sexta-feira, 6 de julho de 2018

COPA DO MUNDO: A CANARINHO E AS PREFERÊNCIAS

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Quem se disporia a, em plena Copa do Mundo, no curso ou expectativa de um confronto da Canarinho com o adversário da vez, ficar na lengalenga de dever, ou não, torcer pelo Brasil? A paixão pelo Futebol, e, claro, pela Canarinho é isso, e só isso: curtir a alegria do gol, da vitória, de ver compatriotas brilhando, de ver o povão compartilhar um momento de tensão, na expectativa de que aquilo resulte, ao final, em satisfação e felicidade, um instante de conforto em meio a uma dura realidade - e, como diria o outro, triste de quem, nos poderosos planaltos, ousar tirar proveito!


As esquerdas e as Copas do Mundo: povo, Neymar, alienação e o Brasil Campeão!

Por Alexandre Tambelli

Um texto para discussão.

Toda concordância e discordância ao texto é bem-vinda. É para nosso crescimento conjunto e um debate possível nas esquerdas.  

O Futebol tem relação interessante com o povo brasileiro na Copa do Mundo: integra as pessoas e faculta ao brasileiro um momento de congraçamento e de alegria, que, talvez, uma esquerda mais teórica tenha medo de encarar no campo prático, porque coloca como premissa a lógica da alienação do povo o torcer no Futebol.
Tenho visto uma quantidade significativa de análises que sonham que o Brasil perca logo, porque dizem que durante a Copa os golpistas estão fazendo Leis lesivas ao país e ao povo, estão entregando nosso patrimônio ao Capital estrangeiro e a gente nem fica sabendo.
É um equívoco, uma generalização, penso eu, porque as ações radicais contra o povo brasileiro e a nossa soberania sendo devastada acontecem com Copa ou sem Copa, pelo menos desde o dia do afastamento da Presidenta Dilma, legitimamente eleita e afastada pelo Golpe em 13 de maio de 2016.
Se observarmos a empatia do Futebol da Seleção com o povo nesta Copa, me parece que encontraremos uma imagem de resgate de um sentimento de brasilidade, tombado pelo Golpe, de querer um Brasil melhor, e não é uma alienação, é a fórmula possível ao povo que sofre, não necessariamente um processo de alienação coletiva.
E o povão, preferencialmente, tem se encontrado mais próximo da Seleção do que pensamos. Veja que a venda da camiseta do Neymar, mesmo que do camelô ou da lojinha de miudezas, de cornetas, de tinta verde e amarela e bandeiras tem sido mais comum do que se pensou ser, devido ao Governo Temer e a baixa-autoestima do brasileiro produzida com ele. As pessoas das classes sociais menos abastadas estão de verde-amarelo e torcem pelo Brasil com paixão! Percebo a torcida e o vestir da camisa 10 ao andar pela cidade de São Paulo, incluindo um olhar concreto nas periferias e nos perfis de Internet.
Os mais pobres têm uma relação com o Neymar que a gente não dimensiona porque queremos um Neymar modelo revolucionário, e não é assim, ele é um modelo Sistema, como é a maioria do povo brasileiro, com seus sonhos, suas expectativas e suas fantasias de consumo, alicerçados os sonhos dentro da propaganda Capitalista. E a camisa do Neymar vestida pelo povão é uma representação de empatia do povo com o Neymar e queremos desconstruí-la a troco de quê?
Não é produtivo e me parece um pouco de soberba.
Neymar é o pobre que deu certo, que subiu na Vida. E o Neymar tem empatia com o povo faz um bocado de tempo, não é uma relação de agora nem um projeto pensado do pós-Golpe associar Neymar com neoliberalismo, empreendedorismo e discurso de meritocracia e sucesso por esforço individual. Tanto é verdade que jovens imitando o estilo Neymar (com brinco na orelha, boné, cortes de cabelo, tatuagem, etc.) vem desde o início da década. Neymar está para além da Globo, penso eu, precisa ser estudado como um fenômeno social, para além do marketing, existente, mas não o único nem o principal ponto de partida para a compreensão de sua personalidade e empatia com o povão. Tem razões a empatia entre Neymar e o povão dentro e fora de campo. 
É fácil se prender no discurso mais revolucionário e extremado de esquerda, mas a realidade posta, não é a da Revolução, é a do espelho do povo brasileiro se enxergando nos jogadores da seleção, tendo neles uma referência de alguém do povão que chegou lá, que venceu na Vida, e ele se orgulha dessa vitória. E não podemos ser nós, das esquerdas, geralmente, os mais intelectualizados, a dizer que o povo não pode torcer pela Seleção e pelo Neymar. Deixemos o povo e quem quiser, eu quero, torcer pela Seleção do Brasil! Não é verdade?
