sábado, 25 de maio de 2019

ESTREIA A SÉRIE SETE IDEIAS DE BRASILIDADE, POR ANDRÉ ARAÚJO


"Após dezenas de artigos críticos à política econômica cabe o comentário, “mas você só sabe criticar?” Então vamos a algumas ideias para melhorar a economia, a inclusão social, a vida em comunidade, as relações políticas, o bom governo, o convívio entre gerações, em sete capítulos.
CENTRAL DE PRÉDIOS
A administração pública federal (o mesmo com os Estados e Municípios) não tem critérios lógicos de economia para construir, comprar ou alugar prédios.
Será por intenção de navegar na corrupção, será apenas por incompetência, muitas vezes vaidade do administrador, o dinheiro público é desperdiçado em más escolhas, algumas absurdas.
O governo deveria CENTRALIZAR a decisão de gastar dinheiro público com espaço imobiliário porque o que se desperdiça nesse tema é incalculável. Secretarias deveriam estar em regiões centrais e baratas, que tem muitos prédios vazios e nunca nas regiões nobres, como é o caso de seis Secretarias do Estado de São Paulo na região da Paulista, de metro quadrado caro.
Em Brasília há mais absurdos ainda. A Secretaria de Aviação Civil saiu do Centro Cultural do Banco do Brasil, que ao fim é do próprio Governo, para um prédio luxuoso no centro financeiro de Brasília, torre de vidro, moderníssimo, aluguel caro. Quem decidiu isso?
O Ministério do Esporte sai de um prédio bom na troca de Ministro (Aldo Rebelo para George Hilton) para um prédio muito maior, SEM NENHUMA NECESSIDADE. No prédio anterior havia espaço sobrando.
Mas as maiores aberrações estão nas “corporações”. O Ministério Público do Trabalho em São Paulo estava em prédio pequeno, modesto e sóbrio na região da Praça da República e vai para um monumental prédio novo tipo, de 25 andares, na Rua Afonso de Freitas, região da Av. Paulista. Será que o número de funcionários se multiplicou por 20 de repente? Qual o custo de aluguel desse prédio novo?
Na Alameda Itu, região super nobre, entre Alameda Campinas e Alameda Joaquim Eugenio de Lima outro monumental prédio novo, estilo sede do banco americano pela suntuosidade e presença, tipo 28 andares, quem alugou? A Turma de Julgamentos Fiscais do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
É um esbanjamento de dinheiro público injustificável. São Paulo tem centenas de prédios vazios de aluguel modesto, para quê esse luxo na acomodação de burocracias?
O INCRA em São Paulo está em um prédio só dele na Rua Brasilio Machado, em Higienópolis, cercado por edifícios de apartamentos de luxo. Não poderia estar na Mooca, no Brás, no Bom Retiro, na Penha? Qual clientela demanda o INCRA?
Os prédios de excelente localização e aluguel caro não são escolhidos para conforto dos cidadãos, são selecionados para conforto dos burocratas.
Tanto é verdade que os prédios dedicados a atender a pobreza, as unidades de saúde, são modestíssimos e mal localizados, lá não há burocratas para ter conforto, é só para atender o povão e os servidores não são burocratas, são modestos como os cidadãos que demandam o atendimento.
O CASO DA CIDADE ADMINISTRATIVA DE MINAS GERAIS
Tenho simpatia pela urbanidade de Aécio Neves, sempre educado e atencioso, mas não perdoo a ideia absurda da Cidade Administrativa de Minas Gerais, um elefante branco símbolo de esterilização de recursos públicos em coisa inútil, longe de Belo Horizonte e no meio do nada, para abrigar burocratas.
A lógica sempre seria a de recuperar o centro de Belo Horizonte, gastando 10% do que custou a Cidade Administrativa e na tendência mundial de recuperação dos centros históricos. A Cidade Administrativa é feia, distante, deprimente, disfuncional, despreza a História de Minas Gerais e dificulta e encarece a administração pela necessidade de deslocamento de 40 quilômetros de ida e volta, ao mesmo tempo empobrecendo Belo Horizonte. Mas que ideia louca foi essa?  É um símbolo do desperdício de dinheiro público em alta escala, o nada não fecunda nada.
Uma CENTRAL deveria dar a última palavra para qualquer aluguel de prédio pago com recursos públicos, com PARÂMETROS de economicidade, funcionários por metro quadrado, várias opções antes de se decidir. Hoje, a conta de alugueres da União passa de 3 bilhões por ano, grande parte é desperdício, mesmo sem corrupção. É a volúpia do esbanjamento, é a vaidade do alto funcionário, o dinheiro público não tem dono, não é mesmo?
Em próximos artigos continuarei com sugestões para o Brasil usar recursos com maior racionalidade e civilidade."




(De André Araújo, post intitulado "Sete ideias de brasilidade - Central de Prédios", publicado no GGN.

A Editora Alfa Omega informou o seguinte sobre o autor:

"André Araújo foi durante as décadas de 70 e 80 dirigente sindical patronal do setor elétrico-eletrônico, tendo sido diretor-tesoureiro das duas grandes entidades desse setor industrial.
Foi também presidente da EMPLASA - Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo SA, a primeira entidade pública de planejamento de grandes centros urbanos do país, fundada em 1975, para organizar o crescimento dos 39 municípios que compõem a Grande São Paulo.
Formou-se em Direito, em 1968, pela Universidade Mackenzie. E fez pós-graduação na Fundação Getúlio Vargas - EASESP.
Atualmente é diretor executivo do CELE - Centro de Estudos da Livre Empresa -, entidade que pesquisa as instituições sindicais e associativas, de caráter patronal no Brasil.
Em 1994, foi coordenador-geral da Primeira Conferência Internacional de Centros Empresariais, realizada em Brasília, que contou com a participação de 16 entidades desse gênero das três Américas.
Os marxistas no poder - a esquerda chega ao Planalto [Editora Centro de Estudos da Livre Empresa] é o seu primeiro livro. São também suas obras: O Brasil dos patriotas - caminhos da potência emergente [Editora Centro de Estudos da Livre Empresa] e Mercados soberanos - globalismo, poder e nação [Editora Alfa-Omega]."

André Araújo, hoje basicamente consultor, escreve há tempos no Luis Nassif Online - Jornal GGN, e seus textos, pela qualidade de que se revestem, costumam ser  reproduzidos, com satisfação, por este Blog).

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