derivado de outra saudável mania britânica e que se estende, na medida do possível, a todos os povos de língua inglesa, valendo americanos e australianos.

E quando se fala em Bíblia por aqui, está se falando da chamada Versão Autorizada. Por extenso, a versão do rei Jaime. E aí já vou abrindo o primeiro parágrafo para indagar: por que é que até um certo monarca, nós o chamamos pelo nome próprio traduzido?

Henrique, Ricardo, Eduardo. De repente, por um desses mistérios – alguma reforma que desconheço? – virou tudo ao original inglês, sem dublagem, digamos. Henry, Richard, Charles e – chi lo sá? – William e não Guilherme.

Googlarei até chegar a alguma conclusão. E volto ao meu lugar na abadia pomposa ou igrejinha simpática e modesta onde eu folheava a King James Authorised Version of the Bible, para dar seu nome completo e correto.

Comemorações. Datas assinaladas. Memória preservada. Outras das qualidades que eu acrescentaria à minha lista. Sempre depois das belezas ocultas e óbvias do idioma do Bardo Imortal, como gosto de o chamar, por passadismo e ser passadão.

Vejam vocês, já é matéria de editorial de jornal, logo abaixo da mais recente passeata de justo protesto estudantil, o aniversário de sua publicação em 1611 – 2 de maio, para ser preciso, começa a ser comemorado. Quer dizer, seis semanas ou mais de 5 meses antes do quarto centenário do lançamento. Prematuridade britânica? Não creio.

Festinhas para o instrumento – e livro, principalmente a Bíblia, é instrumento – que ajudou a lançar as bases da língua hoje falada aqui e no mundo inteiro. Já houve festa com a presença do duque de Edimburgo (sim, eles trabalham, gente), e na quinta-feira passada, na cidade de Preston, teve início uma leitura constante e total – espécie de “bibliotona”, se o neologismo não for heresia – da versão em pauta.

Até mesmo ateus confirmados, defensores da “inveracidade” total da Bíblia, como o agora popular em mais de um continente Richard Dawkins, participam alegremente das festividades. Pois festividade é ganhar assim e assim ter para a vida inteira o trabalhão iniciado em 1604 e terminado em 1611 pela Igreja Anglicana.

Na verdade, tratava-se da terceira versão em inglês do volume, mas tão cativante era e é essa versão que virou, não sem motivo, autorizada e até hoje adotada. Para termos uma ideia, em quatro séculos foram, no mínimo, 2,5 bilhões de exemplares postos em circulação preservando e honrando a língua inglesa. Mais até talvez do que Paulo Coelho e Chico Buarque de Holanda juntos.

A Versão Autorizada a quem louvo, e quase, quase me ajoelho diante, contribuiu com nada mais nada menos que 257 frases até hoje em uso. Parece até que há um jabuti lá disputando um prêmio e uma discussão em torno de leite derramado.

Não há cidadão britânico ou publicação que não deva algo à iniciativa que ganhou o nome do rei Jaime.

Em português, do Brasil e de Portugal, a versão tida como um marco equivalente é de João Ferreira de Almeida, a primeira tradução do Novo Testamento a partir das línguas originais. Era protestante, o Ferreira de Almeida, que levou dez anos revisando sua versão, só publicada após sua morte em 1693.

Estudiosos encontraram, dizem lá eles, nunca conferi, 1.119 erros de tradução. Com a “reforma ortográfica” como é que ficam as coisas, pergunto, a cabeça baixa e coberta de cinzas? Inclusive, e principalmente, a versão (estão lá em casa os sete volumes de 1821; aceito ofertas) do padre católico português António Pereira de Figueiredo, baseada na Vulgata e que levou 18 anos para ser completada. Fato e facto tornado possível devido ao fim dos trabalhos formais da Inquisição (vade retro).

As comemorações vêm aí? Já vieram e passaram? Com que “acordo ortográfico” devo me informar?

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Ivan informa que até Richard Dawkins, 'defensor da inveracidade da Bíblia', está participando das festividades pelos 400 anos da Bíblia do rei Jaime (ou James). É que Dawkins, depois de longa trajetória de negação, parece ter mudado de ideia. Muito embora a ideia ora defendida não conte com o beneplácito das 'autoridades competentes'. Google e youtube oferecem novidades a respeito, inclusive nas palavras do próprio Dawkins.

HAICAI DO MORRO


PIEGUICE NÃO FAZ MAL
É PRETEXTO PRA ENTRAR
NO ESPÍRITO DO NATAL

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Foto: Pablo Jacob.

domingo, 28 de novembro de 2010

CLÁSSICOS ILUSTRADOS


Bette Davis, 'a malvada', e outros ícones do cinema estão no Cinemascope, louvados pelo traço ímpar de João de Deus NETTO. O cinema, lá, está muito bem na foto.

http://cinemascopeblog.blogspot.com/ .

DA SÉRIE MALEFÍCIOS DO ÁLCOOL

Reinaldo B. Figueiredo.

A COR DA TRAGÉDIA NO RIO


Por Eduardo Guimarães

Sábado, fim da manhã, dou uma escapada do escritório. Fui trabalhar em um dia que costumo dedicar ao descanso porque precisava “preparar” a viagem de negócios que começo a fazer no dia seguinte.

Preciso almoçar. Café e cigarros, ininterruptamente – consumo um e outro sem perceber, quando trabalho ou escrevo –, fizeram-me cair a pressão.

O bar serve uma das feijoadas mais honestas da região da Vila Mariana. De carro, chego lá em 5 minutos. Gasto mais cinco esperando pela comida e mais dez para comer. Antes da uma estarei de volta.

Meu escritório está na região há quase 15 anos. Vários conhecidos freqüentam o estabelecimento em que matarei a fome. Ao chegar lá, cumprimentam-me e me convidam a sentar à mesa repleta de garrafas de cerveja vazias.

