segunda-feira, 27 de maio de 2019

IMPRESSÕES DE NASSIF SOBRE OS ATOS DE ONTEM

(GGN).
As passeatas, o pacote de Moro e o antiiluminismo da mídia
Por Luis Nassif (No GGN)
Entrou-se em uma era da civilização e da comunicação na qual as redes sociais jogam a sociedade na Idade Média, ao eliminar qualquer forma de mediação e qualquer respeito ao conhecimento científico – dentro da lógica de abolir todas as hierarquias.
A única forma de diferenciação da mídia deveria ser encarnar o espírito científico, o conhecimento especializado contra a barbárie.
Aí os jornais experimentam esse caminho, depois de décadas do mais puro obscurantismo. Mas a tentação de conquistar o leitor gado, para propósitos políticos, é irresistível. E toca a incensar o tal pacote anticorrupção do Ministro Sérgio Moro, um plano de segurança que atropela todos os estudos sérios sobre políticas de segurança. Pela cobertura da Globonews, as manifestações não pediram o fechamento do STF (Supremo Tribunal Federal) ou do Congresso, mas apenas defenderam Sérgio Moro e Paulo Guedes.
A quem pretendem enganar? Aos leitores bem informados, que têm filtro e acesso ao oceano de informações da Internet, e que deveriam ser seu público preferencial? Não é por aí. Ou à horda dos linchadores?
É evidente que o objetivo não é o plano medieval de encarceramento em massa defendido por um ex-juiz dotado de escassa formação intelectual e de baixíssimo conhecimento na área de segurança: é preservá-lo como exército de reserva político. Mesmo enganando os leitores, conferindo a Moro o brilho da luz do abajour lilás, ocultando sua falta de conhecimento e de brilho. O curto período de Moro, como Ministro, já revelou que a sombra que projeta é imensamente superior ao seu tamanho real.
Mas Globo e companhia, alvos maiores da malta que elas próprias ajudaram a colocar nas ruas, não resistem a dar mais carne às hienas, que já não obedecem às suas vozes de comando.

................

.Muitas pessoas ignoram - mas outras tantas sabem - que a Constituição Federal é a Lei Maior, à qual todos devem reverência. E no segmento das que ignoram constata-se que isso não decorre unicamente de desinformação básica, fundamental, elementar, mas é resultante do 'jogo do sistema'. 
As pessoas viram ou foram informadas sobre o que o próprio STF andou fazendo em matéria de vista grossa e/ou da tomada de decisões que na prática configuraram transgressão à letra fria da Carta Magna, a que a corte 'subverteu' na maior tranquilidade, apenas com base em 'interpretação de momento', espelhada em sua composição, como se viu quando o ministro Luis Roberto Barroso comandou a criação da prisão após condenação em segunda instância, medida que, voluntária ou involuntariamente, ia ao encontro de certos interesses - e que acabou sendo 'radicalizada' pelo TRF4 mediante a súmula 22 (veja Aqui).

.Diante de situações assim, pessoas poderiam argumentar: 'Ora, se até o Guardião Mor pode flexibilizar as normas constitucionais, por que EU também não poderia, ou um parceiro meu?!' 

.E adeus cláusulas pétreas, por exemplo.

.Daí os aplausos a Sérgio Moro, que, para alcançar suas missões, seus propósitos, não hesitou em atropelar dispositivos consagrados pela Constituição Federal, sem que isso causasse estupefação, perplexidade, consequências, tanto que reclamações tidas como 'graves' hibernaram por meses no Conselho Nacional de Justiça, aguardando julgamento, o que - com a renúncia ao cargo de juiz por Moro - certamente não mais acontecerá.

Nenhum comentário: