sexta-feira, 29 de abril de 2011

EMBRIAGUEM-SE


É preciso estar sempre embriagado. Isso é tudo: é a única questão. Para não sentir o horrível fardo do Tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão.

Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser. Mas embriague-se.

E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão: "É hora de embriagar-se! Para não ser o escravo mártir do Tempo, embriague-se; embriague-se sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser".

(Charles Baudelaire, poeta francês, 1821-1867, tradução de Jorge Pontual. Li esse texto há pouco, no blog de Joel Bueno. Li e lembrei de Bob Dylan e sua Blowin' in the Wind).

2 comentários:

Elizabeth disse...

Belissima, né ,uma de minhas preferidas. mas o titulo correto é Emnbriaguem-se, abs Dodó

Dodó Macedo disse...

Perfeito, cara amiga. Procedi à retificação.
Grande abraço.