Hesito. São pessoas que têm por costume fazer comentários que me desagradam. A educação, porém, fala mais alto e aceito. Encaro a turma que têm os olhos injetados pelo álcool.

Alguns dos homens, estando todos na mesma faixa etária que eu, mencionam a entrevista com Lula e começam a fazer piadinhas próprias da mentalidade política e ideológica que infesta a parte de São Paulo em que vivo.

Permaneço impassível e calado. Percebem que não estou achando graça. Um deles, menos grosseiro, resolve mudar de assunto:

– E o Rio, hein! Que tragédia!

Percebo que é outro tema que não vai prestar e me abstenho de comentários. Dedico-me à excelente batidinha de limão que servem ali.

Um outro decide escancarar a bocona: “Sabe qual é o problema do Rio?”. Percebendo que vem pedrada, mas já começando a me irritar, pergunto qual seria o “problema do Rio”.

– Pretos, cara. Notou que são todos pretos?

– Todos, quem, cara-pálida?

– Todos. Bandidos, moradores da região. Tudo preto. Esse é o problema do Rio.

Reflito, antes de responder. Ao menos em uma coisa esse demente tem razão: a tragédia carioca tem cor. Realmente, bandidos e população atingida por eles são negros em expressiva maioria. Então respondo:

– Mas a culpa não é deles, é sua. São racistas como você que fizeram com que mesmo depois de mais de um século do fim da escravidão os negros continuassem mergulhados nessa tragédia…

– Mas…

– Aqueles traficantes quase todos negros, um dia foram crianças que se inebriaram pelo poder que os bandidos exercem sobre essas comunidades.

A mesa com seis homens de meia idade fica em silêncio, perplexa com o que acabara de ouvir. Levanto-me, vou até o caixa, pago pela comida que não comi, subo no carro, sem me despedir de ninguém, e vou embora sem almoçar.

Já não havia mais fome.

Levo comigo, porém, uma certeza: a tragédia no Rio tem cor. Existe por conta dessa cor.

Aquelas populações, pela cor da pele, foram mantidas em guetos miseráveis, longe das preocupações dos setores exíguos e preconceituosos da sociedade que fingem que a culpa é dos governantes.
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Eduardo Guimarães é titular do blog CIDADANIA.
 http://www.blogcidadania.com.br/ .

sábado, 27 de novembro de 2010

OLD MAN E DAIQUIRIS


Turistas bebericam sob o olhar de Hemingway no The Floridita, em Havana.
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Foto: Desmond Boylan.

O MINISTRO E O HUMOR


O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, disse que após o órgão derrubar a lei que impedia as atrações de televisão e rádio de fazerem sátiras, paródias e 'trucagem' com os políticos durante o período eleitoral, os programas de humor perderam a graça. Ele comentou que isso tem relação com o fato de a mídia brasileira ainda não saber desfrutar da liberdade.

“Os programas de humor perderam a qualidade, a criatividade e a graça depois que nós do STF afastamos a chamada Lei do Humor”, afirmou Ayres Britto.
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Que nada, ministro, a graça há muuuuito tempo já estava em lugar incerto e não sabido. E continuou por lá.

SANTIAGO FLAGRA TORTURADORES

CIVILIZAÇÕES GALÁTICAS


40 bilhões de planetas habitáveis.
Quantas civilizações?

Por Carlos Orsi

(...) a respeito da descoberta do mais habitável — ainda que apenas potencialmente — dos planetas extrassolares, Gliese 581g.

(...)

(...) o que mais me chamou a atenção foi a declaração de um dos descobridores do planeta, Steven Vogt, de que o achado abre a possibilidade de haver “de 10% a 20%” de estrelas com planetas habitáveis na Via Láctea.

O que remete diretamente à Fórmula de Drake.

Encurtando uma história longa: em 1961, Frank Drake, pioneiro no uso de radiotelescópios para a busca de sinais de vida inteligente fora da Terra, propôs uma fórmula para ajudar a estimar o número de civilizações com que poderíamos esperar estabelecer contato.

Existem diferentes versões da equação, mas vou usar uma mais simplificada. Ei-la:

N = N* fp ne fl fi fc fL

Todos os fatores do lado direito são multiplicados entre si.

A fórmula já foi muito criticada, pelo motivo de que boa parte dos fatores que entram nela são efetivamente desconhecidos pela ciência. Isto é, qualquer resultado que ela gere será fruto de uma série de chutes. Já foi dito, não sem razão, que a Fórmula de Drake é mais um espelho da psicologia de quem a utiliza do que uma fonte de informação sobre o Universo.

Mas, afinal, o que são esses fatores? Pela ordem:

“N” é o número de civilizações com que podemos esperar entrar em contato;
“N*” é o número de estrelas da Via Láctea;
“fp” é a fração desse total de estrelas que tem planetas;
“ne” é o número de planetas por estrela capaz de sustentar vida;
“fl” é a fração de “ne” onde a vida realmente evolui;
“fi” é a fração de “fl” onde surge vida inteligente;
“fc” é a fração de “fi” que desenvolve tecnologia para se comunicar com outros planetas;
“fL” é a fração da vida do planeta em que a civilização se mantém capaz de estabelecer comunicação com outros planetas.

Em outras versões, o termo N* é substituído por R*, a taxa de formação de estrelas na galáxia — isto é, quantas estrelas nascem a cada ano — e fL é trocado por L, que é o tempo, em anos, durante o qual uma civilização se comunica com o espaço.

A estimativa de Vogt, de que de 10% a 20% das estrelas da Via Láctea têm pelo menos um planeta capaz de sustentar vida — somada à estimativa atual de que a galáxia tem de 200 bilhões a 400 bilhões de estrelas — nos joga diretamente entre os termos “fp” e “ne”.