O processo revolucionário não é feito abandonando a realidade posta, penso eu, e dizendo que não podemos torcer pelo Brasil porque estamos dando cartaz para os golpistas, estamos torcendo pela seleção falida, desnacionalizada e corrupta da CBF e seu braço direito: a Globo. Não! Estamos torcendo pelo Brasil e pela Seleção brasileira, penso eu.
E a História vai registrar o Brasil campeão do mundo de Futebol e não que veio o hexa na época de Temer e do Golpe. Falamos que o Brasil foi pentacampeão mundial mesmo tendo o terceiro título sido conquistado em plena Ditadura Militar. Talvez, não querer se associar ao povo e sua vontade de torcer pela Seleção seja improdutivo e leve para o campo de jogo uma relação idêntica ao Impeachment, o Brasil do Golpe era verde-amarelo, é o Brasil da Bandeira brasileira e a gente pode, novamente, ser golpeado, perdendo a possibilidade de ter identidade com o povo, ele pode se afugentar de nós, porque confundimos a possibilidade de alegria e festa e reunião com os amigos e churrasco com cerveja com alienação.
Por que não podemos ser o verdadeiro verde-amarelo, e somos, sem abandonar o vermelho? O Golpe é que não é verde-amarelo e, sim! Azul, branco e vermelho.
Claro que para o Sistema é desejável a vitória do Brasil, ainda mais, com a vitória de Obrador no México!
Porém, por que as esquerdas não empunham a bandeira do Brasil, o verde-amarelo junto do vermelho?
Compremos a narrativa do Brasil Campeão associando aos tempos de afirmação, crescimento, soberania e desenvolvimento (com suas dificuldades, falhas e acertos) da Era Lula e Dilma e do PT no Governo Federal!
Eu quero o Brasil campeão mundial! Com Neymar e com tudo!
Neymar é fruto de nossa Educação, mesmo quando da centro-esquerda no Poder, como é o povo brasileiro, que foram educados antes, durante e depois do PT no Poder dentro da lógica do consumo, de uma visão de mundo centrada no eu: “meu” carro, “minha” casa, “meu” diploma, etc. e da busca do sucesso individual.
Quando fazemos a crítica ao comportamento, à megalomania, ao estilo de vida e formação intelectual do Neymar não podemos esquecer que a sua formação educacional para a Vida se deu dentro de um Governo de centro-esquerda.
Neymar tinha 10 anos quando Lula chegou ao Poder e boa parte dos jogadores da Seleção na Copa do Mundo não tinham mais do que 12 anos de idade naquela época; adentraram na adolescência e na fase adulta com a centro-esquerda no Governo Federal.
P.S. O vale-tudo das vendas de estatais e das leis aprovadas de afogadilho, os últimos passos em correria desenfreada do Legislativo e Executivo Federal têm mais a ver com a Eleição do que com a Copa, pós-Copa: começa a campanha eleitoral para valer, precisam entregar o máximo do combinado na "Ponte para o futuro", pois não há certeza de prorrogação do Golpe em 2019 e, ainda, os políticos do Golpe vão se ausentar de Brasília e não querem mais estar no noticiário e redes sociais como vilões da História, vão vestir outro uniforme, agora, de defensores dos interesses dos brasileiros, da classe trabalhadora e do nosso desenvolvimento e crescimento econômico. É a hora do voto! De tentar garantir o foro privilegiado!  -  (Aqui).
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NOTA 
Comentário de Amoraiza:
"Ser alienado ou capitular
Winderson Nunes também é um pobre que deu certo e tem mais de 20 milhões de fãs fiéis de todas as idades, mesmo que as pernas lhe caiam.
Não vejo paredes pintadas com a cara dele, nem camisetas dele, nem patrocinadores bilionários, nem urros desvairados pelas ruas...
Só trabalho, talento e trabalho e o bem estar que ele traz aos seus fãs. A cada calço que lhe dão ele se levanta mais forte, mais sábio e mais humano.
Winderson?
Já ouviu falar?
Ele só tem 23 anos e tem talentos que não envelhecem, diferentemente das pernas de Neymar.
Em dois anos de trabalho já se apresentou em vários países do mundo, já comprou seu avião, já se casou, já faz escolas, filmes, entrevistas, shows, tem voz, vez, influência, humanidade, humildade, inteligência e talento.
Mais que isso, ainda pode se dar ao luxo de nem querer trabalhar em televisão.
O fanatismo pelo futebol é uma  irracionalidade instrumentalizada pelo poder.".

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