quarta-feira, 25 de abril de 2018

UM POUCO DE HISTÓRIA: O PERIGO DAS CRUZADAS SALVACIONISTAS (II)

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Os posts divulgados no blog Jornal GGN, coordenado por Luis Nassif, costumam suscitar comentários os mais diversos. Um dos colaboradores do referido blog, o articulista André Araújo  costuma oferecer aos leitores algo além de seus artigos: acompanha as manifestações expostas e, quando julga cabível, sobre elas emite suas impressões ou sugestões. Isso aconteceu relativamente ao mais recente artigo de sua autoria, "O Mahadi e a tragédia histórica das cruzadas salvacionistas" - aqui -, reproduzido por este blog na 'edição' de ontem, 25, sob o título em destaque. Vale a pena ler algumas das observações alinhadas pelo autor, por nós selecionadas (e sem que isso signifique plena concordância quanto aos juízos externados):

OBSERVAÇÕES DE ANDRÉ ARAÚJO


"A História complexa da África pré-colonização e especialmente a História da escravidão, cito Manolo Florentino como o grande autor, mostra que os traficantes costeiros, a maioria brasileiros de origem portuguesa e até mulatos, como o célebre Xaxá, compravam os escravos acorrentados no litoral, eram escravizados por reis africanos de tribos guerreiras, os escravos eram prisioneiros de guerra, do interior ao litoral eram trazidos por caravaneiros árabes que compravam do rei e revendiam na costa para o traficante dono do navio, portanto era um comércio com três níveis.
Da Costa, normalmente onde hoje é o Benim, para o destino que podia ser o Brasil, Cuba, Caribe e América do Norte, o tráfico era dominado pelos donos de navios que faziam seguro da carga e tinham financiamento de bancos.
A colonização europeia foi um ato de imperialismo em cima de uma terrióorio nada civilizado.
Hoje felizmente há uma vasta historiografia da África, com bons autores brasileiros como Alberto da Costa e Silva, que foi Embaixador do Brasil na Nigéria e Portugal, e há uma magnifica historiografia portuguesa que recua até a Antiguidade."
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"Meu caro, os Estados são criações do homem e não da natureza, as fronteiras são produtos de guerras, revoluções e conflitos; na África há hoje 51 Estados, antes dos europeus eram 2.000 e sempre em permanente conflito, era um caos politico absoluto, a colonização europeia, embora desenhando fronteiras arbitrárias, deu alguma ordem ao mapa africano. O povo sudanês é especifico e o Sudão e o Sudão do Sul são nações razoavelmente uniformes sob o ponto de vista cultural, as fronteiras não são tão arbitrárias como as do Iraque, por exemplo. Antes do condomínio anglo-egípcio, que é de 1860, o Sudão continha dois territórios naturais, Darfour e o Kurdophan, e mais ou menos isso se reflete hoje no Sudão e no Sudão do Sul; portanto, a lenda de que antes da colonização a África era risonha e franca é apenas uma lenda, era um chão ensanguentado por milênos."
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"Agradeço o elogioso comentário, a História é a grande mestra e aqueles que a desconhecem repetem seus erros.
Como pode um personagem desconhecido como Joaquim Barbosa, produto exclusivo das transmissões da TV Justiça, ser sequer cogitado para ser candidato a Presidente? Quais as condições desse personagem para governar um País complexo como o Brasil? É espantoso que a sociedade brasileira aceite semelhante delírio e pior ainda é o oportunismo do Partido que o pinçou para essa tarefa, será o primeiro a ser chutado para  longe assim que o "salvador" for eleito."
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"Meu caro, algumas correções históricas: Jânio (Quadros) se voltou contra a Era Vargas, que foi um regime desenvolvimentista e de alta inclusão social, e ao assumir sua política econômica foi a do mercado financeiro da época, com Clemente Mariani, um dos maiores banqueiros do Pais, como Ministro da Fazenda. A única mensagem popular  de Jânio era o combate à corrupção, no mais era ortodoxo na economia e conservador nos costumes, seu governo não deixou marcas ou saudades.
Quanto ao Sudão, antes dos ingleses era o pais mais escravagista da África, nada se aproveitava daquela sociedade tribal, não podemos romantizar a África anterior à Era Colonial.
Concordo com vc quanto à Brasilia; a meu ver foi um erro histórico que custa muito caro ao Brasil e desmontou o Rio de Janeiro, que nunca mais se recuperou da mudança da Capital."
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"(Acima) um antigo artigo meu sobre o mesmo personagem, o Mahadi, visto sob o ângulo do fundamentalismo islâmico.
Há um livro clássico para o tema do fundamentalismo árabe: UNDERSTANDING FUNDAMENTALISM, de Richard Antoun, disponível na Amazon, obra que explica as origens históricas e as raízes políticas do fundamentalismo árabe.
Antoun era professor da Universidade de Nova York e o principal especialista americano em fundamentalismo islâmico, foi assassinado por um terrorista saudita."

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