sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A MÍDIA SEGUE SEU CURSO


Mídia omite a origem da crise e ataca o governo Dilma

Por Saul Leblon

De repente, o Brasil virou o barnabé da hora aos olhos da crítica econômica conservadora.

A Economist, uma espécie de espírito santo do credo neoliberal, pede a demissão de Mantega e desqualifica os esforços contracíclicos do governo Dilma diante da terra arrasada criada pelos livres mercados no cenário mundial.

Assemelhados nativos tampouco afeitos ao pudor retiram a soberba do baú e voltam a pontificar como se a reforma gregoriana tivesse eliminado o mês de setembro de 2008 do calendário jornalístico. E com ele as ruínas legadas pela supremacia das finanças desreguladas.

Rapinosos homens de negócios dão a sua bicada: o problema do país é o custo da 'folha'. Os salários aqui crescem o dobro da média mundial, emendam os editoriais. Por 'média mundial' entenda-se a situação do emprego na pujante economia da Europa hoje, onde a austeridade neoliberal ressuscitou a mais valia absoluta: corta-se o salário e estende-se a carga de trabalho de quem ainda trabalha. As refeições são feitas nas filas da Cáritas que distribui um milhão de pratos de comida por dia só na Espanha.

Governadores tucanos impávidos diante do incêndio global boicotam a redução no custo da tarifa elétrica proposto por Dilma como se não houvesse amanhã na economia dos próprios estados e no escrutínio das urnas.

O Tesouro vai cobrir a estripulia dos sapecas do PSDB. Mas jornalistas alinhados acodem em massa na sua especialidade.

O jogral que nunca desafina saboreia o PIB baixo e alardeia a primeira consolidação política do levante: tudo decorre da "ineficácia" do que chamam de 'intervencionismo estatal excessivo do governo Dilma'.

O que, afinal, deseja a turma braba que jogou a humanidade no maior colapso do sistema capitalista desde 1929 --e só poupou o Brasil porque não pode derrubar Lula em 2005, perdeu em 2006 e foi às cordas de novo em 2010?

Simples: enquanto as togas cuidam do PT e de 2014, trata-se agora de interditar o debate da crise e sabotar a busca de um novo modelo de desenvolvimento (...).

É a volta do garrote a cobiçar o pescoço soberano do país.

Compreender o papel que joga o monopólio midiático nesse estrangulamento é crucial para reagir com eficácia ao cerco.

Em que medida é possível fazê-lo sem um contraponto de vozes plurais a afrontar o monólogo conservador na formação do discernimento social? Mais que isso. Em que medida é possível restringir e vencer o embate no plano exclusivamente econômico sem alterar o desequilíbrio clamoroso na difusão das idéias? Vejamos.

(Para ler integralmente a matéria, clique aqui).

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Dilma Rousseff, em reunião do Mercosul, acaba de informar que não vai levar em conta a sugestão da revista britânica The Economist, de que seja demitido o ministro Mantega em face do 'pibinho' observado no terceiro trimestre. A revista, entusiástica defensora do neoliberalismo e seu estado mínimo, parece ignorar a situação caótica de quase toda a zona do euro e o fracasso econômico do Reino Unido, fruto da esbórnia financeira produzida pela desregulamentação dos mercados, cuja 'erupção', em 2008, levou desespero aos cidadãos, quadro que só tem se agravado desde então. É no mínimo irônico o fato de representantes de sistemas atolados na crise estarem a, garbosamente, dar pitacos em países que divergem de seus receituários...

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