domingo, 1 de outubro de 2017

MACHADO, O PAPA (NÃO SÓ) DA CRÔNICA


As crônicas de Machado de Assis, eterno há 101 anos 

Por Gilberto Cruvinel

O romancista mais original que o Brasil teve foi, sabemos, praticamente o inaugurador da crônica em jornal. Morto a 29 de setembro, há exatos 109 anos, Machado escreveu crônicas na imprensa carioca do século XIX por mais de 50 anos. Testemunhou grande parte do segundo reinado, a abolição da escravatura e o início da república. Deixou registradas nos jornais as características humana, social e política do Brasil da segunda metade do século XIX.

“Houve uma coisa que fez tremer as aristocracias mais do que os movimentos populares, foi o jornal, hóstia social da comunhão pública. Depois uma reflexão, um braço que se ergue, um palácio que se invade, o sistema que cai.”

Ao contrário de muitos de seus contemporâneos, entre o idealismo da juventude e o ceticismo da maturidade, Machado foi fiel aos seus princípios, não fez da imprensa uma tribuna,  mantendo-se a uma distância crítica do poder e da política, sem no entanto ausentar-se da história.
É Daniel Piza, biógrafo de Machado, que nos diz: “Quando você coloca o Machado como alguém meio flutuando acima do tempo dele, é a maior mentira que você pode cometer sobre o Machado.” A escritora e também acadêmica Nelida Piñon situa com precisão esta falsa polêmica: “Muitas pessoas, à guisa de critica, dizem que ele era excessivamente cauteloso, quase como se dissessem que ele ficava em cima do muro, o que é uma noção tão equivocada da grandeza humana e desse retrato moral de Machado. O que estão reclamando [os que fazem essa crítica] era uma posição partidária que é fugaz, é efêmera. Ele tinha postura política.”
O documentário “Machado de Assis – A Crônica e a História” da TV Senado resgata a atividade de cronista do escritor.

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