terça-feira, 10 de junho de 2025

"DE QUE VALEM 2O MINUTOS DE ALEGRIA E DEPOIS 20 ANOS DE DITADURA?"

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"A frase do dia (de ontem) é de um general citado por Mauro Cid.


Alexandre de Moraes e Paulo Gonet pressionaram menos Mauro Cid que os advogados de Jair Bolsonaro e de Braga Netto. Não pressionaram, na verdade. E é fácil explicar. Moraes e Gonet querem dar toda a força à delação, que é a espinha dorsal das acusações a Bolsonaro e cia., e os advogados fizeram de tudo para desacreditá-la, apontando os furos e contradições. O objetivo é anular a peça. É a única saída para amenizar a situação de Bolsonaro. E de Braga Netto.

Mauro Cid suou frio sobretudo no confronto com o advogado de Braga Netto. Oliveira Lima, mais conhecido como Juca, fez uma pergunta crucial: “o senhor tem provas de que o general Braga Netto lhe entregou dinheiro dentro de uma caixa de vinho?”

“Não, senhor”, respondeu o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Era tudo o que Juca queria ouvir. A principal acusação contra seu cliente virou pó. A de que teria arrumado o dinheiro para a Operação Punhal Verde Amarelo, aquela que preconizava matar Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.

Mauro Cid vacilou demais. Não lembrou em que lugar do Palácio da Alvorada recebeu a muamba das mãos de Braga Netto (“talvez na garagem”), mas lembrou que a escondeu embaixo da sua mesa de trabalho “até o portador chegar”.

Villardi deu uma voadora logo de cara:

“O senhor conversou sobre a sua delação com outros investigados ou com jornalistas?”

Depois tentou desvincular seu cliente do 8/1. Com perguntas do tipo “alguma vez o presidente falou com o senhor sobre 8/1/?

É claro que não."

Agora, o experiente Villardi pisou na bola. Mostrou um áudio no qual Mauro Cid, em conversa com um general, diz que apesar da pressão de empresários - Meyer Nigri, Luciano Hang, o dono do Côco Bambu, da Centauro - para Bolsonaro virar a mesa, isso não iria acontecer.

Até Alexandre de Moraes estranhou e disse, meio brincando, meio a sério:

“O senhor vai pedir o aditamento da denúncia?”

Mauro Cid vacilou mais uma vez. Não se lembrava da conversa. Nem tinha certeza com quem foi. “Talvez com o general Freire Gomes”.

Mesmo sem estar presente, Freire Gomes foi a estrela do dia. Mauro Cid revelou um novo diálogo com ele, que não consta dos autos. Assim que ficou claro que o golpe não iria prosperar, Freire Gomes desabafou:

“De que valem vinte minutos de alegria e depois vinte anos de ditadura militar?”

Não vai entrar nos autos, mas certamente vai entrar para a história."



(De Alex Solnik, texto sob o título em destaque, publicado no 247-Aqui.

Pois, caro Solnik, caso o Mauro estivesse com tudo na ponta da língua, aí mesmo é que despertaria suspeitas. A delação nem é lá essas coisas, considerando a quantidade de indícios colhidos pela Polícia Federal. Por isso é
que a oitiva 'demorou' a acontecer: a PF tinha mais indícios em perspectiva; inclusive outras investigações prosseguem...).

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