terça-feira, 12 de novembro de 2019

ANDRÉ ARAÚJO APONTA PARA ONDE CAMINHAM OS MERCADOS

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"O 'mercado', no seu conjunto de núcleos, quer NORMALIDADE, SOBRIEDADE, SENSATEZ, CIVILIZAÇÃO; os financistas, executivos, banqueiros podem até arriscar apostas em situações especiais, mas no geral querem operar em território seguro. É da lógica da História do capitalismo, dos grandes ciclos de crescimento e elevação de padrões de vida e civilização. É a lição da História."


Os mercados caminham para o centro 

Por André Araújo 

Há uma notável incapacidade de leitura do que seja essa entidade definidora de contextos geopolíticos conhecida como ”mercado”. Não é um centro de poder com comitê gestor ou com um grupo de sábios determinando o que vai acontecer. O “mercado” é um conjunto de agentes e interesses nem sempre organizados, da mesma forma que esse outro ente conhecido como “comunidade internacional”.
A vontade do mercado se manifesta por determinados núcleos consensuais, há um núcleo da MACRO-FINANÇA, representado pelo FMI,  BANCO CENTRAL EUROPEU, BANCO DE COMPENSAÇÕES INTERNACIONAIS (Banco da Basileia), BANCO DA INGLATERRA, OMC, OCDE, Board do Federal Reserve System, Federal Reserve Bank of New York (braço internacional da autoridade monetária americana), SECRETARIA DO TESOURO, SECRETARIA DO COMÉRCIO,  BANCO MUNDIAL, BANCO DO JAPÃO.
Há outro conjunto de núcleos com interesses específicos, fundos hedge, fundos especulativos, firmas de alta tecnologia e negócios de recente estruturação como a Amazon, a Facebook, a Google, há o mundo das corporações de produção de bens e serviços, as FORTUNE 500, as grandes multinacionais presentes em todo o mundo, como NESTLE, UNILEVER, SIEMENS, L´OREAL, BAYER, com sólida experiência em diferentes épocas e territórios, sobreviventes de guerras, conflitos, golpes de Estado, mudanças de regime, são todos GRUPOS de agentes econômicos com diferentes ciclos, tempos e horizontes.
Depois há outra confraria, a dos fundos de investimento conservadores e de renda fixa, como PIMCO, fundos de pensão americanos, ingleses, canadenses e holandeses, os grandes bancos internacionais como JP Morgan, Paribas, Deutsche, UBS, as grandes seguradoras como ALLIANZ, ZURICH, PRUDENTIAL.
Os mercados têm focos, prazos e mecanismos diferentes, MAS existem temas mais ou menos consensuais HOJE e um deles é a preferência por regiões e governos ESTÁVEIS, PREVISÍVEIS, SENSATOS. Países párias podem ter alguma preferência especulativa, MAS no longo prazo são evitados. É o caso hoje da Turquia e do Brasil, com regimes erráticos, confusos, aventureiros e imprevisíveis. NÃO VÃO ATRAIR INVESTIMENTOS EM LARGA ESCALA.
Não adianta colocar um Ministro da Economia com diploma americano, o problema é do conjunto, do Estado, da LIDERANÇA POLÍTICA. Ninguém quer arriscar dinheiro alto em regimes sectários, cruzadistas, ideológicos. O “mercado”, no seu conjunto de núcleos, quer NORMALIDADE, SOBRIEDADE, SENSATEZ, CIVILIZAÇÃO; os financistas, executivos, banqueiros podem até arriscar apostas em situações especiais, mas no geral querem operar em território seguro. É da lógica da História do capitalismo, dos grandes ciclos de crescimento e elevação de padrões de vida e civilização. É a lição da História.
O Brasil com alta inflação dos anos 50 atraiu empresas do mundo inteiro porque tinha um JK com sua cativante simpatia como estadista, criou a Aliança para o Progresso, ideia dele para Kennedy, criou o Banco Interamericano de Desenvolvimento, uma liderança de padrão mundial que elevou o nome do Brasil com sua refinada diplomacia, seu assessor internacional era Augusto Frederico Schmidt, intelectual, poeta e empresário, criou  marca mundial ao construir, por sua visão e decisão, a nova capital de um grande País, feito raro e notável no século, foram anos de ouro do Brasil na economia, nas artes, na sua expressão internacional de maior País do Hemisfério Sul, maior pais católico, maior pais multiétnico, JK teve a simbologia do otimismo e do futuro.
A alta inflação não atrapalhou JK, e nem a crise cambial; a percepção de um País vai MUITO ALÉM DOS INDICADORES, é de sua alma e momento civilizatório, inserção e presença internacional, prestígio de seus dirigentes. É uma ilusão pensar que os “mercados” operam fora da GEOPOLÍTICA, ao contrário, eles dependem da geopolítica para existir, está aí a guerra comercial EUA x CHINA afetando os mercados mundiais e até os países alheios ao conflito.  -  (Aqui).

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