sábado, 6 de outubro de 2018

ELEIÇÕES 2018: NOTAS DE UM CURTO E CONTURBADO PERÍODO


O texto exposto na parte final deste post - post que deve ser lido de baixo para cima - foi redigido no sábado, dia 15 de setembro, quando aconteceu o curiosíssimo caso da apreensão, em Campinas-SP, de dólares, reais e relógios de luxo em poder de comitiva liderada pelo vice-presidente da Guiné Equatorial. Ao que consta, o assunto continua sob investigação das autoridades policiais, convindo lembrar que na segunda-feira, dia 16 de setembro, o ministro da Segurança Pública, estranhamente, destacou o fato de que o episódio aconteceu "em plena campanha eleitoral"...
....

REGISTROS FINAIS - EM 06 DE OUTUBRO

Nota 1 - em 06 de outubro: (Nota incidental: e se, em havendo segundo turno -se acontecer segundo turno-, o tal caso da Guiné Equatorial de repente eclodir, inspirando uma trama de consequências monumentais?!).

Nota 2 - em 06 de outubro: (Nota mais incidental ainda: e quanto a Aurélio Bispo de Oliveira, o esfaqueador, que, de pronto, contou com quatro defensores? ...).

....

Nota 2 - em 5 de outubro: ao contrário do que 'intuímos' em 15 de setembro, a bala de prata nada tinha a ver com os fatos que envolveram o vice-presidente da Guiné Equatorial (texto ao final deste post, que deve ser lido de baixo para cima). A BALA DE PRATA foi esgrimida pelo juiz Moro: divulgação da "delação" do ex-ministro Antonio Palocci, contendo acusações sem provas, rejeitadas pelo MPF e posteriormente aceitas pela Polícia Federal, a despeito, repetimos, da ausência das devidas provas (a apresentação de eventuais provas foi exigida pelo TRF4 quando do envio do processo à 13ª vara em Curitiba, mas, pelo visto, nada disso veio ao caso), a cerca de seis dias da eleição em primeiro turno. O juiz, em face do ato praticado, está sendo 'cobrado' pelo Conselho Nacional de Justiça, e dispõe de 15 (quinze) dias para pronunciar-se. Os efeitos da bala, contudo, se traduzem em danos sobre a campanha de Fernando Haddad.

Nota 1 - em 5 de outubro: nesse meio tempo, nada de 'anormal'. Pesquisas mostraram ascensão de Bolsonaro e, em menor grau, de Haddad. O Uol afirma que aumenta a rejeição a Fernando Haddad no sul, sudeste e centro-oeste, certamente, se isto proceder, fruto da bala de prata. Que bala de prata? Os atos praticados pelo juiz Sérgio Moro e MPF no que tange ao ex-presidente Lula, amplamente divulgados pela mídia. Comenta-se que a 'bala' estaria reservada para o segundo turno; a antecipação teria decorrido de ascensão esboçada por Haddad. A 'providência' do senhor Moro (que, por sinal, está a ser interpelado pelo CNJ em face da autorização de cunho flagrantemente eleitoral) parece ter surtido os efeitos esperados. 


Nota 1 - em 4 de outubro: o fato do dia foi o debate final do primeiro turno na Globo (veja comentário deste blog - aqui), com a simultânea concorrência da Record, que no mesmo horário exibiu entrevista gravada com o candidato Bolsonaro, que saiu duplamente 'vitorioso': conseguiu recomendação médica para não comparecer ao debate da Globo e 'estreitou laços' com a emissora concorrente, que, dizem, passaria a funcionar como a Fox TV 'de Trump' em eventual governo Bolsonaro.
....

Nota 1 - em 2 de outubro: a pesquisa Datafolha há pouco divulgada (aqui) confirma a guinada positiva do candidato Jair Bolsonaro, com Fernando Haddad estacionado nas preferências e amargando acentuada elevação no item rejeição - confirmando os resultados apresentados pela pesquisa Ibope ontem anunciada. Até o próximo sábado, outras nove pesquisas serão realizadas. A última, do Vox Populi, será a primeira patrocinada exclusivamente por pessoas físicas (no caso, leitores do site Brasil 247 - AQUI).

Bruno Dantas.

