segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

BREVE RESUMO DA CONJUNTURA


É evidente que o julgamento (do mensalão) tem um caráter ideológico. Isso ficou claro nas declarações do Celso de Mello e do meu amigo Marco Aurélio, que andou até elogiando a ditadura militar.
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Não existe vácuo de poder. Como o Congresso não exerce o seu papel, o Judiciário avança.
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Veja o caso do Fux, que decidiu que o Senado não pode inverter a ordem dos vetos. Se essa lógica valesse para o STF, não poderiam inverter os mensalões. Teriam que começar com o mensalão mineiro, dos tucanos.
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E se a Justiça funcionasse no Brasil, nem teria havido o mensalão petista. Os operadores teriam sido presos antes. O mensalão tucano era de 1998. O Lula chegou ao poder em 2002 e o escândalo é de 2005.
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E o que o Fux fez foi travar o Congresso inteiro. Hoje, o Judiciário tutela o Legislativo.
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A Constituição é claríssima. ( O Fux) trancou tudo. Vão votar o orçamento depois do Natal, mas nem isso deveria acontecer depois da liminar do Fux.
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A vontade do Barbosa era prender, mas se fizesse isso seria expulso do STF pelo plenário ou pelo Congresso.
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Como é que pode o plenário querer votar na segunda-feira e o tema voltar dois dias depois?
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Foi uma manobra espúria, feita pelo procurador-geral Roberto Gurgel. A meu ver, ele deveria ser convocado para se explicar e essas convocações são coisas corriqueiras, da democracia.
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O problema é que o Congresso não se levanta contra nada. Não estamos conseguindo votar nem o direito de resposta. Todos têm rabo preso, são acovardados.
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Lá em Honduras, alguns ministros da suprema corte foram cassados e eu soube que o Joaquim Barbosa fez um pedido de explicações para entender como foi isso.
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A gente nunca acha que é possível até o dia em que acontece. Aconteceu no Paraguai e em Honduras. O Brasil é diferente? É. É bem mais forte. Mas que existe um golpismo, existe.
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A mídia defende, em linhas gerais, uma ideologia privatista. O moralismo é de ocasião, não por princípios. São moralistas apenas quando o moralismo atende a seus interesses. Eu era um alvo permanente porque cortei as verbas publicitárias. Mas hoje existe a internet.
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(Senador Roberto Requião - PMDB-PR -, em entrevista concedida ao portal Brasil 247, aqui. A seleção foi feita por um leitor do blog Conversa Afiada, aqui, mas sugiro que se leia a íntegra da entrevista: é incisiva por inteiro).

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