quinta-feira, 28 de março de 2019

AGENDA NEGATIVA, O GRANDE ENTRAVE


"O Brasil não tem hoje de uma agenda positiva de desenvolvimento e inclusão social, um projeto de país que seja o eixo em torno do qual o País se projeta para o futuro.  O grande desafio, central da política, é a retomada do crescimento para gerar emprego e renda.
A GRANDE AGENDA NEGATIVA
Hoje o Brasil se desune em termos sociais e políticos, o País implodido por uma agenda essencialmente negativa, nada se constrói, tudo se destrói.
Noticiário abundante sobre inquéritos, prisões, processos, tragédias e crimes frutos de uma crescente tensão social cujo adubo é o desemprego e a pobreza, resultado de uma estagnação da economia que se mantém estável já há cinco anos e nada, absolutamente nada indica que se sairá desse pântano com uma política monetária desde 2015 voltada exclusivamente para combate à inflação, que não é o problema de hoje, mas a medicação é para curar gripe de alguém que não está com gripe, enquanto recebe remédio desnecessário para a gripe o indivíduo morre de inanição por falta de comida.
Sem dinheiro, inflação zero de nada adianta, com dinheiro se tolera uma inflação morena de 10 ou 20%, há ciclos onde a inflação é o problema, mas há outros onde o desemprego é o maior problema. Política econômica deve ser manejada dentro de cada ciclo e visando o problema desse ciclo.
UMA POLÍTICA ECONÔMICA DE PROMESSA DE CRESCIMENTO SEM CRESCIMENTO
A política econômica de promessas de crescimento vem sendo aplicada desde 2014, sempre com o mote “após a reforma tal virão investimentos e o Brasil cresce”.  A reforma trabalhista deveria gerar empregos, mas aumentou o desemprego. Simples “reformas” não gerarão crescimento.
Países emergentes crescem a partir do Estado e não do mercado. É ação do Estado que no Brasil, como na China, puxa o crescimento MAS também nos EUA é o Estado quem arbitra o crescimento. As encomendas militares, o orçamento de defesa nos EUA passa de 700 bilhões de dólares, são cruciais para a economia americana assim como a atividade de milhares de estatais nos setores de portos, aeroportos, águas e esgotos, metrôs, ônibus nas grandes cidades, crédito agrícola, seguro agrícola, crédito à exportação, só que não são sob a forma de empresas e sim de autarquias (Authority) mas ao fim são a mesma coisa que estatais, nos EUA são 100% do Estado, sem acionistas particulares.
Na grande crise de 2008 foi o Estado americano quem resgatou a economia dos desarranjos criados pelo mercado, o mercado não conseguiu resolver a crise que ele mesmo criou, como confiar cegamente no mercado?
Jamais o mercado sozinho fará o Brasil crescer e sair da estagnação porque o estoque de 180 milhões de pobres precisa sobreviver e só politicas publicas tem a celeridade e a certeza de produzir renda que, pelo menos, assegure a sobrevivência dessa população.
O FALSO COMBATE À CORRUPÇÃO COMO AGENDA NEGATIVA
A corrupção não é um totem, um troféu ou um tabu. Há enorme corrupção na atividade privada, compradores ganham comissões, certos tipos de bônus em bancos e empresas privadas são apropriação dos recursos financeiros dos acionistas sem relação com a capacidade dos executivos, são na realidade alta corrupção disfarçada, vencimentos exorbitantes de funcionários públicos são corrupção legalizada. Ao se tentar tratar todos os movimentos de dinheiro como corrupção pode-se paralisar uma economia porque 90% dos grandes negócios estão em zonas cinzentas onde pode se considerar muita coisa como corrupção sem que o seja. Para não correr nenhum risco muitos negócios, obras, investimentos deixam se ser realizados,  a paralisia do medo.
Toda grande onda de crescimento em um País tem uma margem de corrupção. Ao querer extirpa-la mata-se o vírus ruim e também o bom, coloca-se fogo na casa para matar as baratas, quem constrói um País são aventureiros empreendedores e não funcionários públicos de vida segura e sem risco.
JK E A LIDERANÇA DO CRESCIMENTO
Os anos JK foi o melhor exemplo de um grande plano de desenvolvimento puxado a partir da liderança de um Presidente. JK não se abalava com eventos negativos, como os ataques de Carlos Lacerda, as revoltas da Aeronáutica de Aragarças e Jacareacanga, ele simplesmente ignorava e não alimentava, passava por cima para não atrapalhar sua GRANDE AGENDA POSITIVA. Seus 30 grupos de trabalho setoriais foram um exemplo de MÉTODO E ORGANIZAÇÃO.
JK era um agregador de forças para chegar a um objetivo claro, ele não aceitava e não alimentava agendas negativas, se existisse na época uma Lava Jato não haveria Brasília, nem indústria automobilística, naval e de bens de capital, tudo seria paralisado em nome da moral e do combate a corrupção.
Era o que a UDN queria, mas JK soube manobrar e não se deixou enredar pelas contínuas campanhas antidesevolvimentistas da direita.
O Brasil NÃO crescerá, com ou sem reformas, enquanto não abandonar a AGENDA NEGATIVA que, desde 2015, domina a política brasileira.
Um LÍDER, um CENTRO DE PODER definido, uma AGENDA POSITIVA com projetos claros, objetivos de investimento público, sem isso NÃO CRESCE."


(De André Araújo, post intitulado "A grande agenda negativa, JK e o centro do poder", publicado no GGN - Aqui).

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