Um político sorteando entre jornalistas brindes diversos, inclusive passagens aéreas para a Europa, a expensas do Erário.
Um ministro do Supremo Tribunal Federal concedendo monocraticamente dois habeas corpus em menos de quarenta e oito horas, sendo o segundo deles inteiramente colidente com súmula do próprio Tribunal.
Dois ministros do STF se digladiando em plena sessão plenária.
Tais cenas certamente seriam descartadas sumariamente, por inverossímeis. Em seu lugar, amores não correspondidos, intrigas entre rivais (por amor ou dinheiro), sacrifícios e superações, sonhos realizados...
Refiro-me a Corín Tellado (Maria do Socorro Tellado López), que morreu no dia 11 deste mês, aos 82 anos, em Gijón, Espanha.
Corín Tellado escreveu 5.000 romances ao longo de sua trajetória literária. Vendeu 400 milhões de exemplares, ocupando a segunda colocação entre os escritores em língua espanhola mais lidos de todos os tempos (o primeiro é Miguel de Cervantes). É a número 1 do mundo em 'novelas de cordel', pequenos livros (alguns dos quais convertidos em novelas e fotonovelas), que ainda pululam em sebos e que foram o 'must' em barbearias, salões de beleza e salas de espera.
Corín, rainha do 'baixo clero', amargou ad infinitum a 'indiferença' dos literatos do primeiro time, que se limitavam a classificá-la como 'romântica': "Não sou romântica nem escrevo novelas românticas. Sou positiva e sensível, e escrevo histórias sentimentais".
Em meus velhos tempos, Corín Tellado (que me dava a impressão de ser pseudônimo) era bem familiar: minha irmã mais velha era fã incondicional, malgrado os puxões de orelha de meus pais. Ela nos livrinhos, eu nos gibis. Lia todas as revistas de quadrinhos, mais seleções do reader's digest, o Cruzeiro, Cigarra, sem perder de vista os livrões.
Mas marcante mesmo era o nomão Corín Tellado estampado em cada capa dos "livros de amor".
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