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A SALA DOS PROFESSORES
Não são apenas alguns alunos, mas também alguns professores e funcionários que merecem reprovação em conduta nesse drama alemão indicado ao Oscar de filme internacional. A Sala dos Professores (Das Lehrerzimmer) trata de dilemas comuns a escolas modernas, civilizadas, que empoderam os alunos e seus pais a ponto de transformá-los em tiranos, enquanto os professores são jogados às feras.
Quando os roubos se multiplicam em sua escola e um de seus alunos – justamente um de ascendência árabe – é injustamente acusado, a professora Carla Nowak (Leonie Benesch) resolve ir fundo na investigação. O método utilizado, contudo, a coloca em posição delicada perante a ética vigente na “sala dos professores”. Uma acusação com prova frágil e um menino que resolve tomar as dores da mãe dão origem a uma bola de neve, resultando no cancelamento social de Carla e numa revolta dos alunos que reproduz alguns vícios da contemporaneidade.
A direção de Ilker Çatak imprime uma tensão de thriller pouco comum em cenário escolar. Nós, espectadores, nos vemos presas de um labirinto em que a provável verdade pouco vale perante a luta de poder entre alunos e professora, bem como a “política de tolerância zero” imposta pela direção da escola. As questões envolvem estímulo à delação, preconceitos étnicos e autoculpabilização. Tudo se passa no fio de uma navalha.
Bem conduzido em estilo seco, com ótimas atuações de adultos e crianças, o filme é desses que, como Anatomia de uma Queda, não oferece soluções fáceis nem respostas conclusivas ao imbroglio que a certo ponto é simplesmente abandonado com os créditos finais.
P.S. Vem aí Ervas Secas, de Nuri Bilge Ceylan, que trata de tema semelhante e tem cenas cruciais na tal “sala dos professores”. - (Blog Carmattos - Aqui)
>> A Sala dos Professores está nos cinemas.
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