Supondo que haja 40 bilhões de estrelas com pelo menos um planeta habitável, só o que falta fazer é multiplicar 40.000.000.000 por nossas estimativas de em quantos desses planetas a vida realmente evolui; em quantos desses surge inteligência; que porcentagem das espécies inteligentes desenvolvem tecnologia de comunicação; e quanto tempo dura a fase, digamos, sociável de uma civilização avançada.

Dá para fazer isso automaticamente aqui (http://www.activemind.com/mysterious/topics/seti/drake_equation.html).

Eu joguei meus chutes favoritos lá — incluindo a suposição, que muitos considerarão pessimista, de que apenas 1% dos planetas com vida têm vida inteligente — e cheguei a 48 civilizações capazes de nos dar um alô.

Se você preferir supor que se um planeta pode ter vida ele necessariamente terá vida, e que se a vida surge, ela necessariamente desenvolverá inteligência, o total chega a espantosas 24.000 civilizações!

O que nos traz a um novo problema, o Paradoxo de Fermi. Mas isso é assunto para outro dia.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O PREÇO DE UM NOVO VISUAL


RIO, ERAS DO PÓ, E AO PÓ, TORCEMOS, NÃO VOLTARÁS!

PIAUÍ AMARGA INSEGURANÇA ALIMENTAR


Aproximadamente 30% dos domicílios brasileiros não têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente. É o que mostra levantamento suplementar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgado nesta sexta-feira (26) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A pesquisa, relativa a 2009, analisou 58,6 milhões de domicílios particulares no país. Desse total, 17,7 milhões (30,2%) apresentam algum grau de insegurança alimentar, o que representa um total de 65,6 milhões de pessoas. Em 2004, a proporção era de 34,9%.

Entre esses domicílios mencionados acima, 18,7% (ou 11 milhões de lares) apresentam situação de insegurança alimentar leve; 6,5% (3,8 milhões) moderada, e 5% (2,9 milhões) grave. Ao todo, 11,2 milhões de pessoas relataram ter passado fome no período investigado.

Em 2004, as prevalências de domicílios com moradores em situação de insegurança alimentar leve, moderada e grave eram, respectivamente, 18%, 9,9% e 7%. Ou seja, houve redução dos percentuais de restrição moderada e grave.

A pesquisa mostra que a prevalência de insegurança alimentar é mais na área rural do que na urbana. Enquanto 6,2% e 4,6% dos domicílios em área urbana apresentavam níveis moderado e grave, respectivamente, na área rural as proporções foram de 8,6% e 7%. (...)

(...) Nas regiões Norte e Nordeste, todos os Estados apresentam proporções inferiores à média nacional de segurança alimentar. No Maranhão (35,4%) e no Piauí (41,4%), nem metade dos domicílios conta com alimentação saudável e em quantidade suficiente assegurada. No Centro-Oeste, apenas Goiás está nessas condições.

Além de menos bens, os domicílios em situação de insegurança alimentar também são os menos atendidos pela rede coletora de esgoto sanitário. Outra característica é a maior densidade por dormitório: em 4,5% dos domicílios com restrições alimentares graves há três ou mais moradores dormindo no mesmo quarto. (...)

Do total de 97,8 milhões de moradores pretos ou pardos, 43,4% apresentam algum nível de insegurança alimentar. Entre os brancos (92,4 milhões), a prevalência é de 24,6%.

Em relação à escolaridade, a pesquisa mostra que quanto maior o grau de instrução, menor a prevalência de insegurança alimentar grave ou moderada. (...)

CRIST TECLANDO BLUES

ECOS DE LULA E BLOGOSFERA


Blogueiros com Lula: uma entrevista para a história política brasileira

Por Renato Rovai

Ao final da entrevista o presidente, com as câmeras e microfones já desligados, disse que queria se comprometer a já agendar uma próxima entrevista com aquele grupo para logo depois que deixasse a presidência. “Porque eu quero tratar com vocês do mensalão, quero falar longamente dessa história e mostrar a quantidade de equívocos que ela tem. Porque o Zé Dirceu pode ter todos os defeitos do mundo, mas…”

Quando o presidente ia completar a frase um dos fotógrafos pediu para que ele se ajeitasse para a foto e o pensamento ficou sem conclusão. Ficou claro que o presidente considera esse caso mal resolvido e que vai entrar em campo assim que sua residência oficial passar a ser em São Bernardo do Campo.

Em muitos momentos da entrevista Lula demonstrou que considera que o comportamento da imprensa brasileira foi mais do que parcial, foi irresponsável. Isso ficou evidente quando disse que a cobertura do acidente da TAM foi o momento mais triste do seu período presidencial. Lembrou que à época alguns jornais e revistas escreveram editoriais falando que o governo carregava nas costas 200 cadáveres.

Ele também introduziu na entrevista, sem que a blogosfera perguntasse, a questão da política internacional. E falou dos bastidores de sua ação na negociação com o Irã. Ao trazer uma negociação desse porte para a pauta da entrevista, o presidente pode ter sinalizado que o palco internacional faz parte do seu projeto futuro.

Lula não fala nada sem pensar e gratuitamente. Quando se está frente a frente com ele isso se torna ainda mais evidente. Lula é hoje um político preparadíssimo. E falou, por exemplo, que o PT do Acre errou e que por isso Dilma perdeu feio lá para mandar um recado aos irmãos Viana, que controlam o partido no estado.

Aliás, depois da entrevista ele fez questão de chamar o blogueiro Altino Machado de lado e voltou a tocar no assunto. Disse que vai ao Acre ainda no primeiro semestre de 2011. E que quer conversar com Altino quando for lá.

Ele também falou que vai tratar do caso Paulo Lacerda quando sair da presidência. Tudo indica que a sua melhor entrevista ainda está por vir. Será aquela em que ele vai poder falar de tudo sem o ritual do cargo.

