- Achou o jeito?
- Como?
- Eu te mandei encontrar um jeito. E aí?
- Pense em algo difícil, chefe! Dei tratos à bola, queimei neurônios. Nada. O sujeito está blindado.
- Blindagem, blindagem! Dispenso o diagnóstico. Quero é o jeito!
- Ele tem prerrogativas demais. E mais: não deixa lacunas. A conformidade é plena. Nosso parceiro daquela região perquiriu tudo, e nada! Incluiu na pauta outros processos, à cata de nódoas. Debalde.
- Estou convicto de que esses sujeitinhos de primeira instância contam com prerrogativas em excesso. Isso não parece coisa de estado democrático de direito. Isso é um abuso, isso sim!
- A alternativa vai ser aguardarmos a subida do processo. Aí a gente, graças a Deus, encerra essa interminável e estressante situação.
- Só que o estrago já estará feito. A exposição pública será um tormento. Não pode ser por aí. Não dá para aguardarmos a subida do processo.
- Voltamos, pois, ao início.
- Já sei! Vamos tornar sem efeito as prerrogativas!
- O senhor quer dizer revogar as prerrogativas?
- Claro! O que poderia ser?
- Mas a Constituição Federal equipara-as às cláusulas pétreas. São imexíveis.
- Não, não. Elas são passíveis de extinção via PEC!
- Está havendo um equívoco, chefe. São imexíveis.
- Pensando bem, você está certo.
- Voltamos, pois, ao início...
- Um instante! Você usou o termo imexíveis. Duas vezes!
- De fato.
- Para mim, essa palavra é inteiramente chula. Recomendo-lhe esmerar-se um pouco mais na escolha das palavras a dirigir-me.
- Eu vivo a lutar por isso, chefe. Creia-me. Luto, luto, mas não consigo...
- Encontre um jeito.
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