quarta-feira, 19 de abril de 2017

SOBRE RECESSÃO E ESTATÍSTICAS INCONFIÁVEIS


Governo  manipulou dados de crescimento

Por Luis Nassif

Tudo o que a imprensa criticava – com razão – na manipulação dos índices estatísticos do governo Cristina Kirchner, começa a ser praticado pelo governo Michel Temer.
Esta semana, o governo acenou com três boas notícias: a melhoria no índice PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) e PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), medidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central).
O fato foi saudado em manchetes de todos os jornais e ajudou a reforçar a ideia de que o país está à beira da recuperação, e esse movimento poderá ser comprometido pela não votação da reforma da Previdência.

Trata-se de uma manipulação que compromete a imagem do órgão (IBGE), presidido pelo economista Paulo Rabello de Castro.
A pesquisa se baseou em estudos que alteraram as ponderações dos diversos segmentos de comércio e serviços. O correto seria refazer as duas séries a partir de 2014, com a nova metodologia. Seria a maneira correta de calcular as variações de janeiro e fevereiro.
Em vez disso, o órgão só refez 2017. Trata-se de manipulação ampla, anti-científica. Comparam-se dados de 2017, com a nova metodologia, com dados de 2016, com a metodologia antiga. É o mesmo que comparar maçãs e laranjas. E tudo isso sem avisar ninguém, sem apresentar os dados. Apenas hoje, terça (ontem), haveria uma coletiva para anunciar as mudanças.
Como os dois índices entram na composição do IBC-Br, este índice também sofreu os efeitos da manipulação.
Como há técnicos sérios no IBGE, provavelmente começaram a trabalhar na reconstrução das séries a partir de 2014.
Leve-se em conta que é a terceira instituição pública, de produção de dados e análises, a sofrer manipulação por parte de dirigentes colocados pelo esquema Temer. A segunda é o IPEA. A terceira, a EBC, com esse jornalista inacreditável, Laerte Rímoli. (Fonte: aqui).
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De fato, ao que parece, o propósito era o de reforçar o discurso dos patrocinadores das reformas em curso na Câmara. Tipo "Olha, pessoal, os sinais de recuperação são notórios. Precisamos ajudar na consolidação do crescimento econômico. Só depende da gente". Mas, em vista dos últimos acontecimentos, não vem dando certo. As razões da persistência do marasmo devem ser buscadas em águas mais profundas. Muitos sustentam que, sem maciços investimentos públicos, nada feito. Com tresloucadas benesses aos ricos, nada feito. Sem fortalecimento e expansão dos pequenos mercados internos, nada feito. Com um serviço escorchante da dívida pública...

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