sexta-feira, 17 de agosto de 2018

DEU NO NEW YORK TIMES


The New York Times, jornal diário estadunidense, comparece nas bancas desde o dia 18 de setembro de 1851. É o maior jornal do mundo, e goza de reputação ímpar; não anda por aí, como diz a gíria, embarcando em furada. Pois eis que, enquanto The New York Times dá destaque (aqui) à decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU determinando que o Brasil adote "as medidas necessárias" para garantir a participação do ex-presidente Lula nas eleições, além de exigir que ele exercite o direito constitucional de recorrer às instâncias superiores para só então, se for o caso, vir a ser considerado culpado, canais governamentais e da imprensa corporativa se contorcem sofregamente para 'minimizar a lamentável ocorrência', escondendo-a e/ou contestando-a de pronto.

Desde os anos 1980, o Brasil é signatário do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, que tem como função controlar a aplicação de tais direitos pelos Estados Partes (caso do Brasil), e esse Pacto Internacional goza da efetividade de Tratado Internacional (valendo notar que, por cuidar de direitos/garantias fundamentais, tem aplicação imediata - Artigo 5º, LXXVIII, § 1º da Constituição Federal). Logo, os doutos locais não têm para onde correr.

Assim, não obstante fontes diversas assegurem a legitimidade da decisão - a exemplo do que se vê Aqui -, o governo brasileiro (Itamaraty; ministério da Justiça) apressa-se em negar a obviedade. 

Forçando a imaginação: Qual seria a reação do editor do New York Times se um articulista 'emissário' do Itamaraty pedisse espaço no jornal-mor para desancar o Comitê de Direitos Civis e Políticos da ONU e o próprio jornal-mor pela ousadia de noticiar essa "semi fake news"? 

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