sábado, 12 de novembro de 2016

ANTEVENDO A ERA TRUMP

Marian Kamensky.                            (OU NÃO...)

O que acontecerá no Brasil e no mundo

Por Renato Rovai

Se há algo a que analistas políticos de todas as partes do planeta se dedicam com bastante afinco é o de exercitar o que se convencionou chamar de futurologia. De alguma forma é justo que isso ocorra, fazer análise é buscar antecipar jogadas. Mas há momentos em que isso se torna mais arriscado do que jogar búzios sem nunca ter tido contato com o além.

Um dos momentos é o atual. Uma tsunami de incertezas ronda o mundo já há algum tempo e tudo o que está acontecendo, por mais lógico que pareça ser agora, não faria o menor sentido há dois anos.

Por exemplo, que analista político americano previu em 2014 que um candidato como Donald Trump e com o discurso que ele assumiu se elegeria presidente dos EUA? Você pode responder que há 16 anos essa previsão já teria tido espaço num episódio dos Simpsons. Ok, ponto pra você, mas ao mesmo tempo talvez fizesse mais sentido essa piada há 16 anos do que há dois. E até onde se sabe o roteirista que criou o Homer não é encarado como um analista respeitado no universo da política lá na gringa.

Mas vamos sair da matriz para nos deslocar a uma de suas filiais. No dia 11 de novembro de 2014 o Brasil tinha um desemprego na casa dos 5% e Dilma preparava a lista de convidados para a posse de sua reeleição. Havia todo tipo de especulação sobre eleições municipais; afinal, depois de uma eleição sempre se especula sobre a próxima, mas não me recordo de nenhuma previsão de que um sujeito fora da política com discurso privatista seria eleito no primeiro turno na cidade de São Paulo. O nome de João Dória não passava pela cabeça de ninguém. Talvez nem pela dele.


Cunha já se imaginava presidente da Câmara: afinal tinha investido muito nisso. Quantos deputados devem estar dormindo mal nesses últimos dias. Mas depois de ter vencido a batalha pela presidência da Casa contra Arlindo Chinaglia (lembram disso, faz menos de 2 anos) nem num sonho poderia se imaginar que hoje ele estaria na cadeia.

Aliás, não só ele.

Mas você pode falar: isso que aconteceu no Brasil tem a ver com a Lava Jato. Que é algo excepcional. Que não conta.

Mas eu falei do Trump? Isso é um ponto fora da curva, pode responder o insuspeito colega que acredita em divindades jornalísticas.

Há dois anos, por acaso, quantos foram os que escreveram que o Reino Unido aprovaria em plebiscito a saída da União Europeia? Isso seria considerado um devaneio.

Como por maluco foi tratado Michael Moore há quatro meses quando previu a vitória de Trump. Aliás, não só ele. Este blogueiro escreveu algumas vezes que acreditava na vitória do Republicano e por muitas delas recebeu aulas sobre o sistema político americano, como se fosse um idiota que dá pitacos em seara desconhecida.

É, colegas, há muitas previsões sobre 2020 no ar. Uma delas dá conta do enorme favoritismo do PSDB e em especial de Geraldo Alckmin para ser o próximo presidente da República. Faz todo sentido hoje. Mas talvez não faça daqui a dois anos.

Como faz todo sentido imaginar um mundo com Trump em 2020 muito pior do que o de hoje. Mas quem disse que ele dura até lá?

Num planeta de redes digitais conectadas é tudo muito mais rápido porque os fluxos são outros. Bem distintos.

O jornalismo ainda cavalga, enquanto a realidade usa teletransporte.

Por isso que a cada dia que passa fica ainda mais difícil acertar qualquer coisa.

Boa sorte, 2020.

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(Fonte: Revista Forum - Blog do Rovai - aqui).

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Ou, lembrando o que dizia um velho banqueiro e político mineiro, política é como as nuvens: você olha e elas estão formando certos desenhos no céu, olha momentos depois e os desenhos são outros.

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