terça-feira, 7 de dezembro de 2010

ZIRALDO LOUVA O RIO E SEUS CABRAIS


Enquanto alguns analistas recomendam cautela (e menos aplausos) quanto à situação reinante nas favelas cariocas,  os jornais dão conta da redução dos níveis de violência no Rio de Janeiro, destacando o fato de que os roubos de veículos, por exemplo, caíram em 50%. Que a tendência se mantenha.

Sérgio Cabral, jornalista e emérito pesquisador da MPB (inclusive do para-lá-de-carioca Noel Rosa, cujo centenário glorioso ora comemoramos), tem em comum com Ziraldo o fato de terem sido criadores do O Pasquim, em junho de 1969, onde trabalharam e fortaleceram a velha amizade. O meninão Zira está empolgado com o novo cenário da Cidade Maravilhosa e a realidade que se desenha. Movido por especial satisfação, publicou em seu blog o seguinte texto:

O FILHO DO HOMEM

Raiou a vera esperança de que podemos dar um jeito na vida dos cariocas.

Não sei se a turma percebeu mas o principal componente desta extraordinária vitória – que pode ser o começo de TUDO – foi uma coisa chamada VONTADE POLÍTICA. Todo mundo fala dela e a coisa ficou tão vulgarizada – como a palavra amor, por exemplo – que ninguém atenta para o seu fantástico significado.

O governador Sérgio Cabral Filho deixou a conversa de lado e disse: “Eu vou fazer!” Pronto! Vontade política! Tem que falar que vai fazer, ligar o vamonessa e FAZER! É isto que se chama vontade política.

Agora, vou contar pra vocês o mistério que há por trás desta grande vitória do povo carioca. Atentem para este mistério.

Quando meus amigos e eu fazíamos o Pasquim, o Sérgio Cabral resolveu candidatar-se a vereador. Todos nós nos unimos em torno dele e eu, que vinha de Minas Gerais, achei uma fantástica razão para todo mundo votar no Sérgio. Ele era, para mim, olhando assim com meu olhar mineiro-brechtiano, o mais perfeito carioca que eu podia imaginar. Ele era o carioca emblemático, o símbolo dessa cidade.

Nascido e criado em Cavalcante, um subúrbio do Rio, Sérgio Cabral cresceu e virou um personagem da cidade, um dos jornalistas mais competentes e conhecidos do país, grande conhecedor da música popular brasileira, amado pelo pessoal do samba, vascaíno roxo, festeiro, participante, generoso, dono de uma casa acolhedora, uma permanente open-house, casado com a Miss Ramos e um pai de família sensacional; se fosse rubro-negro seria o personagem do samba “Ganha-se pouco mas é divertido”, do Wilson Batista.

Vai daí, através das páginas do Pasquim, fiz na sua primeira eleição, uma proposta: o Sérgio não devia se candidatar a vereador; devia ser nomeado vereador perpétuo do Rio de Janeiro. Fazia sentido

Só Jung, portanto – ou os desígnios dos deuses – pode explicar o que está acontecendo hoje. O Rio vai mudar depois deste novembro luminoso. Vem aí, estejam seguros, um novo Rio.

Eis o mistério: tudo isto está acontecendo sob a aura do filho do homem.

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