quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
DA SÉRIE EPISÓDIOS CURIOSOS DA LAVA JATO (II)
"A sessão diária de piadas mórbidas da Lava Jato não terminou.
Hoje, Paulo Roberto Costa, o ladrão-mor da Petrobras, apresentou uma defesa comovente.
Disse que “sucumbiu às exigências partidárias” e virou ladrão para poder ser diretor da empresa.
Tadinho.
“Infelizmente, infelizmente – eu me arrependo amargamente, porque estou sofrendo isso na carne, estou fazendo minha família sofrer –, infelizmente, aceitei uma indicação política para assumir a Diretoria de Abastecimento. Infelizmente. Estou extremamente arrependido de ter feito isso! Se tivesse oportunidade de não o fazer, não faria novamente isso.”
Chega a dar pena…
Qualquer hora vão dizer que Paulo Roberto Costa, consumido pelas amarguras e pelo sofrimento da família – afinal, não é desgostoso ver mulher, filhas e genros todos faturando alto em negociatas? – foi a um igreja e confessou-se ao padre.
Saiu dali decidido e foi, de braços estendidos, ao Juiz Sérgio Moro, pedindo: algeme-me, Excelência, eu pequei…
Ninguém rouba obrigado, senão sob a mira de armas ou porque a fome corta o estômago.
Muito menos rouba dezenas de milhões de reais, bota em contas no estrangeiro, vive à tripa forra.
O ladrão de um transeunte “merece” – não é, Sheherazade? – ser linchado, mas o ladrão Costa é capaz de receber um monumento.
“Roubei obrigado para realizar meu sonho de ser diretor”.
Ora, vá plantar batatas, seu Costa.
Ao longo de sua história, a Petrobrás teve dúzias e dúzias de diretores que não roubaram.
Vá ver como vive o Guilherme Estrela, o homem que descobriu o pré-sal, vá!
Mas Costa não é o pior.
Pior que ele são os “homens honestos” que compactuam com esta pantomima.
Uma gente que apregoa a moral, mas se desmancha em rapapés a um canalha deste tipo.
Um ladrão e um ladrão que rouba o povo brasileiro e que faz este teatro nojento de se dizer “arrependido”, embora, claro – Deus nos livre! – não tenha se jogado pela janela.
Alguém aí quer apostar que Costa - logo, logo - estará livre, leve e solto?
Que não vai, como nós, mortais, ter de armar uma barraquinha de camelô, para dar de comer à família?
Não, tanto que pagou uma fiança de R$ 5 milhões para poder comparecer, livre, ao Juízo.
Paulo Roberto Costa está, escancaradamente, comprando a sua absolvição, na prática.
Que um bandido tente isso, é, reconheço, compreensível.
Que a Justiça do meu país e o jornalismo, que é minha profissão, aceite isso, candidamente, embrulha meu estômago."
(De Fernando Brito, em seu blog, post intitulado "O cúmulo da desfaçatez: 'Roubei porque fui obrigado', diz o ladrão Costa" - aqui.
Paulo Roberto Costa, corrupto confesso, pleiteia perdão judicial. Curioso é, mas não absurdo, ao menos na cabeça dele, que poderá estar pensando: "Roubei sim, mas depois confessei, e disse tudo sobre meus atos, e mais: disse até mais, exatamente o que queriam ouvir... No fundo, sou um virtuoso! Como sempre fui um bom frasista - ainda hoje me orgulho de a imprensa ter destacado diversas anotações espirituosas que ao longo do tempo registrei em documentos apreendidos pela Justiça! -, aproveito para lembrar: Perdão judicial também foi feito pra gente pleitear".
De fato, comovente).
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário