O mais trágico nesses casos é depender da boa vontade dos próprios delinquentes, que ofereçam suas informações para se chegar às soluções. Há um livro muito interessante sobre o tema, do professor Wolfgang Naucke, que se refere a algo que merece uma reflexão: o título é O Conceito de Delito Político-econômico."
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"Não acho que a Mãos Limpas tenha a ver com a Lava Jato. A Mãos Limpas não foi uma tentativa de golpe de Estado. Não nos esqueçamos que, se analisamos todos os golpes de Estado militares que aconteceram na região, (veremos que) eles se agarraram em duas bandeiras para se legitimar. Uma era a de (combater a) supostamente descontrolada criminalidade. Outra era a da corrupção. Lamentavelmente, o que verificamos, no final de um século de tristes experiências, é que os maiores casos de corrupção tiveram lugar sob amparo das forças reacionárias. Ao dizer isso, não nego que em tal administração possa haver personagens corruptos que devem ser punidos. Digo que em nenhum caso pode ser um pretexto para que se legitime a desestabilização democrática. A magnificação de casos individuais de corrupção através dos meios massivos de comunicação é um velho recurso golpista, que conhecemos por tristes experiências. Em definitivo, não é mais que o uso de formas estruturais de corrupção para desarmar o potencial produtivo e as relações econômicas das nossas sociedades."
(Do jurista argentino Raúl Zaffaroni, em entrevista ao site Carta Maior - aqui.
A corrupção deve, sim, ser combatida sem trégua. Mas o combate deve incluir todos os casos, independentemente de seus autores e 'apoiadores'. A parcialidade e seletividade reinam no cenário brasileiro, com um escândalo pontificando diuturnamente na mídia e judiciário, enquanto outros seguem desprezados, muitos dos quais já encerrados em razão de um providencial e obsequioso silêncio de quem deveria agir de forma tempestiva e isenta).
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