quinta-feira, 18 de setembro de 2025

MOTTA DESCUMPRE PROMESSA E EXPÕE DEBILIDADE DO GOVERNO E CANSAÇO DO STF

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"'Desgaste vem e passa', disse um líder do centrão à coluna às 16h59, quando já ficava claro que o placar da aprovação da PEC da Blindagem havia dado fôlego aos entusiastas da votação da urgência da anistia geral e irrestrita.

                (Hugo Motta,  presidente da Câmara   -  por muitos
                também conhecido por Arthur Lira Boy)

Por Daniela Lima

"Desgaste vem e passa", disse um líder do centrão à coluna às 16h59, quando já ficava claro que o placar da aprovação da PEC da Blindagem havia dado fôlego aos entusiastas da votação da urgência da anistia geral e irrestrita.

O texto só entrou em votação perto das 21h de ontem. O motivo: o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), havia dito a integrantes do governo, do Senado e do Supremo que só colocaria a anistia ampla em pauta para derrubar o tema, com rejeição da maioria da Câmara. Prometeu e não cumpriu.

Os sinais de cansaço com a dubiedade do comandante dos deputados, que decidiu abraçar uma série de pautas polêmicas para, nas palavras do próprio Motta, ter "governabilidade" no plenário, começaram a ficar evidentes quando o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), demonstrou publicamente sua irritação com cobranças de radicais e ataques persistentes.

"O Davi também está de saco cheio, chegou num limite. Cobrado por essa série de bombas lançadas pela Câmara... Tenho para mim que a relação ali trincou", diz um aliado do presidente do Senado.
Para dar o recado do recuo ao Supremo, Motta escalou interlocutores vistos como neutros, nem arraigados ao bolsonarismo nem ao petismo. "Torcendo o nariz, os ministros ouviram", disse um dos acionados para as conversas.

Às 19h30 um aliado do presidente Lula reconheceu que a situação estava crítica: "Está muito perigoso. O que pode salvar é o STF", disse. O problema é que há semanas os ministros se queixam da inação e da incapacidade do governo de organizar minimamente sua base no Congresso —e não conseguindo fazê-lo, recorrerem à Corte.

"Aqui, estamos um tanto cansados dessa história de perder e correr para cá", disse um integrante da Corte. Na véspera, um outro ministro, diante da iminente aprovação da PEC da Blindagem pelos deputados, desabafou: "Se o governo não tem base para barrar uma PEC fica difícil, né."

A promessa de Hugo Motta, agora, é a de mudar o texto da anistia que teve a urgência aprovada ontem. A redação exibida a alguns deputados renderá ao ex-presidente Jair Bolsonaro uma redução de cinco ou seis anos na pena imposta pelo STF. Ela mexeria na dosimetria das penas aplicadas aos condenados pelos atos que levaram ao 8 de janeiro de 2023.

Aos que não participaram diretamente de atos de vandalismo, há possibilidade de extinção total da pena —algo que é visto como ilegal pela maioria do STF.

A ideia é colocar o novo texto em votação na próxima semana. Se o presidente da Câmara, desta vez, vai conseguir cumprir o que promete, ninguém sabe. - (Aqui).

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Que o STF não se deixe vencer pelo cansaço ou por eventuais cascas de banana.

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