Esse encontro com Lula ainda merecerá outros posts deste blogueiro, mas aproveito para contar um pouco dos bastidores que o antecederam. Em agosto, solicitei em nome da comissão do 1º Encontro da Blogosfera Progressista essa coletiva com o presidente. A resposta veio rápida. O presidente aceitava, bastava construir uma agenda.

Entre a organização do encontro se estabeleceu um debate sobre se seria conveniente ou não que ele ocorresse antes das eleições. De comum acordo com a assessoria da presidência definiu-se que seria jornalisticamente mais interessante que acontecesse agora. Para que se evitasse o inevitável, que se tentasse descaracterizar o encontro com acusações do tipo “ação de campanha”.

Uma das preocupações que também surgiu desde o início foi a de que os blogueiros que participassem representassem a diversidade do país. Isso foi conseguido. Entre os 10 que estiveram com Lula hoje, havia gente de sete estados brasileiros e de todas as regiões. Também havia diversidade de gênero na lista inicial. Eram quatro as mulheres que participariam: Helena, do Blog Amigos do Presidente Lula; Ivana Bentes, da UFRJ; Conceição Lemes, do Viomundo; e Maria Frô, do blog da Maria Frô.

Por motivos diferentes elas não puderem vir a Brasília. Maria Frô conseguiu participar pela twitcam. Ivana Bentes, que também ia entrar por esse sistema, não conseguiu por problemas técnicos.

Ao fim, quem imaginava que seria um encontro chapa-branca se surpreendeu. Quantas vezes na história deste país o presidente da República foi perguntado, por exemplo, sobre por que não se avançou na democratização das comunicações? Quantas vezes lhe perguntaram por que recuou no PNH3? Quantas vezes ele teve de se explicar sobre a saída de Paulo Lacerda da PF? Quantas vezes ele foi cobrado sobre o governo não ter se empenhando para a aprovação das 40h semanais? Quantas vezes Lula falou sobre o Acre e suas idiossincrasias políticas? Quantas vezes discutiu o capital estrangeiro na mídia? Quantas vezes falou sobre AI 5 digital? Quantas vezes tratou da educação para o povo negro? Quantas vezes abordou a cobertura da Globo no episódio da bolinha de papel?

Pode-se gostar ou não desta entrevista, mas uma coisa não se pode negar. Ela entra para a história da cobertura política brasileira.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

NAS NUVENS


Yuri Chakovski.

CERTAS PALAVRAS


Podem até voltar à moda entre os narcotraficantes, mas hoje, 25, as palavras acima foram enxovalhadas, banidas de favelas cariocas.

 Curiosamente, há críticos se dizendo perplexos face à violência/insegurança, talvez como a pregar que tudo deveria ficar 'na paz do pântano', deixando a polícia de adotar as providências devidas.

NUNCA ANTES...


O presidente Lula concedeu, ontem, entrevista exclusiva para 10 blogueiros escolhidos pela organização do Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, entidade máxima dos famigerados e destemidos “blogueiros sujos”. O evento foi transmitido ao vivo pelo blog do Planalto, que fez até uma página especial para esta ocasião histórica:

http://entrevista.blog.planalto.gov.br/

OS MEDOS DE CADA UM (II)


Por Artur Xexéo

Eu tinha medo de ectoplasma. Nem me lembrava mais disso. O que me fez recordar esse temor foi o filme do Jabor. Na sequência com Maria Flor, a personagem da atriz desfila por um corredor coberto de fotos de ectoplasmas emolduradas. Há quem ache que todas as cenas de Maria Flor são dispensáveis em “A suprema felicidade”. Como se qualquer cena com Maria Flor pudesse ser dispensável. Se eu fosse cineasta, nunca cortaria uma cena de filme com Maria Flor. Na verdade, eu acrescentaria mais duas ou três. Mas o importante é que, naquelas cenas, Jabor me fez lembrar de ectoplasmas. Eu sempre via fotos parecidas com as da parede do filme nas páginas de “O Cruzeiro”. Geralmente, elas precediam uma reportagem com Chico Xavier. Ah... eu tinha medo de Chico Xavier.

Eu tinha medo de edição extraordinária. Sempre que ouvia a musiquinha que anunciava o “Repórter Esso” fora de seu horário habitual, sabia que uma tragédia acontecera. Geralmente, a notícia me decepcionava. A queda de um presidente, um golpe de Estado, uma lei aprovada pelo Congresso... coisas que eu não entendia. O medo que eu tinha era o de que a edição extraordinária do telejornal noticiasse o começo da Terceira Guerra Mundial (eu já disse aqui que tinha medo da Terceira Guerra, não disse?). Nunca entendi por que meus pais, sempre tão sensatos, não tinham construído um abrigo antiaéreo no quintal lá de casa. Eu fazia listas do que precisava comprar para garantir a sobrevivência por um tempo razoável no abrigo. Lanterna, água mineral, latas de presuntada... Eu tinha medo da bomba atômica.

Eu tinha medo de ser enterrado vivo. Mais medo ainda, eu tinha de fazer algum exame médico que comprovasse minha catalepsia. Confiava no bom senso de meus familiares que, certamente, me enterrariam num caixão cheio de furos para que eu pudesse respirar após acordar e que desse para meus gritos de socorro serem ouvidos do lado de fora. Mas... se eu já estivesse num cemitério, quem estaria do lado de fora para me ouvir? Eu não tinha medo, mas não confiava em almas penadas.

Eu tinha medo de atravessar linhas de trem. Sempre morei perto de linhas de trem. E, é claro, desde criança, sabia que não havia muito perigo em atravessá-las. Bastava olhar para um lado, para o outro, certificar-se de que nenhum trem se aproximava e ir em frente. Nada muito diferente do que a gente faz quando atravessa uma rua, em cidade grande, fora do sinal. Mas e se... O problema do medo é sempre o “e se...”. Mas e se eu desmaiasse, de repente, sem aviso prévio, justamente quando ainda estivesse sobre os trilhos. E ficasse fora do ar por um tempo. E ninguém percebesse. E o trem, enfim passasse por ali?

Eu tinha medo de ventríloquos. Mais especificamente de bonecos de ventríloquos. Sempre acreditei que, mais cedo ou mais tarde, eles iriam adquirir vida, pular do colo de seu dono e cair no mundo só para me assombrar.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O HERDEIRO


- É tudo seu, meu filho.

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Por Olle Johansson.

TODOS COM O ABRIGO SÃO LUCAS


Informações: (86) 2107-5800  (86) 3226-3070

O BEAT E SUA VISÃO DE MUNDO


"Tudo me pertence, porque eu sou pobre"

Jack Kerouac, em Visões de Cody (L&PM, 2009)

Agora, pergunto se esse escritor merece que sua obra mais famosa, On The Road, seja filmada por banqueiro junior cineasta.

(Elizabeth Lorenzotti, no http://vivababel.blogspot.com/ )

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O cineasta é Walter Sales Junior.

OLD(!) PHOTO


30 de março: pescadores indianos em um barco, no rio Brahmaputra, antes de uma forte tempestade em Gauhati, Índia (Anupam Nath/AP Photo).

terça-feira, 23 de novembro de 2010

PERDA PREMIADA


Érico Junqueira Ayres, de São Luis (MA), cartunista e caricaturista, com participação e premiação em 'n' salões de humor mundo afora.

UMA SENHORA CORREGEDORA


Há um bom tempo deixei de ler Veja, e só agora, via blog do potiguar Ailton Medeiros, inteirei-me da entrevista concedida àquela revista, em setembro passado, pela ministra-corregedora Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça. Vamos às palavras francas e contundentes da ministra:

Veja – Por que nos últimos anos pipocaram tantas denúncias de corrupção no Judiciário?
Eliana Calmon – Durante anos, ninguém tomou conta dos juizes, pouco se fiscalizou, corrupção começa embaixo. Não é incomum um desembargador corrupto usar o juiz de primeira instância como escudo para suas ações. Ele telefona para o juiz e lhe pede uma liminar, um habeas corpus ou uma sentença. Os juizes que se sujeitam a isso são candidatos naturais a futuras promoções. Os que se negam a fazer esse tipo de coisa, os corretos, ficam onde estão.

Veja – A senhora quer dizer que a ascensão funcional na magistratura depende desss troca de favores?
Calmon - O ideal é que as promoções acontecessem por mérito. Hoje é a política que define o preenchimento de vagas nos tribunais superiores, por exemplo. Os piores magistrados terminam sendo os mais louvados. O ignorante, o despreparado, não cria problema com ninguém porque sabe que num embate ele levará a pior. Esse chegará ao topo do Judiciário.

Veja – Esse problema atinge também os tribunais superiores, onde as nomeações são feitas pelo presidente da República?
Calmon – Estamos falando de outra questão muito séria. É como o braço político se infiltra no Poder Judiciário. Recentemente, para atender a um pedido político, o STJ chegou à conclusão de que denúncia anônima não pode ser considerada pelo tribunal.

Veja – A tese que a senhora critica foi usada pelo ministro César Asfor Rocha para trancar a Operação Castelo de Areia, que investigou pagamentos da empreiteira Camargo Corrêa a vários políticos.
Calmon – É uma tese equivocada, que serve muito bem a interesses políticos. O STJ chegou à conclusão de que denúncia anônima não pode ser considerada pelo tribunal. De fato, uma simples carta apócrifa não deve ser considerada. Mas, se a Polícia Federal recebe a denúncia, investiga e vê que é verdadeira, e a investigação chega ao tribunal com todas as provas, você vai desconsiderar? Tem cabimento isso? Não tem. A denúncia anônima só vale quando o denunciado é um traficante? Há uma mistura e uma intimidade indecente com o poder.

Veja – Existe essa relação de subserviência da Justiça ao mundo da política? Para ascender na carreira, o juiz precisa dos políticos.
Calmon – Nos tribunais superiores, o critério é única e exclusivamente político.

Veja – Mas a senhora, como todos os demais ministros, chegou ao STJ por meio desse mecanismo.
Calmon – Certa vez me perguntaram se eu tinha padrinhos políticos. Eu disse: “Claro, se não tivesse, não estaria aqui”. Eu sou fruto de um sistema. Para entrar num tribunal como o STJ, seu nome tem de primeiro passar pelo crivo dos ministros, depois do presidente da República e ainda do Senado. O ministro escolhido sai devendo a todo mundo.

Veja – No caso da senhora, alguém já tentou cobrar a fatura depois?
Calmon – Nunca. Eles têm medo desse meu jeito. Eu não sou a única rebelde nesse sistema, mas sou uma rebelde que fala. Colegas que, quando chegam para montar o gabinete, não têm o direito de escolher um assessor sequer, porque já está tudo preenchido por indicacão política.

TRAÇANDO SALÕES


Gilmar, Dino Alves, Paulo Russo, entre outros caricaturistas, na praça Pedro II, Teresina, no, se não me falha a memória, Salão de Humor de 2007.

Na foto inferior, em primeiro plano, de perfil, o também caricaturista Érico Junqueira Ayres, de São Luis.

O autor das fotos, lamento dizer, não sei.

CARTUM DE BAMBA


Seyran Caferli. Azerbaijão.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O PANORAMA DO DESEQUILÍBRIO


Quem bate o martelo sobre a lei orçamentária é o Poder Legislativo, ponto.

Eis o panorama Piauí: num extremo, o Poder Judiciário às voltas com carências de toda ordem, notadamente na área de pessoal, e o Ministério Público sem as mínimas condições estruturais de atuação em moldes razoáveis.

No outro extremo, o hipertrofiado Poder Legislativo, esmerando-se em ampliar suas ações a cada ciclo, convertendo-se em Poder Executivo Paralelo, abocanhando fatias cada vez mais robustas e 'executando' iniciativas nas áreas de saúde, educação, comunicação etc, etc.

