quinta-feira, 16 de outubro de 2025

EM ARTIGO NO VALDAI CLUB, MARCO FERNANDES QUESTIONA COMO O BRASIL VAI SE POSICIONAR DIANTE DA NOVA ORDEM GLOBAL

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Analista alerta para o fim da ordem internacional e defende que o país recupere uma política externa soberana


No Brasil 247

O analista Marco Fernandes publicou no Valdai Discussion Club o artigo “A ordem internacional acabou! E agora, Brasil?”, no qual analisa o colapso da antiga ordem global e os desafios do país diante de um cenário de tensões crescentes entre as grandes potências. O texto examina o impacto das recentes agressões do governo de Donald Trump contra o Brasil e defende a reconstrução de um projeto nacional soberano que una as elites produtivas e os setores populares em torno de um Estado capaz de liderar o desenvolvimento.

Logo no início, Fernandes cita a declaração contundente do diplomata Celso Amorim, assessor especial do presidente Lula, que, em entrevista à televisão brasileira, reagiu ao ataque ilegal dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas. Em tom grave, Amorim afirmou: “A ordem internacional acabou! Seja do ponto de vista do comércio ou da paz e da segurança. Teremos que nos adaptar a isso, e não será fácil.

Escalada de tensões entre Brasil e Estados Unidos

Poucos dias após o ataque ao Irã, Donald Trump ameaçou impor tarifas adicionais de 10% aos países do BRICS que participassem de supostas “iniciativas antiamericanas”. Segundo Fernandes, a ameaça revelou o incômodo da Casa Branca com o fortalecimento do grupo e expôs uma ofensiva geopolítica contra o Sul Global.

A situação se agravou quando Washington impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, mesmo com um superávit de cerca de US$ 410 bilhões em favor dos Estados Unidos nos últimos 15 anos. Para o autor, a medida teve caráter político: pressionar o presidente Lula e o Supremo Tribunal Federal (STF) a interferirem no julgamento de Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023.

Trump também acusou o STF de violar a “liberdade de expressão” de empresas e cidadãos norte-americanos por regular plataformas digitais envolvidas em casos criminais. Com isso, o ministro Alexandre de Moraes tornou-se o principal alvo de sanções impostas pelos Estados Unidos com base no Magnitsky Act.

O artigo destaca ainda a participação do deputado Eduardo Bolsonaro, que se refugiou nos Estados Unidos e vem mantendo contatos com o entorno de Trump, numa articulação descrita por Fernandes como “uma conspiração contra o próprio país”. 

Lula retoma a defesa da soberania nacional

A ofensiva de Washington provocou uma reação imediata de Lula, que adotou um discurso firme em defesa da soberania brasileira. Em uma de suas falas mais marcantes, o presidente declarou que “Trump foi eleito para ser presidente dos Estados Unidos, não imperador do mundo.”

Desde então, o governo brasileiro reaproximou-se do BRICS, intensificou o diálogo com China, Rússia e Índia e passou a priorizar uma política de diversificação econômica e diplomática. Como definiu Celso Amorim, “a diversificação é o novo nome da independência.”

Lula também prepara visitas de Estado à Indonésia e à Malásia, além de um encontro com Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, reforçando o esforço de inserção autônoma do Brasil no cenário global. 

A reconstrução da política externa e o legado da Lava Jato

Fernandes lembra que o Brasil ainda sofre as consequências da Operação Lava Jato, descrita como uma das maiores ações de lawfare da história, conduzida com apoio do FBI e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O processo destruiu empresas estratégicas, como a Odebrecht e a OAS, e inviabilizou o financiamento de obras de infraestrutura pelo BNDES em países da América Latina e da África — pilares da política de integração regional dos governos de Lula e Dilma Rousseff.

Entre 2007 e 2015, o BNDES financiou mais de US$ 10 bilhões em projetos de infraestrutura em países vizinhos, fortalecendo a UNASUL e a CELAC e projetando o Brasil como liderança do Sul Global. O golpe de Estado contra Dilma, em 2016, e a ascensão de Jair Bolsonaro desmantelaram essa estratégia e submeteram o país novamente à órbita de Washington.

Agora, o governo Lula tenta reconstruir a política externa ativa e altiva, retomando o papel de articulador regional. Um projeto de lei enviado ao Congresso prevê que o BNDES volte a financiar obras no exterior, abrindo caminho para uma nova etapa de integração latino-americana.

O desafio de um novo projeto nacional

Fernandes lembra que o Brasil ainda sofre as consequências da Operação Lava Jato, descrita como uma das maiores ações de lawfare da história, conduzida com apoio do FBI e do Departamento de Justiça dos Estados Unidos. O processo destruiu empresas estratégicas, como a Odebrecht e a OAS, e inviabilizou o financiamento de obras de infraestrutura pelo BNDES em países da América Latina e da África — pilares da política de integração regional dos governos de Lula e Dilma Rousseff.

Entre 2007 e 2015, o BNDES financiou mais de US$ 10 bilhões em projetos de infraestrutura em países vizinhos, fortalecendo a UNASUL e a CELAC e projetando o Brasil como liderança do Sul Global. O golpe de Estado contra Dilma, em 2016, e a ascensão de Jair Bolsonaro desmantelaram essa estratégia e submeteram o país novamente à órbita de Washington.

Agora, o governo Lula tenta reconstruir a política externa ativa e altiva, retomando o papel de articulador regional. Um projeto de lei enviado ao Congresso prevê que o BNDES volte a financiar obras no exterior, abrindo caminho para uma nova etapa de integração latino-americana.  -  (Aqui).

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