sexta-feira, 26 de julho de 2019

PORTO RICO E O BRASIL

'Desembargador do TRF4 quebra o silêncio e lembra que, por menos do que aconteceu com Moro, o governador de Porto Rico renunciou', informa a mídia (aqui): O desembargador Jorge Antonio Maurique observa, com pertinência, que "impressiona que não haja indignação no mundo jurídico com o conteúdo (das mensagens até aqui divulgadas pela Vaza Jato), e sim com a forma (como foram levadas a público)", ao passo que em Porto Rico teria bastado o vazamento de mensagens a jornalistas por parte do governador para que a punição acontecesse. (Vai ver, em Porto Rico não houve conivência e/ou omissão de certas instâncias relativamente às irregularidades praticadas pelo ex-dirigente...). 
(GGN)
Porto Rico é o modelo do novo Brasil
Por André Araújo
Porto Rico é um Estado associado aos Estados Unidos, mas não faz parte dos EUA. Seus cidadãos podem votar para Governador, mas não para Presidente.
No entanto, a elite porto-riquenha acha que isso está bom demais e nem pensa em ser um País independente. Tem nesse ponto a mesma visão da elite brasileira, especialmente daquela ligada ao mercado financeiro, que está muito bem, a recessão não só não incomoda mas a favorece, o lucro dos bancos cresce sem falha todos os trimestres desde o começo da recessão, o ambiente neoliberal torna possível vender todos os bens do Estado com ligeireza, pedaços da PETROBRAS sem leilão, licitação, avaliação pública, os comandantes da economia brasileira, todos especuladores do Leblon que nunca produziram um tomate, podem vender o que quiserem, pelo preço que quiserem a quem quiserem, segundo cheque em branco que lhes foi dado pelo STF, pelo qual podem vender todo o patrimônio das estatais, até a última mesa e cadeira, desde que não vendam o CNPJ e  placa na porta.
Como é possível um grande País entregar o CONTROLE TOTAL de sua economia a indivíduos sem qualquer experiência anterior de serviço público, sem um livro publicado, sem que tenham se destacado pela vida em alguma produção intelectual no campo da política econômica, só conhecem pela pratica mesa de câmbio e bolsa, não tem nada a ver com administração complexa de uma das maiores nações do planeta, não tem QUALQUER interesse em políticas públicas de educação, saúde, renda de sobrevivência dos miseráveis, tudo isso é estranho a seu mundo O que eles vão fazer?
Vão vender ativos que pertencem a toda população brasileira PORQUE É SÓ ISSO QUE ELES SABEM FAZER, vão também garantir o pagamento de juros da dívida pública, já que eles são os credores dessa dívida, por isso é fundamental a REFORMA DA PREVIDÊNCIA, para gerar dinheiro para os credores.
Que essa autorização tenha sido aprovada pelo STF, sem a mínima reação do Congresso, do Tribunal de Contas da União, das Forças Armadas ou de qualquer outra instituição da República, é a prova final da abdicação de qualquer noção ou interesse das elites em manter um País soberano.
Que tal o Congresso aprovar uma moção de oferecimento a Washington para o Brasil ser Estado associado aos EUA, na categoria de Porto Rico?
A dificuldade vai ser os EUA aceitarem a oferta, mas tenho uma ideia. Trump quer varrer dos EUA os imigrantes “indocumentados”, aqueles que mesmo estando no País há 20 ou 30 anos não tem “green card”. O Brasil pode ser a solução, em troca de nos aceitarem como ESTADO ASSOCIADO (com deveres, mas sem direitos) o Brasil recebe os 10 ou 15 milhões de indocumentados, podemos colocá-los na Amazônia devastada, vai ter espaço.
AS ELITES DO EIXO GALEÃO-MIAMI
A partir da entrega da política econômica aos “economistas de mercado”, que odeiam o Estado e que fizeram cursos nos EUA, grande parte com bolsas pagas pelo Estado, como Paulo Guedes, foram criadas  as sementes de uma “nova elite” que hoje governa o Brasil e que NÃO TEM LEALDADE ALGUMA COM O PAÍS, COM SUA HISTÓRIA, COM SEUS POBRES, COM A IDEIA DE NAÇÃO E ESTADO BRASILEIRO. Só não estão morando definitivamente em Miami porque é muito mais fácil ganhar dinheiro no Brasil, com um Banco Central operando para Nova York 24 horas do dia, que desconhece o tema DESEMPREGO.
Mas o que tem a ver essa elite do mercado financeiro com as elites fora dele? Tudo. O poder e a glória do mercado financeiro influenciam as demais elites, que ficam fascinadas com o dinheiro que gira na Faria Lima, no Leblon, na turma dos clubes de golfe e são mimetizadas pela elite maior, a das finanças.
Tudo isso não é tão novo. Quando, a partir do ninho do Plano Real, apareceu na cena política esse grupo de economistas, houve uma mudança de patamar, de palco, de alma, de roteiro da vida nacional. O Brasil perdeu identidade e passou a ser governado PARA FORA. Os governos do PT nem tocaram no comando do Banco Central por esse grupo,  o PT foi apenas um “biombo” atrás do qual o “grupo de mercado” geria o País, tanto que foi facílimo derrubar o PT quando o “biombo” se tornou redundante, o domínio do “grupo do Leblon-Faria Lima” já era tão profundo que o PT podia ser descartado com um sopro.
O PARALELO DA CHINA
Um grande País na primeira metade do Século XX foi governado “PARA FORA”. Foi a China. Até a Revolução de 1949 o Estado chinês era uma ficção.
Até a invasão japonesa de 1933 (sem declaração de guerra) Shangai tinha bairros controlados por países, onde era vetada a entrada de chineses, havia juízes ingleses em Shangai e a moeda era emitida por um banco inglês. Um governo fascista e corrupto garantia as ruas.  Foi só em 1949 que se criou um Estado chinês de fato, que é o mesmo Estado da China atual. Países sem Estado não são novidade na História, basta não ter elite digna desse nome.
O BRASIL ESTADO ASSOCIADO
Não se atribua ao presente Governo a perda de soberania. O processo é muito anterior e começa no Governo FHC e sua adesão a um neoliberalismo tardio, que ignora as condições reais do País, este jamais será um País sem fortes políticas públicas, com espaços para o mercado, MAS não com o domínio do Estado pelo mercado, como se dá agora. A ousadia de se entregar a um especulador de bolsa o comando da economia do País é apenas mais uma etapa do processo. A falta absoluta de líderes nacionais nas instituições não é causa, já é sintoma de um processo anterior de abandono da soberania.  -  (Aqui).

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