Ao microuniverso do Legislativo contrapõe-se a administração da Justiça para toda a população e a soberania dos direitos coletivos e difusos. Mas o que se vem desenhando, no trâmite ora em curso, é a prevalência daquele microuniverso sobre o conjunto da coletividade.

A sensatez está gritando: caiam em si, senhores do martelo orçamentário!

OS MEDOS DE CADA UM


Por Artur Xexéo

Se alguém me perguntar o nome do papa, vou ter que parar um pouco para pensar. Mas houve um tempo em que papas faziam parte do meu cotidiano. Aluno de um colégio de padres, via o papa João XXIII como um dos mais importantes integrantes da minha vida. E rezava todos os dias pela sua saúde. João XXIII morreu depois de uma certa agonia. Era 1963. E, entre a primeira e a segunda aula, a gente sempre rezava um terço pela melhora do papa. Em vão. Foi a partir daí que comecei a ter medo do papa. Eu era um católico tão aplicado, tão crente, tão cumpridor das obrigações de minha fé que, se houvesse alguém no mundo para quem o papa apareceria depois de morto, só podia ser eu. E isso me dava medo. Comecei a não querer dormir de luz apagada, de pés descobertos. Adquiri mil e umas manias na hora de dormir para afastar a alma do papa de perto de mim.

Superei o medo de papa. Mas hoje, quando me lembro da minha infância, qualquer recordação vem cercada daquele sentimento que misturava reverência e pavor. Desde então, não me apeguei a mais papa algum. Meu último papa foi mesmo o João XXIII.

Mais medo que de papa, só o de areia movediça. Crianças de hoje não sabem o que é isso. Mas as crianças do meu tempo, aquelas que ainda assistiram a filmes em série no cinema, sabem bem do que estou falando. Areia movediça era um perigo que todo mocinho de fita em série tinha que superar e que todo bandido sucumbia diante dele. Poderosíssima a tal areia.

Meu medo era tamanho que passei a aprender truques para quando o destino me fizesse cair naquele lamaçal traiçoeiro. O importante é não se debater, caso contrário, a areia te traga. É claro que, se houver um cipó por perto, dá sempre para se agarrar nele e chegar à margem protetora. Mas, como eu não era bobo, sabia que nunca me embrenharia por uma selva e, portanto, não encontraria meu cipó salvador. Certamente, a areia movediça que me esperava seria urbana. O jeito era nadar. Sim, nadar, como se estivesse numa piscina, para tentar atingir a margem. Como nadar sem se debater? Aí é que está o pulo do gato, o qual, infelizmente, nunca aprendi. Diferentemente do medo de papa, que não tenho mais, o medo de areia movediça me acompanha. E ainda não sei como nadar sem me debater.

Eu tinha medo de prova oral. Por que, sempre que sorteava o ponto, caía capitanias hereditárias? E por que eu teimava em não estudar tal assunto? Até hoje não sei nada de capitanias hereditárias. Trauma escolar. Mas a prova oral foi eliminada da prática escolar e, com isso, meu medo também foi extinto.

Eu tinha medo da Terceira Guerra Mundial. E, pior, tinha medo de ser convocado para ela. Torcia para que a guerra começasse antes de eu completar 18 anos. E para que terminasse antes disso também. Só perdi o medo da Terceira Guerra Mundial quando comecei a ter medo de completar 18 anos. Mas isso faz tempo. Já passei da época de ser convocado.

domingo, 21 de novembro de 2010

MEIO A MEIO


Vladimir Abroian. Armênia.

DIÁLOGO ASSÉPTICO


- Veja só: eles passaram a viver em condomínio fechado. É como se tivessem uma cidade só deles, exclusiva: segurança particular, serviços gerais, tudo exclusivo.

- Deve ser experiência bastante curiosa.

- Tentam o que for possível para isolar-se da plebe rude e ignara. Colégio particular, transporte particular, esporte particular...

- Até aí, tudo bem: vivemos num regime democrático.

- Claro, estou apenas constatando: viver em outro mundo é um direito.

- Of course.

- Clean, digo, claro.

FILME DO DIA DO CINEMARDEN


OS CINCO RAPAZES DE LIVERPOOL

No início dos anos 1960, na cinzenta Liverpool, Inglaterra, cinco rapazes sonham com o sucesso. John, Paul, George, Pete e Stuart. Eles são os Silver Beatles. O diretor e roteirista Iain Softley conta em Os Cinco Rapazes de Liverpool a história do quinto beatle, Stuart Sutcliffe, e o relacionamento dele com seu melhor amigo, John Lennon, e o triângulo amoroso que eles formaram com a fotógrafa alemã Astrid Kirchnerr. O filme trata basicamente do período 1960/1962, quando a banda ia muito à Alemanha. Não espere ouvir os clássicos dos Beatles. O filme mostra os anos de amadorismo da banda, quando eles ainda cantavam músicas de seus ídolos americanos. Pouco do material apresentado era composto pelo grupo. Softley fala de amizade e amor. Seu filme exala criatividade e conta com um elenco bastante convincente. A grande sacada de Os Cinco Rapazes de Liverpool é justamente o ponto de vista que move a trama, o triângulo John-Stu-Astrid. Os Silver Beatles viraram simplesmente Beatles. Stu e Pete saíram do grupo e o Ringo entrou no lugar. A banda estourou, o relacionamento entre John e Paul, sem a presença de Stu, ficou mais próximo. E o resto, é história.

OS CINCO RAPAZES DE LIVERPOOL (Backbeat - Inglaterra 1994). Direção: Iain Softley. Elenco: Stephen Dorff, Ian Hart, Gary Bakewell, Chris O'Neill, Sheryl Lee, Kai Wiesinger, Carlton Williams, Albert Welling, Sharif Rashed, Rob Spendlove, Scott Williams e James Doherty. Duração: 101 minutos. Distribuição: Universal.
 