Nota 2 - em 2 de outubro: site Conversa Afiada, reproduzindo post do Pig Cheiroso: o candidato Ciro Gomes, se eleito, "rasga acordo da Embraer no 1º dia de governo" (AQUI). Conforme o candidato, "eles (Boeing) estão comprando um projeto que foi desenvolvido com o dinheiro do povo brasileiro e que tem um mercado cativo já desenhado pelos especialistas de US$ 20 bilhões. Eles estão tomando isso do povo brasileiro e os empregos do povo brasileiro." Ciro fala, com palavras veementes, o que outros, antes, já falaram. De repente, faz lembrar o "referendo revogatório", tão louvado meses atrás... 

Nota 3 - em 2 de outubro: enquanto isso, Wellington Calasans e Romulus Maya, do Duplo Expresso, continuam dissentindo de tudo e de todos, conforme se observa AQUI.

                    (Pesquisa Ibope - 01 de outubro  -  Aqui).

Nota 2 - em 1º de outubro: enquanto aguardamos os desdobramentos sobre a aberração praticada pelo ministro Luiz Fux, nesta data exposto ao ridículo pelo ministro Ricardo Lewandowski em face do atentado contra a liberdade de imprensa por ele perpetrado, imprensa que pleiteia entrevistar o ex-presidente Lula, permitimo-nos voltar a outro tema 'momentoso', alinhando algumas observações acerca da "delação premiada" (que a ex-presidente Dilma classificou como 'delação implorada') do ex-ministro Antonio Palocci: 
(a) antes de oferecê-la à Polícia Federal, o interessado teve sua oferta recusada pelo Ministério Público Federal, por falta de provas e pistas que dessem ensejo a investigações factíveis. Seria, como disse um procurador da República, uma "delação do fim da picada". Não obstante, a PF aceitou a oferta;  (b) em março, peritos estimaram em 80 milhões de Reais os bens de propriedade do ex-ministro, provenientes basicamente de serviços de consultoria, artifício utilizado por agentes que pretendem ganhar dinheiro a partir de sua 'habilidade na arte de abrir portas'. Uma vez que Palocci, pelo 'acordo', vai pagar multa de 35 milhões de Reais, sairá dessa com 45 milhões de Reais no bolso. Bom negócio, pois não?;  (c) além de acusar - sem provar - o ex-presidente Lula de omissão diante da bandalheira reinante na Petrobras, Palocci, também sem provar, tentou 'enterrar' a louvada política de conteúdo nacional e fortalecimento da tecnologia nacional implementada pelo governo Lula ao dizer que a construção, pelo Brasil, de sondas para extração de óleo em águas profundas visava tão somente a arrecadação ilícita de recursos para o partido governista. Palocci tratou também de implicar várias agremiações políticas nas malfeitorias levadas a efeito, sem dar-se ao trabalho de apresentar a mais mísera prova de fidedignidade de suas acusações. Como já dito, o Ministério Público Federal se recusou a firmar o pretendido 'acordo de premiação', que a PF (somente autorizada a firmar 'acordos' muito depois de a lei autorizativa original estar em vigência) aceitou sem delongas;  (d) a Globo, que, claro, só tem a agradecer ao juiz Moro por sua colaboração, em cada um dos seus jornais (Bom Dia, Jornal Hoje...) reprisará, como de praxe, o que mostrou há pouco no JN. Os telespectadores eleitores, claro, não têm a obrigação de conhecer os bastidores e filigranas jurídicas envolvidos nessa "delação de premiação": limitar-se-ão a ouvir a leitura das acusações e formar seu juízo a respeito;  (e) além da Globo, o candidato Jair Bolsonaro tem igualmente muito o que agradecer ao juiz Sérgio Moro;  (f) deputados do Partido dos Trabalhadores afirmaram que apresentarão, ao Conselho Nacional de Justiça, denúncia contra o juiz de base por sua escancarada parcialidade. Denúncia ao CNJ? Para quê, senhores, para quê? 

Nota 1 - em 1º de outubro: segundo a colunista Mônica Bergamo, na Folha (Aqui), "Moro levanta sigilo de delação de Palocci". Vamos à leitura. O que revelam as declarações 'disponibilizadas'? Nenhum fato novo, visto que o conteúdo já havia chegado ao conhecimento do público até mesmo em depoimentos do próprio ex-ministro Palocci. A questão é: os ex-presidentes Lula e Dilma já negaram anteriormente as acusações, e, ao menos até agora, inexistem provas que sustentem as sigilosas 'revelações' do delator. Então, como ficamos? Qual terá sido, mesmo, o propósito da 'quebra de sigilo' por parte do ínclito magistrado? O juiz teria escrito: "Examinando o seu conteúdo, não vislumbro riscos às investigações em outorgar-lhe publicidade". De fato. Mas este blog se permite dizer que vislumbra o elevado risco de a publicidade outorgada ser interpretada como arma política, considerando o momento em que se verifica. 
(Para ler a manifestação da defesa do ex-presidente, clique AQUI).
....

