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Autor, com Daniel Ziblatt, de "Como as democracias morrem" diz que instituições brasileiras reagem melhor que as americanas às ameaças autoritárias da extrema direita
As instituições democráticas do Brasil estão, atualmente, funcionando de maneira mais eficaz do que as dos Estados Unidos, segundo avaliação do cientista político Steven Levitsky, professor da Universidade de Harvard e autor do best-seller Como as democracias morrem. Em entrevista publicada pela BBC News Brasil, o pesquisador afirmou que a resposta brasileira às ameaças golpistas foi mais forte e coordenada do que a reação norte-americana à tentativa de invasão do Capitólio em 2021.
Levitsky elogiou o papel desempenhado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no enfrentamento ao autoritarismo durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Para o professor, a Corte “fez um importante trabalho de proteção da democracia”, mas ponderou que, superada a crise institucional, o STF deverá retornar aos limites de sua função constitucional.
No caso do julgamento de Bolsonaro, Levitsky considera legítima a atuação da Corte. “Este é o trabalho do tribunal: julgar Bolsonaro e puni-lo, se ele for de fato considerado culpado”.
O cientista político condenou as ações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil, como a imposição de tarifas comerciais de 50% e as sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, e seus aliados. Segundo Levitsky, essas medidas são baseadas em desinformação e não fazem parte de uma política de Estado, mas sim de um “capricho pessoal” de Trump.
Ele destacou que, ao contrário das intervenções da Guerra Fria, as atuais tentativas de interferência são desorganizadas e motivadas por interesses pessoais. Para Levitsky, Trump foi convencido pela família Bolsonaro de que o ex-presidente brasileiro é vítima de uma perseguição semelhante à que ele próprio alega sofrer.
Na entrevista, Levitsky também fez duras críticas à situação política dos Estados Unidos. Segundo ele, o país deixou de ser uma democracia plena nos últimos seis meses e vive hoje uma forma “branda e reversível” de autoritarismo.
Ele também criticou a falência dos mecanismos de controle institucional, como o sistema de pesos e contrapesos, a responsabilização do Legislativo e do Judiciário, e o papel do Partido Republicano.
Ao comparar as reações institucionais no Brasil e nos EUA frente às tentativas de golpe, Levitsky apontou que o Brasil respondeu de maneira mais firme e adequada ao impedir a candidatura de Bolsonaro e processá-lo judicialmente. Enquanto isso, Trump foi autorizado a concorrer à reeleição e venceu.
Steven Levitsky também alertou para o risco de que outros países adotem posturas semelhantes às de Trump, caso ele seja visto como bem-sucedido. Para o cientista político, preservar a ordem internacional baseada em regras depende do fracasso de líderes autoritários.
Por fim, ele afirmou que o Brasil está sendo intimidado por uma potência estrangeira por não se curvar aos interesses dos Estados Unidos — o que, segundo ele, mina a democracia brasileira.
(Para conferir a íntegra da matéria, clique Aqui).


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