quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

OS 50 ANOS DO AI-5

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Palavras de Jarbas Passarinho, então ministro do Trabalho e da Previdência Social, durante a reunião que culminou na edição do AI-5: "Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência".
Este blog dedica atenção especial às palavras, que têm, algumas delas, a mania de desafiar o tempo e se perpetuarem na História.


50 Anos do Ato Institucional Nº 5

Há exatos 50 anos anos era baixado o Ato Institucional n.5, o mais violento golpe dentro do golpe militar de 1964. O AI-5 instaurou a censura, cerceou direitos e serviu como a mais forte intimidação praticada pelo militares do golpe. O ato, que institucionalizou a ditadura, deu ao então presidente, Arthur da Costa e Silva, poderes de fechar o Congresso Nacional. A censura passou a ser uma máquina de Estado, vetando trabalhos e perseguindo a classe artística, levando grande parte dos artistas e intelectuais ao exílio.

No período anterior ao decreto, a cultura brasileira vivia uma ebulição inédita, mas o que uns viam como experimentação interessante foi visto por outros como "ameaças a Deus, à família e à propriedade —à liberdade, enfim", relata o jornalista A. P. Quartim de Moraes no livro recém-lançado "Anos de Chumbo: o Teatro Brasileiro na Cena de 1968".


A reportagem da jornalista Maria Luísa Barsanelli, do jornal Folha de S. Paulo, aponta o que ocorreu nos momentos anteriores ao ato: "de fato, o ano que precedeu o AI-5 já dava sinais do recrudescimento no horizonte. Em janeiro, a censura tirou de cartaz uma montagem de 'Um Bonde Chamado Desejo', de Tennessee Williams. O caso gerou repercussão e acirrou os ânimos entre governo e artistas."

Ela relata a movimentação artística em torno do Teatro de Arena: "reunia dramaturgos como Lauro César Muniz, Gianfrancesco Guarnieri, Plínio Marcos e Augusto Boal, além dos compositores Edu Lobo, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Todos respondiam à questão: O que pensa o Brasil de hoje? 'Basta criticar as plateias de sábado —deve-se agora buscar o povo', dizia Boal sobre a obra. Ela teve 84 cortes da censura, mas os artistas decidiram encená-la na íntegra, em desobediência civil."

E destaca a interessante frase do filósofo João Quartim de Moraes: "de certo modo, o próprio movimento de resistência deu pretextos para que o movimento de repressão aumentasse".  -  (Aqui).
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[Clique AQUI para ler: 'Na ditadura, o AI-5 não poupou nem mesmo os militares de perseguições']

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