sábado, 10 de setembro de 2022

DEU EM THE ECONOMIST

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O que diz a Wikipedia (em resumo) sobre a conservadora revista The Economist: "The Economist é uma publicação inglesa de notícias e assuntos internacionais de propriedade da The Economist Newspaper Ltd. e editada em sua sede na cidade de Londres, no Reino Unido. Está em publicação contínua desde a sua fundação por James Wilson, em setembro de 1843"...


No DCM:
A nova edição da revista britânica The Economist veio acompanhada de uma nova provocação ao presidente Jair Bolsonaro (PL). A manchete o chama de “o homem que seria Trump”. Logo abaixo, o destaque “Bolsonaro prepara sua Grande Mentira no Brasil”, fazendo referência ao apelido dado à tentativa de golpe do ex-presidente americano Donald Trump, ao afirmar que venceu Joe Biden nas eleições no país.

“Ganhando ou perdendo, Jair Bolsonaro representa uma ameaça à democracia brasileira”, diz o editorial, alertando que “todos os sinais são de que ele vai perder a eleição e dizer que ganhou”.

A mensagem parece ter dois alvos: o governo americano e os militares brasileiros.

“Serão algumas semanas tensas e perigosas. Outros países deveriam apoiar publicamente a democracia brasileira, e discretamente deixar claro para os militares brasileiros que qualquer coisa parecida com um golpe faria do Brasil um pária”, diz o texto.

A revista acrescenta que Bolsonaro “está prestes a perder a eleição”, mas certamente não vai “sair em silêncio”.

Confira o texto traduzido na íntegra:

O Homem Que Queria Ser Trump

"Uma razão para se preocupar que Bolsonaro possa tomar emprestado uma página da cartilha sem princípios de Trump é que ele já fez isso antes. Ele semeia a divisão: o outro lado não é apenas errado, mas mau. Ele descarta as críticas como “notícias falsas”.

Seus instintos são tão autoritários quanto os de Trump: ele fica nostálgico sobre os dias do regime militar no Brasil. Um de seus filhos, que também é um de seus conselheiros mais próximos, aplaudiu abertamente os manifestantes do Capitólio.

Bolsonaro foi um dos últimos líderes mundiais a aceitar que Biden havia vencido.

Bolsonaro, anteriormente um intrometido do Congresso de boca suja, foi eleito presidente em 2018 em uma onda de fúria anti-establishment.

Para realizar essa façanha improvável, ele aprendeu truques com outro forasteiro desbocado e amplamente subestimado.

O mais importante deles foi o uso habilidoso e mentiroso das mídias sociais.

Ele continua sendo o mestre incontestável do Brasil nisso e, assim, convenceu seus apoiadores de duas coisas.

Primeiro, que, se ele perder, é prova de que o voto foi injusto.

Segundo, que uma vitória de seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva, entregaria o Brasil ao diabo. Na realidade paralela que Bolsonaro construiu…

O presidente Lula fecharia as igrejas brasileiras, transformaria o país em um narcoestado e incentivaria os meninos a usarem vestidos. Isso é bobagem.

Lula é um esquerdista pragmático e foi um presidente bastante bem-sucedido entre 2003 e 2010. Impulsionado pelo boom das commodities, ele presidiu o aumento da renda e uma grande expansão do estado de bem-estar social.

O boom entrou em colapso depois que ele deixou o cargo, e sua sucessora e protegida, Dilma Rousseff, sofreu impeachment em meio a um vasto escândalo de corrupção que remonta há anos. O próprio Lula foi considerado culpado de aceitar suborno, embora suas condenações tenham sido rejeitadas posteriormente e ele negue irregularidades.

Em suma, ele está longe de ser o candidato dos sonhos, mas está dentro do normal – e é um defensor da democracia.

Bolsonaro, por instinto, não é. Ele pode operar dentro de um sistema democrático, mas está constantemente procurando maneiras de escapar de suas restrições. E a preocupação é que o sistema que o restringe seja menos robusto do que aquele que limitou Trump.

É inconcebível que os militares americanos promovam um golpe, mas o último regime militar do Brasil só terminou em 1985.

O exército está profundamente enraizado no governo e fez perguntas sobre o sistema de votação. O país está fervilhando de conversas sobre um possível golpe. Provavelmente não vai acontecer, mas algum tipo de insurreição pode.

Bolsonaro incita rotineiramente a violência. Mais de 45 políticos foram assassinados nos primeiros seis meses de 2022. Os seguidores de Bolsonaro estão mais bem armados do que nunca: desde que ele subiu ao poder o número de armas em mãos privadas dobrou para 2 milhões. Se o tribunal eleitoral do Brasil anunciar que Lula venceu, bolsonaristas armados podem atacar o tribunal.

A questão então é de que lado as forças policiais militares, com quase 400.000 homens ao todo, que deveriam manter a ordem, ficariam.

Eles gostam de gatilho e gostam de Bolsonaro, que propôs uma lei de escudo para policiais que matam suspeitos.

Alguns podem se mostrar mais leais a ele do que à constituição brasileira. Se houver caos nas ruas, Bolsonaro pode invocar poderes de emergência para adiar a entrega do poder.

Assim, ele representa uma ameaça tão grande para a maior democracia da América Latina quanto para a maior floresta tropical do mundo. (Em seu turno, o corte e queima da Amazônia foi 70% mais rápido do que antes, porque ele não faz quase nada para detê-lo.) E aconteça o que acontecer, ele e seu movimento não vão desaparecer. Ele aprendeu com Trump como tirar influência e poder das garras da derrota.

Quando candidatos normais perdem eleições, seus partidos tendem a trocá-los por alguém novo.

Quando Trump perdeu, por outro lado, ele disse a seus principais apoiadores que eles haviam sido roubados e transformou essa Grande Mentira em um grito de guerra. Ela une seu movimento e lhe dá um estrangulamento sobre o Partido Republicano: dificilmente alguém que nega isso pode ganhar uma primária republicana.

A mesma Grande Mentira pode fazer de Bolsonaro o político de oposição mais influente do Brasil.

Sua base – cristãos evangélicos, proprietários de armas e agro que se sentem superregulados e vulneráveis ​​a invasões de terras – podem ficar com ele, convencidos de que ele é o legítimo presidente do Brasil.

Seus apoiadores na legislatura e nos estados podem prejudicar a capacidade de Lula de governar. O Brasil pode ficar cada vez mais dividido.

O melhor resultado seria Bolsonaro perder por uma margem tão ampla que ele não pode alegar plausivelmente ter vencido, seja no primeiro turno em 2 de outubro, ou (mais provavelmente) em um segundo turno em 30 de outubro. Serão algumas semanas tensas e perigosas. Outros países deveriam apoiar publicamente a democracia brasileira, e deixar claro para os militares brasileiros que qualquer coisa parecida com um golpe faria do Brasil um pária. Os eleitores brasileiros devem resistir à atração de um populista sem vergonha.

Eles, e seu país, Brasil, merecem melhor."  -  (Aqui).

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Calma, os virtuosos parecem convencidos de que não necessitarão recorrer a alguma alternativa heterodoxa: estariam se empenhando em vencer dentro das quatro linhas da Constituição (que por sinal traz o abençoado artigo 142, manipulável ao gosto do freguês...) e por essa razão vão avançando deliberadamente os sinais, já tendo inclusive bancado e aprovado propostas cujas benesses perdurarão até o fim do ano (nããããão, não são eleitoreiras!) e quase todo dia anunciam novos penduricalhos. Mas tudo dentro dos ditames, sabe?

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