Diz que um furibundo chefe de tropa do ditador espanhol generalíssimo Francisco Franco vivia a vociferar: "Quando escuto alguém falar em cultura, trato de sacar a minha pistola!" Por essas plagas não se chega a tanto, mas, que a cultura é um dos patinhos feios do cenário, não pairam dúvidas. E de rachar, mesmo, é quando o governante, instado a manifestar-se quanto ao descaso em relação à cultura, tenta sair-se com argumentos do tipo: "Nós tivemos de eleger prioridades, entende?". Ou simplesmente alegar que as hoje 'viúvas' do Museu estão fingindo quando atribuem tanta importância ao tema, quando antes não davam a mínima, como declarou o secretário de governo, sr. deputado Carlos Marun.
Museu Nacional: só 2 dos 13 programas presidenciais falam em proteção a museus
Por Raphael Kapa, da Agência Lupa
Na noite do último domingo (2), um incêndio de mais de cinco horas destruiu a maior parte do acervo do Museu Nacional, mantido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Enquanto as chamas consumiam o edifício histórico, que completava 200 anos em 2018, candidatos e políticos de diferentes espectros ideológicos foram às redes sociais denunciar o descaso dos governos com a instituição. O próprio ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, em entrevista à GloboNews, disse que a tragédia era resultado de negligência.
Por conta da dimensão da perda e da repercussão midiática, é bem provável que a cultura finalmente entre na pauta da campanha eleitoral. Em face disso, a Lupa checou como os candidatos à Presidência da República trataram a preservação do patrimônio cultural e a política de museus nos programas de governo que registraram no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Veja a seguir o resultado:
(Para ver o resultado, clique AQUI e constate que, dos 13 programas presidenciais registrados no TSE, apenas o da Rede e o do PT trazem proposta específica, relacionada à política de museus).
Veja agora os detalhes:
O candidato do Podemos não traz nenhuma proposta para preservação do patrimônio cultural ou para a valorização de museus. No campo da cultura, a única promessa é “Cultura livre com Cartão Cultura”.
O candidato do Patriota não menciona nenhuma política voltada especificamente para a cultura em seu programa.
O pedetista destaca um capítulo de seu programa para promessas relacionadas à cultura, entretanto não faz nenhuma menção direta à valorização de museus. O tópico que tangencia o tema promete “preservação e ampliação de nosso patrimônio artístico-cultural”.
O candidato do DC faz três promessas amplas para a cultura, incluindo “resgate e valorização da cultura e da identidade nacional”. Não há nenhuma menção sobre valorização ou política de museus.
O tucano atrela as políticas culturais a pautas econômicas em seu plano de governo. Afirma que o desenvolvimento da indústria criativa auxiliará o empreendedorismo em cultura. Também diz que reconhece as diversas manifestações artísticas como parte de um desenvolvimento econômico. O candidato não traz nenhuma proposta sobre a preservação do patrimônio cultural ou uma valorização dos museus.
O candidato do PSOL dedica oito páginas do seu programa à cultura e define oito promessas para a área, incluindo 2% do PIB. Entretanto, Boulos não apresenta nenhuma proposta relacionada de forma direta à política de museus.
O emedebista não expôs nenhuma proposta para a área da cultura, preservação do patrimônio cultural ou museus em seu programa.
O candidato do PSL também não menciona propostas para a cultura e política de museus.
Na disputa representando o partido Novo, João Amoêdo não traz nenhuma proposta relacionada à preservação de patrimônio cultural. Neste campo, somente afirma que implementará “novas formas de financiamento de cultura, do esporte e da ciência com fundos patrimoniais de doações”
Dos 20 pontos em seu programa, o representante do PPL dedica um à cultura. Ainda assim, não há nenhuma menção direta à valorização de museus. As propostas tratam sobre restabelecer uma política cultural e focar em produzir ambientes digitais de memória.
O PT (...) afirma em seu programa de governo que fortalecerá o Iphan e o Ibram para “proteção e promoção do patrimônio cultural e de fortalecimento da política nacional de museus”.
A candidata da rede incluiu a política de valorização de museus em seu programa. Ela afirma o seguinte: “Nos comprometemos a oferecer condições de funcionamento a museus, arquivos e bibliotecas”
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