sexta-feira, 3 de agosto de 2018

DÉFICIT RECORDE NO SEGUNDO SEMESTRE


CONTRADIÇÕES EMBUTIDAS

1. Do jornal Valor Econômico (aqui):

"Déficit recorde no segundo semestre

"(...) Assim, o Tesouro está projetando um déficit primário do governo central de R$ 124,3 bilhões no segundo semestre deste ano (R$ 67,8 bilhões mais R$ 56,5 bilhões). No primeiro semestre, o déficit foi de R$ 32,9 bilhões. Se a previsão se confirmar, será o maior déficit primário do governo central para o segundo semestre de um ano, em termos nominais, da história econômica do país.

"O mais impressionante é que a projeção foi feita levando em consideração que a arrecadação líquida do Tesouro, no segundo semestre deste ano, será R$ 15,4 bilhões maior do que a registrada no mesmo período de 2017. Ou seja, mesmo com receita maior, o déficit será recorde.

"A explicação para um resultado tão ruim, de acordo com a apresentação, é o "substancial aumento nas despesas". O Tesouro cita "a contínua pressão de benefícios previdenciários e despesa de pessoal, a elevação de créditos extraordinários associados à política de subsídio ao diesel, as despesas relativas à campanha eleitoral de 2018 e o crescimento das despesas discricionárias pela reprogramação dos recursos não executados no primeiro semestre pelos ministérios para o segundo semestre. (...)."

2. "... a contínua pressão de benefícios previdenciários e despesa de pessoal ..."

"'Reforma' trabalhista quebra a Previdência - (Laura Carvalho, Folha - Aqui).

(...) Além de não estar contribuindo para a recuperação da economia, que precisa de algum tipo de injeção de demanda —externa ou pública— para sair do marasmo em que se encontra, a reforma trabalhista pode estar prejudicando a arrecadação da Previdência. (...)

"Um estudo do Cesit/Unicamp (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas) publicado em outubro de 2017 construiu diversos cenários para prever o impacto da reforma sobre a arrecadação previdenciária. 

"Em todos eles, o pressuposto é que as mudanças levariam, de um lado, à formalização de trabalhadores sem carteira e por conta própria, aumentando assim a base de arrecadação do sistema, e, de outro, à pejotização de relações de trabalho, que, por levar à migração de empregados celetistas para contribuições via Simples ou MEI (Microempreendedor Individual), reduz essa base de arrecadação. 

"No cenário com pejotização tímida (5%) e formalização intensa (20% dos conta própria e 20% dos sem carteira), a perda de arrecadação da Previdência gerada pela reforma seria de R$ 4 bilhões no ano. Já no cenário com pejotização intensa (20%) e formalização tímida (5% dos conta própria e 5% dos sem carteira), a perda seria de R$ 30 bilhões. ... "

3. "... créditos extraordinários associados à política de subsídio do diesel... "

A chamada mídia corporativa comemora o monumental lucro da Petrobras no segundo trimestre, atribuindo-o aos preços internacionais do petróleo, entre outros. Mas, ao bancar o subsídio ao preço incidente sobre o diesel, o governo, já tão cambaleante, na prática contribui para o lucro da Petrobras. Ou seja, ao fim e ao cabo quem acaba por se dar bem são os acionistas do conglomerado, que, comovidos, agradecem ao obsequioso 'bancador'. E as contas nacionais que se danem.

Para resumir: Certa, mesmo, quem está é a economista Laura Carvalho, ao sentenciar: "Os últimos anos têm sempre dado razão a quem trabalha com os piores cenários. Para grande sofrimento dos mais pobres e socialmente mais vulneráveis."
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Nota: Grifamos, acima, a 'despesa de pessoal', mas nada dissemos. Bem, há notícias dando conta de que o Judiciário (e o MP) pleitearão aumento salarial de 12%. Fica o registro.

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