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Bolívia: "Seus vastos recursos de lítio - os maiores do mundo, com 23 milhões de toneladas métricas - são muito procurados globalmente para baterias destinadas ao armazenamento de energia renovável e veículos elétricos". Em passado mais ou menos recente, essa riqueza foi alvo de Tio Sam (Elon Musk/Tesla à frente), mas Morales rechaçou a investida. Agora o caminho está livre...
A derrota dos socialistas nas eleições na Bolívia, pela primeira vez em 20 anos, fortalece a ambição americana de retomar uma hegemonia na América Latina, e o governo de Donald Trump já projeta a vitória de aliados nos próximos dois anos em eleições consideradas estratégicas na região.
No último fim de semana, o primeiro turno da eleição presidencial boliviana terminou com dois candidatos de direita na liderança e o colapso do MAS, o Movimento ao Socialismo.
A eleição boliviana foi comemorada na Casa Branca como um passo importante no plano de enfraquecer as alianças progressistas na região e de retomar projetos que possam deslocar chineses e russos na América do Sul.
Em Washington, retomar a influência sobre a América Latina é considerado uma prioridade.
A previsão de interlocutores do governo de Donald Trump é que um "eixo conservador" possa estar sendo estabelecido nas urnas, com governos "simpáticos" aos interesses americanos. "É quase um novo continente, se compararmos ao que existia", afirmou um membro do governo.
Depois de se aproximar dos governos da Argentina, Paraguai, Equador, Guiana, Peru e agora ver a derrota do grupo liderado pela esquerda na Bolívia, o foco está voltado para as eleições no Chile, no final de 2025.
De fato, as pesquisas revelam que Jeannette Jara, a atual ministra do Trabalho e militante do Partido Comunista, lidera com 29% dos votos. O representante da direita, José Antonio Kast, aparece com 27%. Outra candidata de direita, Evelyn Matthei, ocupa a terceira posição, com 14%. Mas, no segundo turno, a candidata de esquerda seria derrotada por ambos seus adversários de direita.
Kast é um admirador declarado de Trump, mantém uma relação de amizade com o presidente argentino, Javier Milei, e frequenta as reuniões do líder do partido espanhol Vox, Santiago Abascal, herdeiro do franquismo. Ele ainda elogiou a política de segurança do presidente salvadorenho, Nayik Bukele, e seu discurso tem se concentrado há meses basicamente em segurança e migração irregular.
"Vivemos uma emergência de segurança que mantém as famílias trancadas em suas casas, deixa os criminosos livres nas ruas e permite que estrangeiros ilegais violem impunemente nossas fronteiras e nossas leis", afirmou Kast.
Em 2026, outra eleição que atrairá a atenção da Casa Branca é a da Colômbia, liderada por Gustavo Petro. O governo Trump acredita que a debilidade do colombiano - em parte causada pelos ataques de Washington - deve dificultar a eleição de um sucessor.
Mas a prioridade é garantir que a ala progressista não saia vencedora das eleições no Brasil, no final do próximo ano. A ofensiva contra o STF, a adoção de sanções e a desestabilização da economia poderiam abrir caminho para um enfraquecimento do governo Lula. Em Washington, consultores que trabalham com assessores de Trump apontam que a consideração interna na Casa Branca é de que a popularidade em alta de Lula por conta da crise com os EUA não seja um efeito duradouro.
Lítio boliviano
No caso boliviano, os dois candidatos que irão se enfrentar no segundo turno em outubro são vistos com simpatia pela administração de Donald Trump. Rodrigo Paz, de centro-direita, e Jorge Tuto Quiroga somaram quase 60% de todos os votos, contra apenas 8% aos socialistas.
Quiroga, por exemplo, promete promover cortes profundos dos gastos do estado e tem elogiado o caminho adorado por Javier Milei, na Argentina. Assim como o líder argentino, o candidato boliviano considera pedir um novo pacote de resgate do FMI.
O alinhamento também ocorre em sua política externa. Se vencer, Quiroga promete retomar relações de proximidade com Israel e uma aproximação estratégica com os EUA.
A derrota dos socialistas também interrompe uma diplomacia que apostava na aliança bolivariana na região, com fortes características antiamericanas. O presidente Luis Arce, que assumiu o poder em 2020, abandonou o Grupo de Lima, criado para colocar pressão sobre Nicolas Maduro, e aderiu ao Brics.
Diego von Vacano, do Wilson International, destacou que a Bolívia ainda cumpre uma outra função estratégica para os interesses americanos: o lítio.
"Seus vastos recursos de lítio - os maiores do mundo, com 23 milhões de toneladas métricas - são muito procurados globalmente para baterias destinadas ao armazenamento de energia renovável e veículos elétricos", disse.
"O país também possui quantidades significativas de estanho, alumínio, antimônio, prata, zinco e chumbo. Mas tem enfrentado dificuldades para atrair investimentos estrangeiros significativos, mesmo com o declínio de sua indústria de gás natural, que é sua tábua de salvação econômica", explicou.
"Para os Estados Unidos, a Bolívia é importante não apenas como uma fonte potencial de minerais, mas como um campo de batalha na competição dos EUA com a China e a Rússia", escreveu o especialista. - (Aqui).
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Não se sabe ao certo o que Tio Sam fará para 'ajudar' forças aliadas nas eleições que futuramente ocorrerão na Colômbia, Chile e outras paragens (já que a Bolívia caiu em seu colo naturalmente, em vista da ganância de Morales), mas que os citados, inclusive (e especialmente) os instalados em outras paragens, receberão 'ajuda', isso não causará surpresa. Só que desta vez o Fator BRICS entrará em cena.

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