sábado, 9 de setembro de 2017

DESDOBRAMENTOS DO CASO JBS

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Na 'conversa de bêbados' de longas quatro horas entre os senhores Joesley e Faud, foi especulada a intenção de o senhor Janot, após concluído o que lhe resta de mandato, acompanhar o procurador Miller no escritório de advocacia para o qual passara a prestar serviços pouco tempo após afastar-se da PGR e de cuja carteira consta/constava a JBS. O senhor Janot, em nota oficial, entre outras coisas negou a 'conversa' sobre seu destino após concluído o seu trabalho na PGR. Mas as nuvens de dúvidas, ao que parece, não teriam sido dissipadas...
A 'Conversa de bêbados', na verdade, 'caiu do céu', visto que poderá servir de base para 'expurgo' dos tropeços em que a PGR teria incorrido desde o início da apuração do caso JBS, culminando na esdrúxula premiação dos delatores - a qual suscitou críticas generalizadas - e na participação, ou não, do procurador Miller como possível orientador da delação. Dessa forma, a perda dos benefícios por conta da delação e a prisão dos senhores Joesley, Faud e Miller (convindo lembrar que o pedido de prisão do procurador foi formulado ANTES mesmo de concluído o seu longo depoimento à autoridade policial) entraram na pauta da Justiça.
A seguir, reproduzimos análise de Luis Nassif relativamente ao pedido de prisão do procurador Miller, formulado por Rodrigo Janot:


JANOT E O PEDIDO DE PRISÃO DE MARCELO MILLER

O pedido de prisão do ex-procurador Marcelo Miller, feito pelo Procurador Geral Rodrigo Janot, é a demonstração definitiva de que Janot é um dos piores caráteres da vida pública nacional. No post anterior fiz algumas brincadeiras sobre o fato de sua fraqueza ser mais responsável pela perda de rumo do que o caráter. Foi apenas um jogo de palavras.
Em tempos passados, atrás da indicação para a PGR, Janot bajulava como podia o então presidente do PT José Genoíno. Uma noite, imerso em uma das libações alcóolicas frequentes, Janot chegou a oferecer sua casa a Genoíno, para se abrigar das intempéries políticas que se abateram sobre ele com a AP 470.
Empossado PGR, sua primeira decisão foi solicitar a prisão de Genoíno, apesar de saber da inocência do ex-amigo.

Com a decisão de pedir a prisão de Miller, Janot coroa sua carreira pública com mais uma traição. Poderá acabar com a vida de um dos mais brilhantes procuradores da sua geração, cujos erros que cometeu estão a léguas de distância de um crime.

A não ser que tenha surgido uma evidência de última hora, tudo o que saiu até agora sobre Miller jamais justificaria medida tão drástica. Liquidar com a vida de um ex-colega foi a forma simples e prática de Janot, para fugir às críticas da mídia e de Gilmar Mendes.

Seu caráter extremamente frágil permitiu esse jogo pavloviano em cima dele. Gilmar Mendes o trata como uma marionete. Basta afirmar que Janot é petista para ligar um choque mental que induz Janot a tomar atitudes drásticas contra o PT, para provar que não é. Passa três dias, Gilmar aperta de novo o botão do petismo e Janot reage da mesma maneira.
Bastou Gilmar, com a leviandade que lhe é peculiar, dizer que Janot e Miller eram ligados para Janot decretar a morte profissional e civil do colega, mandando-o à prisão. 
Pelas explicações dadas até agora, em nenhum momento Miller passou qualquer informação sensível para a JBS, ou sequer teve acesso a informações da Lava Jato. Segundo explica, em algumas notas esparsas de jornais, desde o ano passado estava afastado da Lava Jato, não teve nenhum contato com a Operação Greenfield, e se afastou dos colegas até nos grupos de WhatsApp, para não dar margem a insinuações sobre seu profissionalismo.
Atropelou procedimentos burocráticos, sim. Solicitou afastamento do MPF e teve uma reunião-jantar com Joesley antes que houvesse a publicação do documento aceitando seu pedido. Se for isso mesmo, o máximo de irregularidade foi não ter obedecido a uma medida burocrática, posto que o ato de sair do MPF se materializou no dia em que solicitou o afastamento.
Espera-se que o Ministro Luiz Edson Fachin tenha o bom-senso de impedir esse assassinato de reputação perpetrado por Janot. Equiparar Miller aos barras pesadas da JBS, apenas com base nas conversas mantidas entre eles, seria o cúmulo. Ou puni-lo com prisão pela ousadia de trocar o MPF por um grande escritório de advocacia, extrapola qualquer limite.
E não se trata de demonstração de isenção, de “cortar na própria carne”. A carne da carne de Janot é uma jovem advogada, recém-formada, que, sem experiência alguma, passou a participar dos processos de algumas das grandes empresas envolvidas com a Lava Jato.
Espera-se que o restante da equipe da Lava Jato na PGR, e os procuradores do Rio de Janeiro, onde Miller foi ouvido, não compactuem com esse ato de Janot. É baixaria que marcará indelevelmente por toda a vida o caráter dos autores.  -  (Fonte: aqui).

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À vista da diversidade de opiniões/avaliações, vale sugerir a leitura do post "Lava Jato: os algozes viraram alvos" - AQUI -, em que, entre outros, o caso do procurador Marcelo Miller é abordado.

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