quarta-feira, 21 de novembro de 2012

DA COSTA E SILVA


Post de autoria de Maria Rita, publicado no blog Luis Nassif (ajustei o poema para o 'formato' soneto, como originalmene concebido e publicado nas Poesias Completas do poeta, de 1985, ano do centenário de seu nascimento, livro organizado por seu filho, o, entre muitos atributos, diplomata Alberto da Costa e Silva):

Poema Saudade, de Da Costa e Silva

Minha irmã mandou essa mensagem para a família e achei interessante a breve história desse poeta que encantava meu pai.

"Gente, encontrei o soneto que era um dos favoritos do nosso patriarca. É de autoria de Da Costa e Silva, nascido em Amarante, Piauí. Da Costa e Silva era uma pessoa muito inteligente e tentou entrar para o serviço diplomático. Porém, contudo, todavia, o Barão do Rio Branco disse que o poeta, apesar de ser um homem muito capaz, era muito feio, e que ele não queria gente feia no Itamaraty. Que horror, parece que fizeram algo igual com o Lima Barreto. Bom, o soneto é lindo, se chama Saudade, e diz assim:

SAUDADE
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Saudade! Olhar de minha mãe rezando,
E o pranto lento deslizando em fio...
Saudade! Amor da minha terra... O rio
Cantiga de águas claras soluçando.
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Noites de junho... O caburé com frio,
Ao luar, sobre o arvoredo, piando, piando...
E, ao vento, as folhas lívidas cantando.
A saudade imortal de um sol de estio.
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Saudade! Asa de dor do Pensamento!
Gemidos vãos de canaviais ao vento...
As mortalhas de névoa sobre a serra...
.
Saudade! O Parnaíba – velho monge
As barbas brancas alongando... E, ao longe,
O mugido dos bois da minha terra...
 
 
Eu decorei este soneto porque era um dos preferidos do nosso pai. Acho que trazia lembranças da infância e juventude dele."
 
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Na fonte - aqui -, comentários sobre o autor de Saudade e seu filho Alberto. Quanto ao jornalista e escritor Afonso Henriques de Lima Barreto, não me consta que tenha passado por constrangimento idêntico ao acima atribuído a Da Costa e Silva, relativamente ao rei do Itamaraty, Barão do Rio Branco. Lima, mulato, caso pleiteasse ingresso na casta, certamente passaria pelo dissabor.

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