quinta-feira, 19 de abril de 2018

DESCONSTRUINDO O OBA-OBA DOS SEMINÁRIOS DE HARVARD

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O escritor norte-americano Tom Wolfe escreveu um livro chamado "A fogueira das vaidades", livro que não li, detalhe que não vem ao caso no presente contexto; o certo é que a obra embasou um filme de mesmo nome, dirigido por Brian de Palma, que um crítico de cinema brasileiro considerou um entre os 25 piores filmes de todos os tempos (aqui). Mas o que importa dizer é que a expressão passou a se inserir jocosamente no universo de empáfia em que pululam celebridades tupiniquins, cada uma mais virtuosa e sapiente do que a outra. Nesse pródigo mundo, Harvard, por exemplo, é um diferencial. 'Fulano profere palestras em Harvard!". "Harvard?! Uau!" Mas, eis que aqui e ali, em pleno bem-bom, aparece um estraga prazer para eclipsar o oba-oba, mostrando que o patrocinador e o conteúdo das palestras não são o que as celebridades e seus fãs esperam que pensem os mortais comuns.  


Sobre o oba-oba dos seminários de Harvard

Por André Araújo

Moro e o Ministro Luis Roberto Barroso aparecem na imprensa brasileira (...) como palestrantes em um seminário na Harvard Law School, a Escola de Direito da Universidade de Harvard. Em toda a mídia apareceu essa notícia para demonstrar a importância dos palestrantes.

Não é bem assim. O Simpósio onde eles palestraram é na Associação dos Estudantes Brasileiros da Harvard Law School, um centro acadêmico criado por brasileiros entre as quais Luna van Brussell Barroso, filha do Ministro Barroso. Trata-se, portanto, de evento bem menor do que algum patrocinado pela própria Escola de Direito de Harvard como foi divulgado na mídia brasileira. A Escola tem muitos eventos diariamente, há dias com mais de 30 eventos, mas esse Simpósio não é da Escola e sim da Associação, é palco bem diferente porque não é de responsabilidade institucional da Escola.

Nessa entrevista (...) Sergio Moro mencionou, como referência ao combate à corrupção, o Presidente Theodore Roosevelt. Vamos refrescar a memória. Esse presidente foi o mais imperialista entre os Presidentes americanos do Século XX, criou a política do Big Stick, ou seja, do porrete, para intervir na América Latina protegendo interesses de empresas americanas, invadiu e ocupou a República Dominicana em 1905 e Cuba em 1906. Mas o grande feito dele foi financiar com dinheiro a rodo os secessionistas do Istmo, província colombiana, para que eles se separassem da Colômbia e criassem um novo País, na realidade uma colônia americana, com bandeira americana nos dois lados do Canal, mais de cem edifícios e quarteis, base aérea e naval, a chamada "Zona do Canal" para lá construir o Canal do Panamá inteiramente controlado pelos EUA, sendo que o dólar americano é até hoje a moeda oficial do Panamá.

Esse Theodore Roosevelt  é para o juiz Moro o exemplo na luta contra a corrupção, citado por ele ontem na entrevista a propósito desse Simpósio.

Provavelmente o Presidente americano combatia as gorjetas para a polícia de Nova York, notoriamente corrupta naquele tempo, e no andar de cima operava para as grandes empresas americanas na América Latina. Sergio Moro citou um exemplo infeliz, Theo Roosevelt nunca foi um santo nem para seus patrícios; tomá-lo como paladino da moral é uma piada até para os gringos.  -  (Aqui).

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Sugestão de vídeo: "Léo ao Quadrado - E Ana Amélia confundiu Al Jazeera com o Estado Islâmico"  -  AQUI.

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