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Segundo o GGN, A assessoria de Lula informou neste sábado (4) que a RedeTV! desistiu de veicular a entrevista que o ex-presidente concedeu ao jornalista Kennedy Alencar na manhã de sexta-feira.
Em nota à imprensa, a equipe de Lula informou que a emissora não só recorreu ao Supremo Tribunal Federal para ter acesso ao ex-presidente, que está preso em Curitiba, como também gravou imagem e som da entrevista, e criou a expectativa de que o material seria divulgado neste sábado, às 19h30.
Segundo Kennedy Alencar, a entrevista será veiculada com “exclusividade num projeto em desenvolvimento com a BBC World News.”
“Logo em seguida, o blog publicará as íntegras em texto e vídeo da conversa com o petista, que ocorreu na Superintendência da Polícia Federal Curitiba na manhã de sexta. Aguardem”, anotou em sua coluna na CBN, sem comentar a questão com a RedeTV!.
Por que razão a entrevista não será divulgada? Teria sido a péssima repercussão de uma outra recentemente veiculada? Péssima repercussão, sim!, a julgar pelas avaliações de certos analistas isentos até a medula, como o notório Cláudio Humberto, para quem a entrevista (AQUI) concedida pelo ex-presidente à Folha e El País teria tido repercussão pífia, verdadeiro trololó, segundo o arguto jornalista - a despeito dos mais de dez milhões de acessos verificados em dois dias, conforme se vê aqui:
10 milhões de visualizações em 2 dias: Lula, a maior força viral da internet, por Sérgio Guedes Reis
Tenho dificuldade em pensar em alguma ocasião, pelo menos na última década, na qual tenha havido tamanho esforço da mídia televisiva em silenciar uma agenda. Em tempos de crescente preponderância dos meios virtuais, parece que essa escolha é pouco inteligente.
E os dados mostram que a tentativa foi realmente um esforço vão: em pouco mais de 48 horas, apenas os vídeos da entrevista com Lula feita na última Sexta-feira (completos ou contendo trechos) existentes no Facebook ou no Youtube já ultrapassaram, somados, cerca de 10 milhões de visualizações (e, no momento em que escrevo, 100 mil novas visualizações são registradas por hora). E o que é mais interessante: os vídeos mais vistos são aqueles com a entrevista completa (a qual teve quase 2 horas de atuação). Em geral, um pressuposto para a viralização de vídeos com conteúdo político é que sejam mais curtos, e que contenham “frases de efeito” – que mobilizam as torcidas, à esquerda e à direita. Não é o caso da entrevista: os links mais acessados são justamente os que apontam para o vídeo completo de Lula com os jornalistas Monica Bergamo e Florestan Fernandes Jr. Além disso, é interessante observar que há centenas de repostagens dos vídeos, sendo a imensa maioria feita por cidadãos comuns – muitas publicações sequer alcançam mil visualizações. Em comparação, vídeos de próceres da direita costumam ser viralizados a partir de uma única fonte – algo que facilita a aparição do link da postagem no topo dos mecanismos de busca e torna o patrocínio por clique algo mais rentável. No caso da entrevista de Lula, há um indicativo, portanto, de uma disseminação mais orgânica do conteúdo.
O impacto da entrevista de Lula não pode ser subdimensionado. Só pra se ter uma ideia, o vídeo mais visto de Bolsonaro desde que se tornou candidato foi a sua entrevista ao Roda Viva, em Julho de 2018 (9,1 milhões de visualizações até hoje). Sua primeira aparição após o atentado que sofreu em Juiz de Fora teve 8,1 milhões de visualizações. Desde então, a cada novo registro audiovisual relevante há menos expectadores: 6,3 milhões na live do 1o. turno, 5,8 milhões ao ganhar as eleições, e cerca de 1 milhão a cada live semanal. Comparativamente, há um vídeo de Sergio Moro interrogando o ex-Presidente Lula o qual possui cerca de 18 milhões de visualizações (em um ano e meio). A recente entrevista do atual Ministro da Justiça com Pedro Bial, contudo, não alcançou 2 milhões de visualizações em duas semanas. Imaginem se Lula tivesse sido entrevistado a uma semana das eleições (como era previsto e como lhe era de direito) …
Um comentário:
Li alhures, que a autocensura da Rede TV prende-se ao fato da farta distribuição de verbas para vinculação de propaganda da reforma da Previdência através dos canais abertos. A entrevista com Lula "pegaria mal" para a emissora, que ponderou a proposta sobre receber uma boa quantia para vincular a propaganda do governo e deu um passo atrás.
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