Nota 1 - em 30 de setembro: divulgada pesquisa CNT/MDA (Aqui): Bolsonaro 28,2%, Fernando Haddad: 25,2%, Ciro: 9,4%, Alckmin: 7,3%, Marina Silva: 2,6%. Haddad supera Bolsonaro no segundo turno.


Enquanto isso, o senhor Bolsonaro vai para casa e as mulheres mostram como se produz, em repúdio às 'bandeiras de luta' do referido senhor, um vendaval nacional. Mas a TV, por motivos notórios, não viu - Aqui.
....

ADENDO em 29.09 à Nota 1 do dia 28.09: 
O ministro Luiz Fux, do STF, determinou, na noite de ontem, 28, a suspensão da decisão tomada pelo ministro Ricardo Lewandowski concedendo a órgãos de imprensa o direito de entrevistar o ex-presidente Lula na prisão. Assim reagiu o advogado da Folha, conforme post "Fux proíbe Folha de entrevistar Lula e determina censura prévia":

"A decisão do ministro Fux é o mais grave ato de censura desde o regime militar. É uma bofetada na democracia brasileira. Revela uma visão mesquinha da liberdade de expressão."  - ('Fux proíbe Folha de entrevistar Lula e determina censura prévia') - AQUI.
.A propósito, clique AQUI para ler 'Streck aponta e disseca o grave erro de Fux' / "O grave erro de Fux contra a decisão de Lewandowski", mediante o qual o professor Lenio Streck detona o despacho do ministro Luiz Fux.

Nota 2 - em 28 de setembro: artigo de Luis Nassif põe o dedo na ferida das tradicionais 'balas de prata' das campanhas presidenciais: "A decisão do TRF3, de impedir as entrevistas com o estaqueador antes das eleições, é sinal de que começam a surgir laivos de legalismo no Judiciário. E que talvez seja possível se coibir as manipulações da mídia, que sempre ocorrem nas vésperas das eleições. 
Mas não basta.
Há um segundo factoide a caminho, que é a delação de Antonio Palocci ao Ministério Público do Distrito Federal. A Procuradora Geral da República Raquel Dodge sabe que procuradores vazam depoimentos sigilosos. O mesmo entendimento deve ser do corregedor do MPF. Sabe-se, também, que o MPF do Distrito Federal foi o que mostrou mais ativismo político depois de Curitiba. Se há risco concreto de um novo crime político, um novo vazamento visando manipular as eleições, é de responsabilidade de Raquel Dodge e do corregedor prevenir, antes que aconteça. (...)." - 'Raquel Dodge não pode permitir o uso político da delação de Palocci' (Aqui).

Nota 1 - em 28 de setembro: ontem, 27, foi divulgada pesquisa, de autoria de uma empresa de investimentos, confirmando a tendência de ascensão de Fernando Haddad e 'estacionamento' de Bolsonaro. Mas tal pesquisa foi realizada mediante contatos telefônicos, particularidade que compromete sua 'fidedignidade' (conforme teoriza o historiador Fernando Horta em "Você sabe o que é 'Silent Majority'?" - AQUI). Aguarda-se para logo mais a divulgação de pesquisa efetuada pelo instituto Datafolha. 
(Nota: Números da pesquisa Datafolha: Bolsonaro 28%, Haddad 22%, Ciro 11%).
Enquanto isso, o jornal El País e a rádio Itatiaia (Minas Gerais) - além da Folha - obtiveram do ministro Ricardo Lewandowski, do STF, liminar autorizando-os a entrevistar o ex-presidente Lula, preso em Curitiba e inacessível à imprensa desde 7 de abril, mas a data e outros detalhes sobre a épica entrevista ainda não estão definidos. O feito é uma conquista do jornalista Florestan Fernandes Júnior, que falou aos jornalistas Leonardo Attuch e Mauro Lopes, responsáveis pelo Giro das Onze, do site 247 - Aqui.
....

