segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

NA ZONA DO AGRIÃO


"Cansei de levar bola nas costas."





(De Sergio Moro, ex-juiz e futuro ministro da Justiça, nesta segunda em Madri, ao explicar por que trocou a magistratura pela política. Segundo a Folha - aqui -, "ele usou a expressão para caracterizar o que seria um alcance limitado de suas sentenças enquanto juiz", o que moro explicita: "Meu trabalho no Judiciário era relevante, mas tudo aquilo poderia se perder se não impulsionasse reformas maiores, que eu não poderia fazer como juiz".

Ocorre que no futebol, onde o novel ministro confessa que foi buscar a expressão, 'levar bola nas costas' é quando, em pleno campo de jogo, muitas vezes até na chamada zona do agrião - como dizia o fera João Saldanha -, o zagueiro é surpreendido por alguém, seja adversário, seja companheiro de equipe, que lança a bola 'para trás', deixando-o em maus lençóis. Se isso é feito por companheiro, de forma intencional, pode configurar boicote, traição, rixa pessoal, por aí. Até onde todos sabem e puderam ver, não foi o caso do senhor Moro enquanto juiz. Muitíssimo pelo contrário.   

Poderíamos até especular, agora, sobre passos futuros na esfera política, mas isso, neste momento, não parece vir ao caso - o que não nos impede de dizer, mais uma vez, que o combate à corrupção é missão para lá de meritória, desde que orientada no respeito irrestrito aos direitos e garantias alinhados na Constituição, a qual, queiram ou não, inclusive, vejam só!, juízes de base, deve prevalecer erga omnes).

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