Por Marden Machado.
http://cinemarden.blogspot.com/

VER HUMOR


Oguz Gurel. Turquia.

sábado, 20 de novembro de 2010

THE BRAZILIAN BITLES


Anos 1960. Tínhamos o 'bolachão' (12 músicas/faixas), o 'bolacha' ou compacto duplo (4 músicas/faixas) e o compacto simples (2 músicas/faixas). Vivíamos a febre do Iê-Iê-Iê, e na esteira dos Quatro Fabulosos de Liverpool o Brasil compareceu com o The Brazilian Bitles.

O 'bolacha' acima é de 1966, mas acho que o 'bolachão' saiu em 1965. Pode até nem ser o disco de estreia do grupo.

As letras são todas de Fábio Block (não sei se integrava o quinteto) e bastante ingênuas, característica, aliás, do rock'n'roll (quase) como um todo.

O The Brazilian Bitles estourou nas paradas com 'Vem, Meu Amor', música boa danada, apoiada na seguinte letra:

AH, MEU AMOR É VOCÊ
POR FAVOR NÃO ME DEIXE
SOZINHO A SOFRER

AH, NÃO ME FAÇAS ASSIM
VEM FICAR, POR FAVOR
JUNTINHO DE MIM

VEM, VEM, MINHA QUERIDA
VOCÊ É MINHA VIDA
E TODO O MEU CALOR

VEM ME DAR UM BEIJINHO
PRECISO DE CARINHO
VEM, MEU AMOR

OLD PHOTO


Foto de Luiz Morier. Prêmio Esso de jornalismo 1983. Flagrante de modus operandi da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que não detinha exclusividade sobre tal modus. Depois, em 1988, veio a Constituição Federal, alçando a dignidade humana à condição de objetivo máximo, o qual está sendo buscado por instâncias várias, para desagrado de certas elites. E viva a consciência!

SOBRE DISCUTIR E OPINAR


O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) julgou improcedente a representação em que a presidente eleita Dilma Rousseff e a coligação de sua candidatura pedem direito de resposta contra a frase “Nem Cristo me tira essa vitória”, atribuída à petista e publicada no jornal Folha SC. Dilma negou ter feito o comentário e classificou a frase como ofensiva.

A ministra Nancy Andrighi reconheceu que, apesar do término das eleições 2010, a petista e sua coligação têm interesse em esclarecer supostas inverdades divulgadas no período de campanha eleitoral.

No entanto, ao julgar o mérito da ação, a relatora alegou que “a frase veiculada no periódico não tem conteúdo ofensivo, não macula a honra ou a imagem da então candidata, não interfere nem tem força para impactar negativamente o equilíbrio entre os contendores, razão pela qual não vislumbro a hipótese de concessão de direito de resposta”.

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A frase não tem conteúdo ofensivo?! A frase não macula a honra ou a imagem da candidata?! A frase não tem força para impactar negativamente o equilíbrio entre os contendores?!!

Decisão judicial não se deve discutir; mas opinar a gente pode: a memória e o bom senso dizem que a ministra não procedeu judiciosamente. 

CABEÇA A PRÊMIO


Angel Boligán.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

TEMPO E DIREÇÃO


"É MELHOR TER UMA BÚSSOLA DO QUE UM RELÓGIO".

(Stephen Covey, escritor americano).

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A ORDEM MUNDIAL DE SEMPRE


Dizem os analistas, à frente Delfim Netto: o encontro do G20 em Seul, na Coreia do Sul, foi uma reunião lítero-musical de qualidade duvidosa. O seu resultado, pífio. Há uma grande dificuldade em dar peso adequado ao problema dos EUA e às malfeitorias da China, o que provoca ataques cruzados.

A "solução prática" foi a cínica entrega da questão aos cuidados do FMI: no ano que vem, ele deve apresentar um programa factível que distribua equanimemente os custos do ajuste. Em poucas palavras e sem nhe-nhe-nhem: cada um que volte para casa, trate de cuidar dos seus interesses e ponha as barbas de molho.

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Em resumo: o feudalismo está onde sempre esteve.

CINEMATECA LANÇA BANCO DE CONTEÚDOS CULTURAIS


Apresenta-se a primeira versão (alfa) do Banco de Conteúdos Culturais, que disponibiliza, para fins de pesquisa, educacionais ou de entretenimento, as coleções digitalizadas de fotografias e cartazes de filmes brasileiros do acervo da Cinemateca, além de reportagens de telejornais diários da TV Tupi e registros fílmicos brasileiros do período silencioso.

A partir de atualizações e versões posteriores, serão incluídas novas coleções e acervos de diferentes suportes, e serão ampliadas as coleções já disponíveis. Ao mesmo tempo pretende-se ampliar as possibilidades de interação com o usuário e com outros portais. (Por MiriamL, blog Luis Nassif).

Endereçohttp://www.bcc.org.br/

terça-feira, 16 de novembro de 2010

ESTAMOS ALI


As duas bolinhas brancas perto do canto inferior esquerdo do quadro são a Terra e a Lua, vistas a uma distância de 183 milhões de quilômetros, em uma imagem feita pela sonda Messenger, que se encontra explorando a vizinhança de Mercúrio.

Parafraseando Carl Sagan, todos os sábios, poetas, filósofos, tiranos, santos e genocidas; todas as pessoas que você conhece, ignora, respeita, despreza, ama ou odeia vivem, ou já viveram, suas vidas inteiras na bola maior. É lá também que estão todos os seus problemas, sonhos e esperanças.

Todas as guerras e crimes, bem como todos os grandes e pequenos atos de sacrifício e generosidade já registrados em algum momento da história aconteceram lá.

Já a bola menor marca a maior distância já viajada por membros de nossa espécie. É o limite atual da experiência humana.
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Do blog de Carlos Orsi, do Estadão.

