quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

AP 470: ANDREA HAAS FALA AO ESTADÃO


Para mulher de Pizzolato, 'todos são injustiçados'

Andrea Haas diz que entregará documentos que provam inocência do marido à Justiça italiana

Documentos do processo do mensalão que comprovariam que o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato não cometeu crimes foram entregues a Lorenzo Bergami, advogado do ex-dirigente do BB (preso desde a semana passada na Itália), informou a mulher do condenado, Andrea Haas, com exclusividade ao Estado. A papelada está sendo traduzida para o italiano, supostamente para ajudar a enfrentar o pedido de extradição que o Brasil se prepara para encaminhar ao governo local.

O objetivo da defesa seria demonstrar que o ex-dirigente do BB sofre perseguição política no País, onde não teria tido um julgamento justo, nem legal, no Supremo Tribunal Federal. Pizzolato foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Sempre negou os crimes e, diante da impossibilidade de evitar a cadeia e detentor de nacionalidade brasileira e italiana, fugiu do Brasil em setembro, com passaporte em nome do irmão, Celso, morto em 1978.

"Estamos enfrentando tudo isso", afirmou ela em entrevista na Corso Vittorio Emanuele, depois de visitar o marido na prisão em Sant'Anna, nos arredores de Modena, e passar cerca de meia hora no escritório de Bergami, no centro histórico da cidade italiana. Vestida de preto e de óculos escuros, apesar do dia frio e do tempo que alternava pouco sol com chuva fina, Andrea - arquiteta sem formação jurídica - expôs com calma sua visão do processo, que estudou por mais de um ano, na tentativa de ajudar o marido a evitar a cadeia.

Citando documentos de memória, disse que o marido não liberava recursos do Fundo Visanet, cujo dinheiro não seria público (o que descaracterizaria o peculato), nem teria sido desviado, já que os pagamentos têm comprovantes. "Este processo é político", disse ela, que criticou os ex-procuradores-gerais da República Antonio Fernando de Souza e Roberto Gurgel e o presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do processo, Joaquim Barbosa, além de citar dirigentes do Visanet e do BB à época que não foram chamados pela Justiça.

Como está o seu marido?
Ele está bem. Não está feliz, mas estamos enfrentando tudo isso. Foram encaminhados para o advogado documentos do processo no STF.

Pizzolato se sente abandonado pelo PT?
Ele... Todos os réus foram injustiçados. O PT não tem posição. São pessoas do partido que falam.

Que documentos foram encaminhados ao advogado?
O regulamento do Fundo Visanet, o Laudo 2828 da Polícia Federal, as auditorias no fundo e outros. Estão sendo traduzidos.

O que diz o regulamento do Fundo que favoreceria a defesa de Pizzolato?
Diz que o dinheiro era da Visanet, um fundo de marketing. Mostra que não é um fundo de investimento. Quando foi feita a denúncia em 2006, o procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza escreveu que o Visanet era um fundo de investimento. Qual foi o documento em que Antonio Fernando se baseou para dizer que o Visanet era um fundo de investimento? Desde quando a Visa tinha fundo de investimento? Ela não era credenciada para isso... Dizer que o Visanet era um fundo de marketing é uma mentira. E o procurador que sucedeu a Antonio Fernando, Roberto Gurgel, manteve isso. (...).

(Clique aqui para continuar a leitura do post. Entrevista concedida por Andrea Haas a Wilson Tosta, do Estadão).

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Salvo pequenos equívocos, como a frase "Dizer que o Visanet era um fundo de marketing é uma mentira" (na verdade, Andrea quis dizer 'fundo de investimento'), a entrevista é em boa parte esclarecedora, ou ao menos traz pontos capazes de insinuar o 'in dubio'. Caso Pizzolato tenha a sorte de ver seu processo analisado pela Justiça italiana - o que requererá árdua batalha -, juízos surpreendentes, para muitos, poderão vir à tona.  

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