domingo, 6 de fevereiro de 2022

MINISTRO DO TCU INTERROMPE A TACADA DO SÉCULO, POR LUIS NASSIF

Após inteirado da bandalheira em curso, um grita: "Joaquim Silvério dos Reis e Calabar eram aprendizes.", ao que o outro completa: "Cadeia para os vendilhões da Pátria!", e alguém puxa a memória: "Há pouco tempo atrás, teríamos carros de polícia nas portas da Eletrobrás!"


A reportagem de Murillo Camarotto, do Valor Econômico, teve manchete de impacto: “Privatização da Eletrobrás pode ser comprometida por erro gigantesco”.

A conclusão é do Ministro Vital do Rego, do Tribunal de Contas da União, que menciona “falha metodológica”, “subavaliação gigantesca”.

O relator do caso, Ministro Aroldo Cedraz, havia apresentado seu voto com ressalvas, dentre as quais o valor da outorga, definido em R$ 23,2 bilhões.

A “falha metodológica” estava ligada à não precificarão da geração de energia pela empresa. A “falha”, no caso, representaria o maior assalto a bem público da história do país. 

No ano passado, quando Vital do Rego pediu vista do processo, o Ministro Walton Vasconcelos, criticou-o, por passar ao mercado a impressão de que a Eletrobrás não seria privatizada – segundo relata a reportagem.

É inacreditável que esse golpe só tenha sido provisoriamente suspenso por um pedido de vista. No dia 22 de agosto de 2017, GGN já havia revelado essa trama.

Dizia-se:

“A avaliação de R$ 20 bilhões equivale a menos da metade de uma usina como Belo Monte. A Eletrobrás tem 47 usinas hidroelétricas, 114 térmicas e 69 eólicas, com capacidade de 47.000 MW, o que a faz provavelmente a maior geradora de energia elétrica do planeta. É uma empresa tão estratégica quanto a Petrobrás.

A Eletrobrás está sendo construída desde 1953 e exigiu investimentos calculados em R$ 400 bilhões do povo brasileiro. Além da capacidade geradora, que equivale a meia Itaipu, a Eletrobrás controla linhas de transmissão, seis distribuidoras e a Eletronuclear, empresa estratégica que detém as únicas usinas nucleares brasileiras”.

(…) O comprador com toda probabilidade será um grupo chinês que por 20 bilhões de reais assumirá o provavelmente maior parque de geração hidroelétrica do planeta. É realmente inacreditável o nível de improvisação, cegueira estratégica, leviandade suspeita atrás desse tipo de decisão de quebra-galho financeiro.

Nos EUA, o parque hidroelétrico, que corresponde a 15% da matriz energética, é estatal federal, porque lá se acredita que energia elétrica, que envolve recursos hídricos, é de interesse nacional e não pode ser privada. Lá há muito cuidado com água, rios e represas, e nunca se pensou em privatizar”.

No dia 13 de setembro de 2017 voltamos ao tema.

Na privatização do governo FHC, a análise de preços se baseava no fluxo futuro de resultados da empresa, trazidas a valor presente mediante determinada taxa de juros. As espertezas consistiam em considerar o fluxo de caixa histórico, com todas as amarras a que as empresas estavam submetidas enquanto estatais, e manipular a taxa interna de retorno – colocada em níveis extremamente elevados para depreciar o preço.

Agora, não: é manipulação na veia.

Os cálculos e projeções apresentados para avaliar o preço se baseiam nos valores contábeis dos ATIVOS e PASSIVOS de balanço.  Trata-se de um engodo monumental, uma metodologia que a 3G – que elaborou os estudos – jamais utilizou em qualquer processo de fusão e aquisição de mercado, porque não tem valor nenhum. O que sempre valeu foi a projeção de resultados, ajustados por fatores como risco e volatilidade das ações.

Continuava o artigo:

Para efeito de comparação, a Usina São Simão, da CEMIG, antiga, com 1.710 MW de potência instalada, teve uma concessão vendida há três meses por R$ 7,1 bilhões. Esse valor não estava em nenhum balanço. Por uma regra de três simples, apenas as concessões da Eletrobrás deveriam valer R$ 289 bilhões. Esses valores não entram nas projeções do valor da privatização. Como se não existissem economicamente.  -  (Fonte: Jornal GGN - Aqui).

2 comentários:

Maria Lucia disse...

Este Nassif é muito bom e o editor do blog também! Abraços

Maria Lucia disse...

Este Nassif é muito bom e o editor do blog também! Abraço