ECOS DO GLAUCO

DA SÉRIE CLÁSSICOS DO CINEMA


12 HOMENS E UMA SENTENÇA


Sidney Lumet é reconhecido por dominar as técnicas de narrativa cinematográfica e saber extrair desempenhos memoráveis de seus atores. Este talento já é visível em 12 Homens e Uma Sentença, de 1957, seu primeiro trabalho como diretor. O filme é baseado em uma peça de teatro, mas, não há nada que pareça teatral. É cinema puro, do primeiro ao último fotograma. A história é centrada em um corpo de jurados confinado dentro de uma sala de um tribunal. Eles precisam decidir sobre a culpa ou não de um jovem que teria cometido um crime grave. Todas as evidências apontam para sua condenação, até que um dos jurados, a personagem de Henry Fonda, expõe suas dúvidas. Existe uma outra versão com o mesmo título, dirigida para a TV, em 1997, por William Friedkin. Nesta versão, que é quase tão boa quanto a primeira, Jack Lemmon interpreta o papel que foi de Fonda na versão original. Se um dia alguém lhe perguntar que filme pode servir como um bom exemplo da força da argumentação, responda sem hesitar: 12 Homens e Uma Sentença.


12 HOMENS E UMA SENTENÇA (12 Angry Men - EUA 1957). Direção: Sidney Lumet. Elenco: Henry Fonda, Lee J. Cobb, Ed Begley, E.G. Marshall, Jack Klugman, Jack Warden e Martin Balsam. Duração: 96 minutos. Distribuição: Fox.
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Marden Machado -  http://cinemarden.blogspot.com/

OLD MAGAZINE


Revista Fon-Fon, dezembro de 1937.

Surgida no Rio de Janeiro em 1907. Seu nome era uma onomatopeia do barulho produzido pela buzina dos automóveis. Um de seus idealizadores foi o  escritor e crítico de arte Gonzaga Duque. Tinha no enfoque dado à ilustração uma de suas principais características. Um de seus colaboradores foi Di Cavalcanti. A revista tornou célebres ilustradores como Nair de Tefé, J. Carlos, Raul Pederneiras e K. Lixto. Tratava principalmente dos costumes e notícias do cotidiano e foi publicada até agosto de 1958.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

RESCALDO ELEITORAL


Por ARES, Aristides Esteban Hernández Guerrero, cartunista, médico e psiquiatra cubano.

PATOLOGIAS DO INDIVÍDUO


Um dos mantras preferidos do pensamento conservador consiste em reduzir a ideia de liberdade à afirmação do indivíduo. Repetido de maneira compulsiva, tal mantra procura impor à sociedade a crença de que "liberdade" é simplesmente o nome que damos ao sistema de defesa dos interesses particulares dos indivíduos, de suas propriedades privadas e seus modos de expressão. No entanto, esta noção de liberdade talvez seja, no fundo, uma forma muito difundida de patologia social.

De fato, sofre-se muitas vezes por não se ser um indivíduo, ou seja, por não ter as condições sociais necessárias para a afirmação de uma individualidade almejada. No entanto, sofre-se também por ser apenas um indivíduo. Há um sofrimento vindo da incapacidade em pensar aquilo que, dentro de si mesmo, não se submete à forma coerente de uma pessoa fortemente individualizada. Infelizmente, este sofrimento, em vez de funcionar como motor de desenvolvimento subjetivo, muitas vezes se exterioriza e se transforma em medo social contra tudo o que parece colocar em xeque nossa "identidade", as "crenças do nosso povo".

Não é por outra razão que lá onde há a insistência em compreender a sociedade como um mero conjunto de indivíduos, há sempre o outro lado da moeda: a necessidade de expulsar, de levantar fronteiras contra tudo o que não porta a minha imagem. O que nos explica porque sociedades fortemente individualistas, como aquelas que encontramos nos EUA e em certos países europeus, são sempre assombradas pelo fantasma do corpo estranho que está prestes a invadi-las, a destruir seus costumes e hábitos arraigados. Não há individualismo sem lógica social da exclusão.

Por outro lado, como todos sabemos que o atomismo de ser apenas um indivíduo é dificilmente suportável, este isolamento tende, muitas vezes, a ser compensado com alguma forma de retorno a figuras de comunidades espirituais e religiosas. A vida contemporânea nos demonstrou que individualismo e religiosidade, liberalismo e restrições religiosas dogmáticas, longe de serem antagônicos, transformaram-se nos dois polos complementares e paradoxais do mesmo movimento pendular.

Muito provavelmente, teremos que conviver com os resultados políticos desta patologia social bipolar.

Cada vez fica mais claro como o pensamento conservador se articula, em escala mundial, através da restrição da pauta do debate social, ora apelando para as "liberdades individuais", ora para "nossos valores cristãos". Contra isso, temos que saber mostrar como o conceito de liberdade e de ação social podem ser reconstruídos para além destes equívocos.

A nosso favor, há uma bela tradição do pensamento que quer se fazer ouvir.

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Artigo de Vladimir Pinheiro Safatle, professor livre docente do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP), especialista em epistemologia (teoria do conhecimento) e filosofia da música.
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Desenho: Jorge Brandão.

domingo, 14 de novembro de 2010

CARTUM DE BAMBA


Santiago, do Rio Grande do Sul.

DEGUSTANDO A CARNE SECA


Em breve, a editora Zodíaco nos brindará com a 3ª edição de Torquato Neto ou a Carne Seca é Servida.

Kenard Kruel abordará fatos novos sobre Torquato, e certamente homenageará um dos maiores incentivadores (e pai) do poeta, o Dr. Heli Nunes, falecido há pouco.

MADE IN CHINA


Cartum chinês de 1960, por aí, em plena 'Guerra Fria', quando China e URSS combatiam os EUA e eram plenamente correspondidas. 

A guerra não acabou; houve apenas mudança de front. Dólares e Iuans que o digam.