O Brasil não tem crise, tem problemas. Esse o entendimento do consultor Stephen Kanitz, que considera o fato de o Brasil conhecer a extensão de seus problemas o seu principal mérito. Tal capacidade de conhecer os problemas decorre da "cultura inflacionária", visto que os anos e anos de inflação forçaram os agentes econômicos a manter a contabilidade sempre atualizada e os bancos a, além disso, imprimir celeridade às transações.
Concordo. E vou adiante. Os seguintes itens adicionais é que tornaram o Brasil essa "ilha de resistência":
.diversificação das parcerias comerciais, observada a partir de 2003. Para exemplificar: o Brasil elevou substancialmente suas exportações para os EUA; não obstante, o percentual por elas representado caiu de 28% para 16%. Ou seja, enquanto o Brasil exporta 16% (e não mais 28%) do universo de seus produtos para os EUA, o México, p. ex., exporta 80%. (Agora é que se vê o peso da "soma dos pequenos": países africanos, caribenhos, asiáticos, americanos do sul... Ao final de 2008, 51% das exportações brasileiras eram destinados a países em desenvolvimento);
.baixo endividamento bancário dos brasileiros no contexto mundial. Enquanto o crédito bancário brasileiro representa aproximadamente 40% do PIB do Brasil, a realidade é bem diferente lá fora: Chile: 80%; Itália e França: 90%; Inglaterra e Suíça: 160%; Estados Unidos e Japão: 180%;
.critérios técnicos de controle de risco/crédito adotados pelo Banco Central do Brasil mais rigorosos do que os previstos no Acordo de Basiléia II. (Convém lembrar: os EUA não aderiram ao Basiléia II);
.fortalecimento do mercado interno brasileiro, decorrente, em especial, da elevação da distribuição de renda (programas sociais, incremento do salário-mínimo...) e da ampliação do crédito a cargo dos bancos públicos (BNDES, CEF, BB, BN).
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