Nota 1 - em 26 de setembro: 'nova' pesquisa Ibope (sob encomenda da CNI - Confederação Nacional da Indústria) foi divulgada, com resultados praticamente iguais aos da divulgada no dia 24 (Globo), dados os dias pesquisados. Eis o seu quadro principal: 


Clique AQUI para ler "Novo Ibope: quase replay".

Nota 2 - em 26 de setembro: Nesta data, o STF indeferiu pedido formulado pelo PSB, consistente em que cerca de 3,4 milhões de eleitores, que deixaram de realizar BIOMETRIA desenvolvida ao longo de dois anos pelo TSE, pudessem votar nas eleições 2018. O assunto foi abordado em nota deste blog, do dia 24 - aqui -; o Uol noticiou: "Por 7 votos a 2, STF mantém 3,4 milhões de títulos de eleitor cancelados" - AQUI -, destacando que 54% do contingente atinge eleitores do Norte e Nordeste do Brasil. O relator da matéria, ministro Luis Roberto Barroso, sustenta não haver indícios de 'direcionamento'...


Nota 1 - em 25 de setembro: Ontem, 24, foi divulgada a 'segunda' pesquisa Ibope (acima, colhida aqui)), e nela ficou evidenciada a paralisia de Bolsonaro, enquanto Fernando Haddad escala mais 3 pontos. Nos dias anteriores, foram divulgados resultados de pesquisas realizadas por outras fontes, ao passo que surgiram rumores sobre BALAS DE PRATA em preparação, a exemplo de: entrevistas com o 'agressor da faca' (SBT e Veja) - em princípio contra Bolsonaro - e uma bombástica 'delação' de Palocci à Polícia Federal, a despeito de tentativa anterior, com o Ministério Público Federal, haver sido indeferida. O episódio concernente à Guiné Equatorial aparentemente caiu no esquecimento. Aparentemente.  
....

Nota 3 - em 20 de setembro: Datafolha também confirma Haddad no segundo turno: Joaquim de Carvalho, titular do Diário do Centro do Mundo, comenta pesquisa e aponta perspectivas - AQUI. 
Nota 2 - em 19 de setembro: Mauro Lopes e Leonardo Attuch analisam o cenário político: Giro das Onze: Aqui. Ao tempo em que Alex Solnik vaticina: "Haddad vai passar Bolsonaro no próximo Ibope" - Aqui.


Nota 1 - em 19 de setembro, por volta de meia-noite e meia: Observemos o gráfico de intenção de votos - colhido AQUI - com os percentuais divulgados horas atrás pelo Ibope, posição em 18 de set, que permitem antever a disputa acirrada entre os candidatos Haddad e Bolsonaro. Enfatize-se a expressiva ascensão do primeiro entre os dias 11 e 18.09.


"Na manhã de hoje, 15, inteirei-me da pauta noticiosa do dia. Uma das manchetes do site do Estadão (e Uol/Bol). Sem novidades no front.

À noite, o Jornal Nacional destaca a detenção, em aeroporto de Campinas-SP, de comitiva proveniente da Guiné Equatorial, liderada pelo Vice-presidente daquele país (miserável, a despeito de grande produtor de petróleo), com mala de dólares e caríssimos relógios de luxo, que, segundo o detido, se destinariam ao uso pessoal (os relógios)  e pagamento de compromissos em Cingapura, na Ásia - mas sem citar que compromissos seriam esses. 

No corpo da matéria do JN, uma inserção singular, para não dizer deslocada, se é que me entendem: uma foto (ou seria vídeo?) mostrando visita, à Guiné Equatorial, do então presidente Lula, com a informação de que à época a visita suscitara críticas diversas, visto tratar-se de país sob pesada ditadura - mas omitindo o fato de que a visita integrava uma das louvadas iniciativas do governo Lula, a de expandir as relações comerciais do Brasil, sendo a África um dos continentes eleitos, o que rendeu ao nosso País ganhos expressivos, para desconforto de potências como Estados Unidos e China. Não temos como mostrar a curiosa, estranha notícia do JN, mas indicamos uma fonte que retrata a parte relativa à detenção (AQUI).

Foi então que resolvemos registrar os fatos acima neste post, porém sem publicá-lo desde logo. Por quê? Não temos ideia. Quem sabe, pode vir a ser útil no futuro...".

Nenhum comentário: