domingo, 6 de novembro de 2016

UM POUCO DE HISTÓRIA: PRIMÓRDIOS DO POLITICAMENTE CORRETO


Wilson e a saga do politicamente correto

Por André Araújo

Sob a capa das boas causas imensos males são causados na História. O Presidente dos Estados Unidos Woodrow Wilson pode ser considerado o pai moderno da "política de causas", conceito oposto à política da realidade ou "realpolitik" na expressão germânica. Vem de um conceito que nasceu com Maquiavel e foi aperfeiçoado por Talleyrand, Metternich e Bismarck.
Ao fim da Primeira Guerra, tendo os EUA nela entrado no penúltimo ano, Wilson foi uma espécie de árbitro da paz.
Como os EUA estavam em melhor situação política e econômica dos que as potências europeias dilaceradas pela guerra, Wilson sentiu-se o "paladino da paz".  Nesse papel de apóstolo de causas criou as bases "morais" e irrealistas da paz na Europa, os chamados "14 PONTOS", uma cartilha de boas intenções, (a milhas e milhas) da realidade possível.
Com base nos seus princípios de uma nação para cada povo, criaram-se nações inviáveis e estopins de guerras futuras, como a Tchecoslováquia e a Iugusolávia. Wilson tinha horror aos impérios centrais, enfraqueceu a Alemanha, enterrou o Império Austro Húngaro e esfacelou o Império Otomano. Nos seus vácuos preparou-se a Segunda Guerra.
Wilson foi também o fundador da doutrina da "transparência": os governos não deveriam ter segredos, tudo precisaria ser levado ao conhecimento do povo; proibiu os "protocolos secretos" essenciais aos Tratados.
Nasceu com Wilson a política exterior de causas contra a diplomacia realista herdada de Talleyrand e Metternich.
Seus esforços delirantes e de um mundo de Poliana não foram aprovados pelo seu próprio Congresso. O Tratado de Versalhes, a constituição da paz na Europa e a Liga das Nações, eixo central de sua política de causas, não foram validados pelo Congresso de seu próprio Pais. Os EUA não acreditaram na obra de seu Presidente.
O princípio do "politicamente correto" é o ninho da serpente das cruzadas moralistas, das "primaveras democráticas" americanas que hoje desintegraram o Oriente Médio. Ao combater um tipo de mal (Sadam, Kaddafi e Assad) criaram males muito maiores que aqueles que visavam combater.
O pior é que o "politicamente correto" nascido nos Estados Unidos contaminou o mundo. Eles deram força excessiva a minorias e moralistas e, na esteira, provocam a implosão de Estados Nacionais hoje divididos como nunca.
Jimmy Carter foi herdeiro de Wilson e igualmente governou por "causas"; avaliado como mau Presidente até hoje.
Wilson teve um fim complicado. Sofreu um derrame mas não deixou a Presidência. Por um certo tempo, até o fim de seu mandato, o Pais foi governado por sua segunda esposa, Edith Bolling, que passava aos Ministros as supostas ordens de Wilson que só ela conseguia captar.
Na História da humanidade mais massacres, destruições, revoluções e rupturas de sistemas políticos foram causadas por "apóstolos moralistas" do que por tiranos. O tirano costuma ser racional na sua ambição, já o cruzado moralista, inspirado por fervor cívico-religioso, não mede o mal que causa em nome de sua visão apoteótica, sempre irrealista. (Fonte: aqui).

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" ... o cruzado moralista, inspirado por fervor cívico-religioso, não mede o mal que causa em nome de sua visão apoteótica, sempre irrealista."

O trecho traz à mente as falcatruas perpetradas por empreiteiros contra a Petrobras, cujas empresas, por sua pujança, alçam (ou será alçaram?) o Brasil a posição de destaque no cenário internacional. Acontece que as punições contra os espertalhões repercutem sobre as empresas das quais são titulares, e são imensas as dificuldades de essas empresas, por exemplo, firmarem acordos de leniência, face a obstáculos criados por 'cruzados moralistas', míopes quanto aos interesses nacionais. 

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