quinta-feira, 16 de junho de 2011

OITO A ZERO



8 X 0

Por Marco Aurélio Mello
Do blog DoLadoDeLá

Fumar maconha é bom. Que o digam todos os que já experimentaram os efeitos da "droga". Mas como qualquer outro entorpecente oferece riscos. O maior deles, na minha opinião, é a dependência. Depender é sempre ruim. Nada como a liberdade de escolha, e a dependência nos tira o direito de escolher. Vejo por exemplo os fumantes, agora que foram segregados e só podem fumar ao ar livre. É uma angústia tremenda, porque eles passam boa parte do seu tempo útil calculando o intervalo entre um cigarro e outro e se vão ou não estar disponíveis para alcançar um local onde seja permitido fumar. Vivi essa escravidão na pele antes de abandonar o vício. É um sofrimento.

No entanto, nada se compara ao álcool. Simplesmente porque é uma droga aceita livremente em qualquer ambiente, inclusive em família, e disponível em qualquer esquina. Em excesso o álcool tem um poder destruidor enorme. Está associado à violência doméstica, acidentes de trabalho, de trânsito e a todos os tipos de crimes. É uma droga legalizada. Os jovens se identificam com ela e cultuam eventos onde exceder o consumo é a regra. São poucos os que conseguem moderar, principalmente porque na adolescência moderação é sinônimo de caretice.

A decisão do Supremo Tribunal Federal de permitir marchar pela maconha é muito bem-vinda. Abre caminho para se discutir a legalização sem hipocrisia e sem preconceito. Antes fumar maconha num café e ficar relaxado, tranquilo, em comunhão (que é como o consumo em grupo tem demonstrado ser) a "encher a cara" com os amigos e flertar com os perigos que o álcool impõe a toda a sociedade. Além do mais, legalizar significa tirar poder do crime organizado, transformar a questão em caso de saúde pública, não de polícia. E encarar o problema de frente, sem varrer para debaixo do tapete, que é como nossa sociedade tem se comportado.

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Texto lido (por mim) originariamente no blog ContextoLivre.

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