quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

TRUMP, ISRAEL E A PAZ NA PALESTINA


Ascensão de Trump sepulta acordo de paz na Palestina

Por Lilian Milena

A ascensão de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos aponta para o encerramento das tentativas de acordo de paz entre Israel e Palestina, no Oriente Médio, segundo avaliação do mestre e doutorando em relações internacionais do programa de pós-graduação San Tiago Dantas, Bruno Uberman, estudioso das ocupações judaicas na Palestina.

“Com a eleição do Trump, Israel vai ter um espaço maior de manobra do que já teve até o momento, de produzir políticas unilaterais em relação aos palestinos. Portanto, podemos dizer que o processo de paz, se até então era um processo meio natimorto que vinha se arrastando, agora está definitivamente encerrado”, ponderou durante encontro promovido pelo GECI (Grupo de Estudos sobre Conflitos Internacionais), na PUC-SP, para debater o impacto geopolítico da mudança de governo nos Estados Unidos.

Uberman destacou que, ainda durante as eleições, Trump acenava para uma aproximação maior com Israel, colocando o estado como um verdadeiro amigo e fazendo questão de incluir em suas declarações que a filha, Ivanka, tinha se convertido ao judaísmo.
A vitória do republicano também foi claramente bem recebida pelo governo israelense. O Ministro da Educação daquele país, Naftali Bennett, declarou na ocasião que o novo presidente “oferece a Israel a possibilidade de renunciar imediatamente à ideia da criação de um Estado Palestino” reforçando em seguida que “a era de um Estado Palestino ficou para trás”.

A grande preocupação, para Uberman, é que a radicalização da política israelense na Palestina aumentará a tensão e, consequentemente, os conflitos. “O aprofundamento do controle israelense sobre os territórios [palestinos] deve gerar mais mortes, mais agressão, mais violência no médio e longo prazo. [Lembrando que], historicamente, os palestinos, por vezes, optam pela resistência violenta”, destacando que o momento é de uma nova era na política internacional israelense e palestina, que “viveu um marasmo nos oito anos de governo Obama, com a manutenção do status quo”.

“O que vimos [na imprensa] foi uma direita judaica relativizando antissemitas em nome de um projeto político como, [por exemplo], um rabino ultra ortodoxo, que já trabalhou com Bannon dizer que ele é marcadamente islamofóbico, tem ódio aos árabes”.

Uberman alerta que o antissemitismo tem sido relegado aos críticos de Israel, como Roger Waters, guitarrista do Pink Floyd e umas das lideranças na campanha a favor de um boicote ao estado, por conta de suas investidas violentas na Palestina.
“O ranço do antissemitismo é muito forte e faz parte da identidade judaica ao redor do mundo, seja em Israel, seja em outros lugares, e justifica as ações do estado [na Palestina] até hoje”.

Hegemonia neoliberal
O pesquisador salienta que, tradicionalmente, os liberais norte-americanos sempre se colocaram como grandes amigos de Israel, que, por sua vez, se tornou nos últimos anos a vanguarda da direita ultranacionalista mundial.

“Israel é o paraíso para a direita que relativiza o racismo, xenofobia e reivindica um nacionalismo étnico. Um país que, ao mesmo tempo, consegue controlar a população palestina, expulsar, oprimir, remover e se mostrar [para o mundo] como um país democrático, a única democracia no Oriente Médio, um refúgio contra a barbárie [naquela região de nações islâmicas]”, acrescentando que a eleição de Trump e o fortalecimento das relações Estados Unidos-Israel aponta para o um momento paradigmático no plano ideológico mundial, com a materialização da ascensão das ultradireitas nacionalistas. 
“Israel se conecta diretamente com todos esses projetos políticos [apresentados, por exemplo, pelo UKIP, na Grã Bretanha, por Le Pen, na França, e por Bolsonaro, no Brasil], que é uma reafirmação da sua identidade étnica, nacional, confirmação de suas fronteiras nacionais e controle dessa população marginalizada indesejada”. (Fonte: aqui).

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